Querido Atlas

Luzes dos seus olhos Negros

Atlas

Uma vez me perguntaram se eu ia conseguir sair da depressão, minha pequena e resposta meio grossa já está a óbvio, que não.
Estava com as palavras presas enquanto a rodinha de pessoas se formavam dentro da sala azul clara.

Uma menina com a pele pálida, olhos negros e cabelos ressecados com frises chamou minha pequena atenção. Suas mãos estavam abraçadas uma a outra, sua boca estava repuxada em uma expressão triste.
Vestia uma bela roupa pra quem estava a beira de um suicídio como eu; apesar de eu tentar algumas vezes.

Levanto meus olhos para velha em minha frente do outro lado da roda, desabafar não era um dos meus fortes, mas comecei a falar como eu parei naquela sala de merda.

O assassinato dos meus pais não foram uma boa ajuda pra minha mente que já andava fudida das ideias. Depois disso, como eu já andava em meio às confusões da vida me acabei nas drogas.. Bela merda Atlas, dizia pra mim mesmo desabafando pra um bando de estranhos.

A mulher anotava tudo que eu falava, paro de falar percebendo que falei de mais. Suspiro cansado odiando a estar ali.
Meu bem-estar em casa vale mais que esta ali todos os dias.

- Merlinda, sua vez - Diz a mulher, meus olhos vão novamente a garota fantasma, seus olhos se encontraram aos meus e naquele momento.. na fração de segundos seus olhos negros tiveram luzes.

Meu corpo teve um lampejo, nunca havia sentido aquilo, o que era? Raiva? A depressão de novo? Se for eu me mato agora com o papel que está na minha mão.

Mas era diferente de tudo que eu já havia sentindo na vida, nem com meus pais havia presenciado.

Tento respirar normal mas desandou tudo quando ouvi o tem de sua voz, e nossa... que voz de um anjo.

Como que um anjo está ferido? Quem foi capaz de ferir aquela assustadoramente linda fantasma?

Me perguntava mentalmente vendo que o culpado era o ex dela, e eu poderia matar ele se eu conhecesse!

Quem eu estou querendo enganar..? Eu não consigo matar uma barata que aparece na parte de fora da minha janela.

Assim que todos falaram sua versão horrenda de suas vidas me levanto parando um frente a menina fantasma.

- Oi, percebi que gosta de livros. Deseja ir em uma biblioteca comigo na esquina?

Ótima merda Atlas, não sabe chegar em uma menina? Seu fudido.

Deus.. como que desativa a voz da minha cabeça?

- Oie.. gosto sim, você seria quem? - Pergunta a mesma se levantando pegando seu casaco furreca e socado.

- Atlas Peyrry, você deve ser Merlinda Milers ?- Respondo, dando um pequeno sorriso vendo novamente as luzes em seus olhos negros.

Depois de tanta conversa até a biblioteca da esquina, adentramos nela em grande silêncio, ela foi pra um lado e para o outro, escolho cinco livros para ler durante a semana.

A encontro com a minha saga favorita.

- Oh.. Caraval?! - Pergunto muito mais animado. Ela concorda com a cabeça.

Pago nossos livros sorrindo para a mesma, ao sair vejo a mesma travar em minha frente e tossir um pouco, ajudo a pequena fantasma a levando pra casa dela.

Ganhei um beijo na testa como despedida e fui para meu cafofo mofado.

( Espero que gostem!)

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