ESTAVA ESCURO E Jimin sentiu medo. Onde estava mesmo? Aquele colchão não era o da sua casa, aquele barulho de ondas do mar também não. Temeu e sentou na cama, demorando a recobrar as lembranças, mas sua mente se iluminou ao perceber a porta da sacada entreaberta e a visão hipnotizante do fantasma branco na varanda. A realidade desdobrou-se diante dele, e todas as peças se encaixaram.
Seu humor mudou completamente, os olhos castanhos brilhando de compaixão vidraram naquela perfeição sobre-humana. Distraído, Jungkook segurava um cigarro, contemplando o oceano e o horizonte que se estendia diante de seus olhos. Era uma noite tão bela, que fez muitos casais saírem de casa. A cidade era quase sempre movimentada, porém ficava muito longe do centro de Busan, e depois de uma estrada e um pedágio salgado, ainda era possível ver muitos turistas que iam até lá pela beleza da praia única.
À noite, quando as ondas quebravam na areia, a presença de uma alga microscópica chamada fitoplâncton, em contato com o oxigênio, gerava uma luz neon azulada. Era tão lindo e mágico, que a última coisa na qual se pensava era na explicação científica. Apesar disso, aquele local de Busan era ao todo bem simples. O lugar era bem organizado, o que ajudava na fácil movimentação dos visitantes com seus cartões de crédito.
Estavam hospedados em um hotel maravilhoso, recomendado pelo dono de uma lanchonete onde Jimin parou para comer. Foi um bom lugar para começar sua aventura, com um charmoso jardim repleto de flores tropicais e preço surpreendentemente acessível de 19.000 wons por noite, que o deixou de bom humor.
Park saiu da cama e, como sempre, tinha dormido demais. Assim que chegaram à cidade, depois de cochilar o caminho todo no carro, entrou no hotel e acabou por dormir outra vez. Que horas deveriam ser?
O complexo de conviver com um robô realmente estava o perturbando, e ele se sentia fraco demais. Só via vantagens no Projeto 2000: aparência perfeita eterna, força e nenhum tipo de sono mata-leão. Aliás, mesmo que tivesse dormido profundamente, ainda não parecia estar descansado.
— Jungkook? Jeon?
Afastou mais a porta de madeira da sacada. Era um quarto completo, moderno e decorado. Jimin atravessou o limiar da varanda e imediatamente foi acolhido pelo abraço do ar quente, impregnado de maresia. Apoiando-se no parapeito ao lado do robusto Anpanman, ele entregou-se à contemplação da vastidão obscura diante de seus olhos, na qual o oceano noturno formava uma linha infinita em sua frente.
Uma inexplicável pressão tomou conta de seu peito. Sob aquele céu estrelado, o mundo parecia ter assumido uma nova roupagem, desvelando-se com um encanto que ele nunca imaginara.
— Dormiu bem? — A voz suave e calma de Jungkook combinava com aquela visão noturna.
Respirou fundo, sentindo o cheiro da água salobra.
— Acho que sim... — murmurou. — Tive pesadelos com você.
— O que sonhou? — O moreno sequer o olhava, distraído com o cigarro.
— Onde arrumou isso? — Franziu o cenho. — E você consegue mesmo fumar?
— Eu comprei, aqui eles tem uma comanda... Peguei o mais barato.
— Matou a sua vontade de fumar?
— Não. Esse é o terceiro que acendi, e a sensação é boa, mas eu não sinto... não sei explicar. Acontecia uma parada legal quando eu fumava.
— Você fumava maconha?
— Não é isso! — Olhou-o, assustado.
— Qual é? Não é tão ruim como dizem por aí.
Antes que Jungkook perguntasse muito, o interrompeu.
— Sonhei que estava sendo preso, e em todas as vezes que tentava te ajudar, você sempre me afastava. Fosse para me proteger ou para se livrar de mim.
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ANPANMAN - Jikook
ФанфикTRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=1zgTL05zJw4 Jeon Jungkook tinha uma vida inteira pela frente, até sofrer um acidente e o sonho do surf ser deixado de lado, assim como todos os outros, ao ficar tetraplégico. Pelo menos era assim que sua mãe...