Lá está ele novamente. Reluzindo de energia e um carisma que me cansa somente de olhar. Um garoto tão humano e simplório e ao mesmo tempo tão complexo e intrigante em vários aspectos.
Quero acompanhar ele. Quero poder entender seus trejeitos e saciar essa curiosidade que tenho sobre ele. Quero saciar minha sede dele. Beber do seu sangue quente e saboroso…
Não. Não posso. Às vezes me esqueço que me relacionar com humanos está além das minhas possibilidades. Eles são comida e não é justo que eu me apegue a comida para depois simplesmente devorá-la.
Esse tem sido meu dilema nos últimos meses. Devo me aproximar desse garoto? Devo buscar esquecê-lo com mais determinação? Entretanto, é tão difícil que algo capture a minha atenção como ele anda fazendo.
Quando se vive por vários séculos, o normal é que as coisas e pessoas comecem a se parecer sempre as mesmas. Pessoas acabam virando coisas e no final é difícil saber se estou mesmo vivendo.
Não. É óbvio que não estou vivo. Estou preso numa espécie de purgatório, me alimentando de pessoas comuns como eu já fui um dia e vendo cada traço e sentimento de humanidade que eu possuía ir embora.
E após tantos anos sem sentir nada, nada além do mais absoluto tédio enquanto observava a mediocridade das pessoas, agora tenho esse garoto que me causa tamanha euforia.
É como se de certa forma eu pudesse experimentar a vida através dele. Eu olho para ele e consigo sentir a matéria mais primitiva pulsando com uma impetuosidade invejável.
Não sei se sou capaz de deixá-lo ir embora…
[ … ]
Acabei caindo na tentação. Não pude resistir. Espreitei minha obsessão e o segui até em casa, esperando o melhor momento em que eu pudesse desfrutar de seu sabor.
Seu nome é Naruto, tão lindo que dormindo ele se pareceu como um anjo e tive certeza que se o maculasse estaria cometendo a maior atrocidade. Um ato mais vil do que aquele que me tornou o que sou hoje.
Corrompendo uma criatura angelical.
Ainda sim saber disso não me deteve. A necessidade por sangue humano aliada com o meu desejo por ele me cegaram. Afundei minhas presas na sua pele e bebi um pequeno gole.
Foi exatamente como eu pensei que seria. Senti como se estivesse bebendo a própria vida, caso existisse um sabor disso. Seu sangue quente descia pela minha garganta e atordoava todos os meus sentidos. Meio parecido com gozar. O ecstasy de experimentá-lo equivale a ter um orgasmo intenso após um longo celibato.
Não foi nem de perto o suficiente. Mas Naruto é minha única maneira de sentir a vida passando por mim e eu não estou pronto para deixá-lo ir embora.
O medo me parou dessa vez. Vou evitar chegar perto do seu pescoço, pela preservação da sua vida e consequentemente da minha.
[ … ]
Sem conseguir me distanciar dele por muito tempo, estou o observando no trabalho. Ele serve bebidas numa boate de classe média no centro da cidade. Um lugar que paga bem o bastante para bancar seus estudos e ainda lhe permite viver de forma independente.
Ele faz drinks e serve as mesas, às vezes, se for dia de muito movimento. A boate é meio estranha e as pessoas daqui apesar de serem normalmente calmas, também são diferentes de um certo modo.
Sem dizer dos clientes que costumam cortejar Naruto durante o trabalho. Tem haver com o fato dos clientes daqui serem diferentes, creio eu, homens que vão para a cama com outros homens.
Homossexuais, eles dizem hoje em dia. Antigamente, quase um século atrás, conheci vários desses também, mas agora eles podem se mostrar a luz do dia.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Proibido morder (narusasu)
VampireSendo um vampiro de, aproximadamente, seiscentos anos, Sasuke já teve sua cota de experiências mundanas. Nada lhe desperta interesse. Até que, por acaso, ele conhece um humano nada especial porém muito cativante. O único problema é que humanos são f...