Aurora permaneceu em silencio absoluto em todo o caminho que o táxi fez até a casa dos Romeno's, onde acontecerá o casamento de Amélia. Sua insatisfação e indignação transbordavam em seus poros. Não conseguia olhar para sua mãe sem sentir algo ruim, como se fosse gritar tudo o que estava empacado em sua garganta a tempos. Tinha certeza que seu rosto transparecia toda a sua raiva.Vagou em devaneios enquanto olhava pela janela, admirando cada risco de calçada, as vestes das pessoas que passeavam e todos os letreiros dos comércios. Se sentia presa a um lugar que não queria ver por um certo tempo. No final, sentia que sua vida acadêmica não seria pelos arredores de São Paulo. Queria sair debaixo da asa de seus pais e dos problemas que a enfiavam indiretamente. A presença de sua mãe dizendo o que ela devia ou não fazer a sufocava e não queria mais se sentir um passarinho preso em uma gaiola.
Suspirou ao notar que seus atos e pensamentos acabavam sendo formas de se afastar de Christian. Ela não queria e não planejava nada disso, de todo modo, era sua vida futura batendo na porta para levá-la a qualquer momento.
— Chegamos. – Cristina apenas disse, pagando o motorista e se retirando do táxi.
Aurora se arrastou, sentindo como se seu corpo e mente não quisessem estar mais naquele casamento. Todo o brilho de usar um presente de Christian e vê-lo a admirando se esvaiu no momento em que sua mãe esbanjou toda a insatisfação de seus atos. Queria chorar, mas se conteve. A cerimônia e a festa não era sobre ela e manteria sua postura. Forçaria a sorrir e seria educada. Aproveitava por poder bebericar algumas bebidas alcoólicas sem precisar pedir permissão. Se sua mãe estava insatisfeita com seus atos, faria com que ficasse mais – por pura rebeldia.
Caminhou elegantemente até os convidados, cumprimentando quem conhecia. Vagou com seus olhos por todo o ambiente e, automaticamente, seus pulmões encheram de ar fresco e podia sentir seus olhos ficarem levemente marejados. Todo o quintal decorado por flores e suas cores vibrantes que davam destaque quando a luz solar batia de encontro com cada pétala. A parte mais bonita da decoração fora um mural de fotos panorâmicas. Analisou todas com cuidado e notou Christian com sua irmã, ambos ainda pequenos. Seus olhos mais verdes que o normal e os cabelos tão lisos e escorridos, com uma cor um pouco mais clara que agora. As bochechas coradas enquanto rodeava seus braços no pequeno corpo de Amélia.
Um sorriso iluminado brotou em seus lábios. Christian a fazia esquecer de tudo ao seu redor e se sentiu culpada por querer fugir em certo momento. E, caso fugisse, queria que ele estivesse dentro de sua mala.
Diversas fotos da família, dos noivos e outras que provavelmente foram tiradas pela própria noiva. Se permitiu ser curiosa e andar por todo o quintal, até ser abordada por um dos garçons, com aperitivos e taças de alguma bebida alcoólica, deduzindo ser champanhe. Ricos serviam apenas isso. Gostava do sabor doce e levemente alcoólico. Caminhou segurando a taça até dar de cara com Cristina, Christian e Vanessa conversando amigavelmente. Era incrível o fato de sua vida ter virado da noite para o dia por ter se apaixonado por um homem mais velho e chefe de sua mãe. Andou delicadamente até onde os três conversavam, e sentiu que Christian quase paralisou sua fala ao vê-la. Somente Vanessa sabia do seu namoro com o empresário e agradeceria eternamente por seu silêncio. Tinha ciência de sua amizade com sua mãe e seria o fim caso ela contasse.
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Doce Aurora
RomanceAurora não sabia o que era estar aficionada por alguém até encontrar Christian, o homem engravatado de olhos verdes que quase a atropelara. Entretanto, o pequeno contato foi o suficiente para ambos se conectarem, mesmo que talvez nunca se vissem out...