14. 𝐇𝐄𝐋𝐋𝐎 𝐌𝐎𝐌

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Meu pai era Barron Cooper.

Ouvir isso saindo da boca delas, foi como uma onda de choque percorrer por tudo o meu corpo, o peso das revelações recentes pairava sobre mim, e a descoberta do nome de meu pai despertou uma avalanche de pensamentos inquietantes. Afinal, por que essa informação crucial permaneceu oculta por tanto tempo? Será que eu, por acaso, não tinha o direito de desvendar as origens que moldaram minha existência?

Num movimento cauteloso, ergui-me, deixando o quarto para trás, e caminhei silenciosamente pelos corredores. As mãos afundadas nos bolsos, meus passos eram um eco sutil da turbulência interna que experimentava. Enquanto me aprofundava nos corredores, a meia luz destacava a porta entreaberta do quarto de Enoch.

A curiosidade, como um chamado irresistível, guiou-me na direção daquela entrada semiaberta. À medida que me aproximava, percebi ruídos provenientes de dentro do quarto, sussurros que aguçaram ainda mais minha intriga. Me recostei no badende da porta, dando três batidas antes de entrar.

- Enoch? - O garoto perguntou, entrando mais fundo no quarto do garoto. - O que você está fazendo?

O garoto, repleto de curiosidade, observava atentamente enquanto Enoch se entregava a uma atividade peculiar. Num instante, as palavras do garoto desapareceram, substituídas por um olhar repleto de admiração. Ali estava Enoch, imerso em seu próprio universo, realizando o que ele chamava de "cirurgias" nas suas bonecas, transformando cada boneca em um tipo de objeto curioso.

O ambiente silencioso era interrompido apenas pelo suave som das bonecas ganhando vida sob as mãos habilidosas de Enoch. Dominic, surpreendido e fascinado, permanecia parado atrás de Enoch, de boca aberta diante da espetacularidade da cena. As bonecas, agora dotadas de uma vida própria, começaram a interagir entre si, encenando pequenos dramas em meio ao silêncio.

Enquanto Enoch se entregava à sua arte silenciosa, seus olhos brilhavam de pura admiração pelo o que criava. No entanto, sua concentração não foi quebrada nem mesmo pela presença de Dominic, que se aproximava. Nic, por sua vez, absorvia cada detalhe, maravilhado com o espetáculo que se desdobrava diante dele.

- Não se sinta envergonhado. Afinal, acredito que da onde você veio, eles não lhe ensinaram que é falta de educação observar os outros sem autorização, Dominó. - Seu tom é extremamente de zombacão, enquanto ajeitava os braços de seuas bonecas.

- Já disse, meu nome é Dominic. - Ele retruca, cruzando os braços. - Não estava te observando, só não queria te incomodar.

- Mas está incomodando. - Enoch soltou a ferramenta em mãos, antes de virar sua cadeira para poder ver o rosto de Dominic. Sua expressão sendo sempre antipática.

- Qual é o seu problema!? - O garoto encarou Enoch com uma expressão misturada de curiosidade e perplexidade. - Por que você está agindo assim?

Enoch fixou seu olhar em Dominic, mantendo um completo silêncio, como se estivesse cuidadosamente escolhendo cada palavra para não despejar sua frustração sobre Dominic.

- Me diz você. - Ee fez uma pausa dramática, antes de cruzar os braços e continuar sua fala. - O que está havendo com você?

- Não sei do que você está falando. - Dominic assumiu uma postura defensiva, cruzando os braços habilmente, como se estivesse completamente alheio ao assunto mencionado por seu colega.

- Observo tudo, Dominó. - Enoch se levantou, se aproximando de Dominic. - E principalmente, á todos. Inclusive, você.

A expressão confusa de Dominic se aprofundou antes de desfazer os braços cruzados, optando por posicioná-los em sua cintura. Sua demanda por uma explicação mais detalhada evidenciava um interesse genuíno na compreensão completa da situação.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora