chapter one: fire into your old house

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Cecilia's point of view

Finalmente o nosso destino estava mais perto do que imaginei. As luzes da cidade já despontavam quando eu olhava pela janela do avião. Lá embaixo havia milhares de vidas, cada um daqueles pontinhos de luz ao longe, poderia representar uma pessoa. Uma alma que talvez estivesse preenchida pela graça, ou talvez estivesse perdida tentando encontrar alguma razão, algo pela qual seria preenchida.

Havia uma música que eu apreciava muito chamada "How it sets you free" da minha banda preferida, Gable Price and Friends, eu não podia ouvi-la, mas tinha a oportunidade de refletir sobre sua letra e o quanto ela definia minha vida depois que encontrei Jesus.

O versículo "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32) nunca foi tão real em minha vida. A Verdade me libertou de tudo o que o meu velho "eu" me aprisionou, me fez ver o mundo por outros olhos, agora os da fé. A Verdade me encheu e todo o vazio de antes já não existe mais, é o Espírito que habita em mim. Mas nesse processo, nem tudo foram flores, a Verdade me rasgou por dentro, colocou minhas costas contra a parede, a Verdade colocou fogo em tudo o que eu acreditava e me pôs de joelhos. A Verdade me quebrou, para então me reconstruir. Eu disse adeus para todo o meu passado e encontrei a luz que a Verdade me apresentou. Fui salva das minhas próprias pretensões, e com todo o amor do mundo, a Verdade me libertou.

Fui despertada de meus pensamentos por Melyna que estava sentada ao meu lado.

- Estamos chegando. - a morena falou em Libras, com brilho nos olhos enquanto alternava seu olhar entre mim e a janela ao meu lado. Eu assenti balançando a cabeça.

- Está animada, meu amor? - Hyeon, que estava do seu outro lado, sentado com Mathias na outra dupla de assentos, falou segurando a mão de Melyna, através do corredor.

- Muito. - ela sorriu. Eu apenas observava o casal flertando, de vela como sempre.

- Por que você não se sentou ao lado do seu marido? - disse, como se fosse uma crítica pelo casal estar tão meloso.

- Pensei que seria mais adequado as meninas se sentarem juntas. - Melyna explicou. Eu apenas fiz uma careta fingindo que acreditava em sua desculpa.

Passou-se alguns minutos até o avião pousar no aeroporto de Seoul, na Coreia do Sul. Passaríamos o Natal com a família de Park Hyeon, já que fazia algum tempo que ele não via sua avó e amigo, desde seu casamento no Brasil, quando eles passaram um mês nos visitando por lá.

A princípio, viria apenas Melyna junto com seu marido, mas o casal convidou a Mathias e eu para conhecer o país e passar o Natal junto com eles. Sophia e Felipe também fariam a viagem, porém surgiu um imprevisto na última hora, e eles precisaram ficar no Brasil. Laura fez de tudo para conseguir vir junto, mas seus pais não permitiram, já que ela participaria do retiro de férias da igreja, junto com os outros adolescentes.

- Deixa que eu levo sua mala. - antes que eu pudesse responder, Mathias pegou a mala de rodinha que eu carregava e saiu andando. Fiquei o encarando pelas costas enquanto raciocinava o que estava acontecendo.

- Não precisava levar, nem está tão pesada. - falei, mas ele deu de ombros, apenas me lançando um sorriso. Tudo o que me restava era segui-lo até o carro que nos levaria à casa da avó de Hyeon.

Passei o caminho todo observando a paisagem para fora da janela do carro e fiquei maravilhada com as belas ruas da cidade. Melyna me fez assistir alguns doramas antes de viajar, e eu podia dizer que me sentia em um dos dramas coreanos, parecia até um sonho.

- Que bom que vocês chegaram. - dona Park Yu-jin disse com um sorriso no rosto assim que entramos em sua casa. Hyeon traduzia tudo para Melyna e Mathias, enquanto minha amiga traduzia para mim.

Nós quatro tiramos os sapatos na entrada, trocando por pantufas para usar dentro de casa. Nos curvamos para cumprimentar a avó de Hyeon, e seu melhor amigo, Lee Jun-seo.

- Pensei que nunca mais viriam. - Jun-seo reclamou da demora.

- Cara, você sabe que demora para atravessar o mundo, mesmo de avião. - Hyeon respondeu.

- Podem levar suas coisas para os quartos de hóspedes. - a halmeoni cortou as provocações dos dois coreanos.

Mathias levou minha mala até um dos quartos de hóspedes, já que ele mesmo havia retirado do porta-malas do carro minutos antes.

- Ok, como vamos dividir os quartos? - o marido de minha amiga questionou enquanto olhava para nós três.

- Eu imaginei que você ficaria com Melyna. - o senhor Lee entrou na conversa. Hyeon já havia nos falado que ele era intrometido, mas agora eu poderia ver com meus próprios olhos.

Hyeon pigarreou tentando alertar seu amigo de algo que ele, sendo distraído, não havia percebido ainda.

- Olha, gente, tem um quarto com uma cama de casal, e outro com duas camas de solteiro. Vocês escolhem onde vão ficar.

- O que você acha de eu ficar no seu quarto, meu querido hyung, então Mathias fica com um quarto só para ele, e as meninas em outro? - Hyeon provocou o amigo.

- Nem venha. Não quero você me incomodando no meu quarto, não. - Jun-seo falou e saiu em direção à cozinha, onde estava a senhora Park.

Depois de muita discussão, foi decidido que haveria um quarto separado para os meninos e para as meninas. Ou seja, eu ficaria com Melyna.

- Tem certeza de que não quer ficar com Hyeon? - perguntei à minha amiga.

- Não tem problema, nós moramos juntos, teremos muito tempo de dormirmos juntos. - ela disse, um pouco constrangida.

Arrumamos as coisas no quarto e nos juntamos para jantar na mesa em que nossa anfitriã havia nos preparado. Ali havia dos mais variados pratos coreanos, todos pareciam saborosos. Conversamos por um bom tempo, respondendo os questionamentos de dona Yu-jin quanto à nossa viagem e vida no Brasil. Logo nos recolhemos para os aposentos, já que a viagem havia sido longa e cansativa.

- Boa noite, Ceci. - Mathias sinalizou tais palavras com um sorriso simpático no rosto, o qual destacava suas covinhas. Eu senti algo diferente dentro de mim, como se houvesse borboletas em meu estômago, enquanto ele me olhava no profundo dos olhos. Podia afirmar com certeza que meu coração até errou as batidas.

- Boa noite, Mat. - o respondi e abri a porta atrás de mim mais rápido do que deveria, entrando no quarto onde Melyna já me esperava. Fui correndo para a cama e me joguei cobrindo o rosto com o travesseiro. O que havia sido aquilo?

☺☺☺

Amor que brilha na noite de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora