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Sai do sítio e segui direto para minha casa, estava entrando na cidade quando meu celular tocou, era minha mãe sem dúvidas ela estava querendo saber o porquê de eu ter vindo para casa sem nem ter avisado ela, não queria falar com ela mas também não ia desligar na cara dela.
- Oi mãe. - Atendi a ligação e escutei ela respirar fundo antes de começar a falar.
- Oi filha, a Roberta nos contou que vocês conversaram, não sabia que você se sentia assim como se a gente estivesse te deixando de lado. Me desculpa meu amor a mamãe não percebeu que isso estava acontecendo. - Disse ela e eu neguei, minha mãe não tinha culpa de nada na verdade ninguém tinha culpa do que aconteceu e também nem era para tanto assim.
- Mãe a senhora não tem culpa de nada, não precisa ficar com isso na cabeça a senhora sabe que eu nunca culparia a senhora por nada. E nem se estressa com isso não é para tanto também, já passou a gente não precisa ficar voltando nesse assunto. - Falei o que eu realmente achava não ia adiantar de nada ficar tocando nesse assunto, não ia mudar nada. O que passou infelizmente não tem como a gente mudar, e mesmo que eu tenha ficado sentida naquele momento e que tenha sido difícil, passou e eu segui em frente. Consegui conversar com a Roberta depois de anos e a gente conseguiu ter uma boa conversa até chegar ao ponto do meu pai que ainda me incomodava um pouco já que ele realmente não precisava ter feito o que fez, mas tudo bem eu consigo entender ele. Deve ter sido difícil ver a própria filha meio acabada depois que a melhor amiga dela foi embora, mas mesmo assim ainda não consigo ter a mesma convivência com ele.
-Você está bem filha, a Roberta parecia um pouco preocupada quando contou da situação para a gente. Ela teve uma pequena discussão com seu pai e foi para casa também, ela estava realmente chateada com ele por ter impedindo você de estar junto com a gente em nossas saídas. - Neguei estacionando meu carro em frente a pizzaria onde havia se tornado meu refúgio, onde eu sempre ia quando precisava respirar um pouco. Encarei o lugar e pude ver que Laura estava ali, seu carro já estava estacionado perto do lugar que parecia movimentado.
-Mãe me desculpe, eu não falei isso para tirar ela de perto de vocês ou nada relacionado a isso, ela que puxou o assunto e eu acabei falando. Pode deixar que eu vou tentar conversar com ela assim que eu a encontrar, e vou tentar fazer com que ela entenda que não precisa se afastar de vocês ou ficar chateada com ele, isso é coisa minha. - Falei e escutei a risada da minha mãe.
- Meu amor não estou colocando a culpa em você não se preocupe com isso, ela tem razão em tudo que falou a gente errou com você mesmo. E mesmo que você tente conversar com ela, a Roberta está do seu lado nessa, ela ainda parece se importar bastante com você. - Mesmo tentando impedir a todo custo, foi impossível não deixar um sorriso escapar, era bom saber que ela não tinha realmente nada contra a minha pessoa, e ter uma pequena esperança que a gente pudesse ter novamente uma amizade. Ela ainda era muito parecida com a Roberta que eu conhecia de anos atrás, seu sorriso sempre foi uma das características dela que eu mais gostava e ela ainda tinha esse mesmo sorriso. Roberta sempre teve algo que chamava minha atenção e ela ainda tem esse negócio que me faz querer estar sempre feliz estando ao lado dela conversando ou até mesmo em silêncio.
- Tudo bem mãe, eu cheguei aqui na pizzaria agora vou conversar um pouco com a Laura e depois vou para a sua casa. - Falei e ela concordou.
- Ok filha, se precisar pode ligar. - Disse ela e então desligou, desci do carro e entrei no lugar pela entrada de serviço para evitar de encontrar os clientes ali, encontrei Laura ali em sua sala sentada.
- Você não estava no sítio com a tua família? - Perguntou e eu concordei.
- Estava sim, Roberta estava lá também. - Falei e ela me olhou fazendo uma careta engraçada.
- Deu merda? - Perguntou e eu neguei, talvez não fosse totalmente a verdade mas tinha sido melhor do que eu esperava.
- Não tanto, estava esperando que fosse pior acredita, ela entregou meu colar. - Comentei e encarei meu colar e sorri. - A gente conversou um bom tempo, deixamos claro que não temos mágoas uma da outra, mas nem tudo são flores também. Ela tentou conversar sobre a parte dela ter terminado e eu não gosto de falar sobre isso, você sabe, aí eu acabei contando que meu pai falou que era melhor eu não ir até eles quando ela estivesse aqui. E talvez eu também tenha deixado bem claro para o meu pai que eu só estava indo ao aniversário dele por causa da minha mãe. - Terminei de falar e me sentei na cadeira em frente a mesa dela.
- Nossa, como foi de boa Sn, puta merda imagina se tivesse sido ruim. - Disse ela e começou a rir e eu neguei.
- Achei que ela nem queria olhar na minha cara, mas ela falou que sempre quis falar comigo nesses anos, mas nunca nos encontramos. - Expliquei e ela concordou.
- E você está bem com isso? - Perguntou me olhando séria e eu concordei. - Porque você não gosta de falar disso? - Encarei a mulher e neguei.
- Eu só não achei que ela ia terminar comigo daquele jeito eu sei que ela fez certo em ter terminado e ter seguido seu sonho, mas ela podia ter me contado desde o início quando soube da possibilidade de ir jogar fora da cidade. Ela disse que tinha medo que eu acabasse pedido para ela não ir, eu jamais faria isso, eu sempre fui a pessoa que mais torcia por ela e não deixaria ela desistir dessa chance por causa de mim. Só que cara a gente era amigas também, ela terminou comigo e passou as últimas duas semanas dela aqui sem trocar uma palavra comigo. Eu fui diversas vezes lá na casa dela tentar conversar, mas ela nunca me atendeu. - Laura me olhou séria, esse era o único momento que eu fiquei mais chateada com ela. Mesmo a gente tendo terminado ela não precisava ter se afastado, sempre falamos que mesmo se a gente terminasse ainda manteríamos a amizade, mas não foi isso que ela fez.
- Tudo bem então, eu ainda acho que você deveria falar com ela sobre isso, mas se não quer quem sou eu para falar alguma coisa. Veio jantar ou vai só pegar sua pizza e ir para casa? - Perguntou e eu neguei me levantando.
- Só passei aqui para conversar um pouquinho, mas já estou indo vou ir lá na casa dos meus pais antes de ir para minha casa. - Falei e me levantei já dando um tchauzinho para ela antes de trocamos um abraço e então saí da sala para ir para casa. Peguei meu carro e segui para a casa dos meus pais, como minha mãe falou que Roberta tinha voltado para casa talvez eu encontrasse ela lá. Queria deixar ainda mais claro que ela não precisa ficar contra meu pai só pelo que eu falei, isso é problema meu ela não precisa tomar as minhas dores. Não queria em momento nenhum causar ainda mais problema nessa família que já não era como antigamente, eu é ela já passamos um bom tempo sem conversar por nada e agora ela ainda vai brigar com meu pai por algo que eu falei. Cheguei em casa e me joguei no sofá já ligando a tv para ver se tinha algo interessante para assistir, fiquei assistindo um filme até escutar batidas na porta de casa. Me levantei e caminhei até a porta para ver quem estava ali, abri a porta e Roberta estava parada em frente parecia ansiosa.
- Oi Roberta. - Conversamos um pouco paradas ali e eu em um momento de coragem acabei convidando a mulher para entrar e ela prontamente aceitou. - Vou falar com a Laura e já peço para eles as pizzas. - Falei e peguei meu celular mandei mensagem para a mulher rápido e ela confirmou que mandaria entregar logo. - Você pode se sentar se quiser. - Comentei já que ela estava parada de pé no meio da sala.
- Claro. - Disse ela se sentando no sofá, larguei meu celular ali na mesinha de centro e encarei ela que parecia nervosa encarando a tv e balançando sua perna sem parar um minuto.
- Você não precisava ter falado com meu pai e nem ter ficado ao meu lado, eu meio que não quero criar mais problemas. Você sabe, nossos pais são amigos e vai ficar um clima chato se vocês se afastarem. - Falei e ela me olhou séria.
- Do mesmo jeito de anos atrás quando você não saia com a gente porque ele falou que era melhor você não fazer isso? - Perguntou e eu desviei meu olhar e encarei minhas mãos. - Desculpa eu fui um pouco grossa, só que isso pode não parecer mas me incomodou muito Sn. Ele não tinha o direito de ter feito isso, eu até fui perguntar o motivo dele ter feito isso talvez por eu ter terminado daquele jeito com você, mas ele só falou que não gostou de ver a filha dele mal. Eu sei que errei fazendo aquilo, não devia ter ficado aquelas semanas sem falar com você e nem não querendo te receber lá em casa. Me arrependi disso a muito tempo, então se você puder me desculpar pela palhaçada que eu fiz eu realmente vou ficar mais aliviada. - Encarei a mulher e ela estava me olhando, eu já tinha perdoado ela a muito tempo, não tinha mais nada para desculpar ela.
- Tá tudo bem Roberta, era isso que eu pensava sabe você não precisava ter demorado tanto tempo para me contar e nem precisava ter se afastado aquelas duas semanas, mas tá tudo bem, eu te desculpo sim. Consigo entender que você estava receosa de me contar, mas eu sempre fui a sua maior torcedora e sempre te apoiei, nunca ia te pedir para desistir do seu sonho Roberta. - Fiz uma pausa observando ela que estava encarando o chão. - Fiquei muito feliz quando vi seus primeiros jogos. Eu não estava junto com eles acompanhando, mas eu sempre assistia. Seu pai entrou na minha sala um dia e eu estava lá assistindo você jogar. - Comentei e ela me olhou e sorriu.
- Fico feliz sabendo disso, você sempre deixou claro que estaria torcendo por mim, acho que depois do nosso término talvez eu tenha esquecido disso ou minha cabeça me fez pensar que você ia esquecer tudo o que me falou. - Neguei olhando para ela e sorri eu jamais poderia ter feito isso, não é porque a gente se afastou que eu não torceria mais por ela. Passei esses anos todos fazendo isso e sempre comemorando as vitórias dela, sempre tive muito carinho por ela e isso ainda não mudou continuo sendo a mesma Sn de anos atrás, que comemorava cada vitória dela nos jogos no time daqui da cidade ainda.
- Bom, você não precisa jamais pensar isso, sempre vou estar torcendo por você, isso ainda continua sendo minha promessa e você sabe que eu levo a sério o negócio das promessas. - Falei e ela sorriu concordando.
- Sim, isso eu sei muito bem, mas então como foi todos esses anos por aqui? - Perguntou se aproximando e sentando mais perto de mim.
- Foi tranquilo eu fiz a faculdade e logo depois já comecei a trabalhar na empresa junto com meu pai, no início achei que não ia dar conta mas depois de um tempo eu percebi que era isso que eu queria. Não consegui ficar parada preciso sempre estar fazendo alguma coisa, e eu acabei pegando gosto por isso e às vezes até preciso me policiar para não ficar todos os momentos do meu dia vivendo apenas para o trabalho. Agora eu até consegui melhorar um pouco, mas alguns anos atrás eu era maluca, não parava de trabalhar nem nos domingos. - Roberta deu uma risada e eu fui obrigada a sorrir, amava escutar a risada dela era uma das características dela que eu mais gostava.
- Sua mãe me falou que você estava muito focada no trabalho na empresa, mas não achei que fosse tanto. - Disse ela me fazendo sorrir.
- Foi o jeito que eu encontrei de não sentir tanta a sua falta. - Falei meio que sem pensar e ela me olhou meio triste antes de desviar seu olhar do meu e encarar a tv da sala. - Desculpa, eu não devia ter falado isso. - Roberta me olhou e negou levando sua mão ao rosto.
- Não você não precisa ficar cuidando do que vai falar perto de mim Sn, eu também senti muita a sua falta era como se sempre faltasse alguém por perto. - Concordei já que era assim mesmo que eu me sentia nos primeiros tempos sem ter contato com ela, mas depois de um certo tempo eu acabei aprendendo a viver com essa ausência. - Talvez a gente pudesse assistir um filme lá no seu quarto para relembrar os velhos tempos, o que acha? - Perguntou e eu fiquei ali parada observando ela, fazia muito tempo que eu não entrava naquele quarto, não tinha certeza se meus pais tinham deixado minhas coisas lá ou já tinham tirado tudo depois que eu me mudei.
- Não sei se meu quarto ainda tem alguma coisa lá, mas a gente pode ir lá descobrir. - Me levantei e ela fez o mesmo me seguindo, abri a porta do quarto parecia o mesmo de anos atrás. - Parece que tenho dezesseis anos de novo. - Falei brincando e ela riu entrando no lugar.
- Parece que voltamos a ser namoradas de novo. - Disse ela se deitando na cama e eu apenas dei um sorriso meio sem jeito e me juntei a ela, estar ali com ela parecia estranho depois de tanto tempo, mas era bom.🍁..........