𝟎𝟎𝟏 | Show De Horrores

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Ele segue o seu superior pelo corredor sombrio e gelado do subsolo, onde as luzes fluorescentes piscam e zumbem. As botas de Carver ecoam no chão de concreto, como se anunciassem a sua autoridade e urgência.

— E os sobreviventes de Houston, Carver? Não devemos nos preocupar se eles souberem algo sobre o governo? — Roger indaga, tentando acompanhar o ritmo acelerado de Carver.

— Isso é assunto para depois! Agora temos que resolver um problema mais grave! — Carver retruca, sem diminuir a velocidade. O seu casaco escuro e longo se agita atrás dele, criando um contraste com seus olhos escuros. — Um helicóptero não autorizado pousou perto do campo MLT.

— Quem era o piloto? — Ele pergunta, observando o rosto de Carver. O cabelo dele é cortado rente nas laterais e na nuca, deixando apenas uma mecha mais longa no topo da cabeça, que ele penteia para o lado com uma leve franja.

— Esse é o problema! O piloto sumiu! — Carver revela, com uma expressão de raiva e frustração. — Houve uma violação de segurança!

— Qual a violação? — ele franze o cenho.

— Algo muito valioso desapareceu! Eu preciso recuperar! — Carver afirma, com uma voz firme e determinada. Ele chega à porta elétrica e passa o cartão de acesso no aparelho. A porta se abre com um estalo metálico, e ele entra sem hesitar.

EUA - Georgia - 6 de junho de 2016

A luz tênue do sol das seis da manhã fende a escuridão, mas não é capaz de aquecer o ambiente naquela manhã fria. O ar gélido invade o quarto de Christian, que desperta com o chamado de sua mãe, exigindo que se levante para ir à escola.

Ele abre os olhos castanhos, pregados pelo cansaço, e se espreguiça preguiçosamente sobre a cama. Com esforço, veste o uniforme azul-escuro e preto, com o nome da escola bordado no peito, enquanto tenta domar os fios rebeldes de seu cabelo negro. Em seguida, caminha sonolento até a cozinha, onde o aroma reconfortante de café fresco e pão recém-assado o recebe.

Ele se senta à mesa de madeira, os olhos vagando pelas cadeiras vazias ao redor. A solidão daquele instante é interrompida pela visão de sua mãe, ocupada na pia, lavando uma xícara.

— Cadê o Charles? — pergunta ele, com um bocejo, referindo-se ao irmão dois anos mais velho, que estuda na mesma escola.

— Tá com dor na perna de novo, vai ficar de cama hoje. — A mãe responde, sem desviar o olhar da louça que ensaboa.

— Acho que também tô! — Christian morde um pedaço de pão, que tem o sabor insosso de isopor, e fala de boca cheia. — Posso ficar em casa hoje? Não vai ter aula, é só festa por causa do aniversário da escola.

Ela se vira para encará-lo enquanto seca as mãos com um pano.

— Para com isso, você vai! Vai ser bom para você, socializa um pouco! Come e escova os dentes, logo seu pai te leva antes de ir trabalhar. — Ela diz, com um tom firme, os cabelos loiros bagunçados revelando uma noite mal dormida.

Christian mastiga o pão com raiva, apressado, seu desejo de ficar em casa com os dois irmãos — um de dez e o outro de treze anos — jogando Minecraft como sempre fazem, se tornando mais intenso. Ele engole o pedaço de pão sem notar o noticiário urgente que ecoa pela TV da sala, sua mente distante, cheia de frustração.

Ele parte para a escola que fica a alguns quarteirões de sua casa. No banco traseiro do carro, Christian observa as ruas de Georgia passando pela janela, parecendo um cenário de filme de terror. Ambulâncias e carros de polícia rasgam o silêncio com suas sirenes estridentes, anunciando alguma tragédia. Ele pergunta o que está acontecendo, mas seu pai no volante não lhe dá nenhuma explicação.

The Dead Come Back To Life: O Caminho Para CrossvilleOnde histórias criam vida. Descubra agora