eu tenho medo.

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Quando o homem correu, meu corpo escorregou e eu pude olhar ora baixo.

"Meu Deus, Porsche!" Vi Kinn em minha frente, chorando.  "vão atrás dele, rápido!" Alguns seguranças de Kinn correram pra fora.

Eu passei minha mão onde sentia a dor e ela ficou ensanguentada. A dor estava cada vez pior.

Medo, era isso que sentia. Medo de não ver mais Kinn, nem Chay.

O efeito da bebida ja tinha ido embora com tamanha dor.

"Eles estão vindo, ok? Estao... Eles estao..." Anakinn não conseguia falar, estava nervoso, chorando de soluçar.

"E-eu... Eu não gosto..." Suspirei forte para ter forças pra continuar falando. "Não gosto de te... Te... Ver chorar." Com minha mão trêmula toquei seu rosto.

Com minha outra mão, toquei onde estava a faca, para vê se parava de sangrar, ou doer.

...

Kinn estava despertado, sem notícias do homem que tentou matar Porsche.

E pra piorar, Porsche ainda não tinha acordado. Dois dias virado Kinn estava, sem nem dormir direito.

Não é a mesma sensação quando viu Tawan praticamente morto no galpão, não se sentiu tão mal, não tao preocupado.

"Que porra! Eu preciso de notícias de Porsche! Por que não falam nada dele?! Por que estão me proibindo de o ver?!"  Lá estava Porschay, complemento irritada e preocupado. Chorando na frente daqueles vários seguranças que ficavam na porta do quarto de hospital onde esta Porsche. "Ele é meu irmão, ele é... M-me deixem o ver!" Estava soluçando, ajoelhado no chão.

Nervoso, com medo de sentir a mesma sensação que sentia quando perguntavam onde estavam seus pais, que infelizmente, partiram antes de criar boas memórias com Chay. Ele era apenas um bebê.

"Ei, por quê não o deixaram entrar?! Ele falou que é irmão de Porsche, então saiam da frente!" Um homem alto de cabelo preto gritou com os seguranças que rapidamente saíram da porta do quarto.

Porschay entrou lá dentro rapidamente, sem ao menos agradecer o moço.

Viu Porsche naquela cama gigante, o quarto extremamente chique... Mas o irmão todo machucado.

Chegou perto de Porsche e viu seu pescoço com marcas roxas e caiu no choro novamente, nunca imaginou ver seu irmão tão mal assim.

"Não chore tanto assim, ele provavelmente não iria gostar." O homem de antes, agora estava tentando consolar Porschay.

"Ah... Obrigado por ter me ajudado a entrar." Chay estava um pouco envergonhado por chorar na frente de um desconhecido.

"Não precisa agradecer, eles estavam errados mesmo. Prazer, me chamo Kim! Você é Porschay, certo?" Falou educado e sorrindo.

"Sim, sou eu mesmo..."

"Vamos lá em baixo, eu pago uma coisa pra gente comer, ok? Depois te trago de volta. Os seguranças falaram que você estava aqui na porta desde madrugada." Porschay se sentiu intrigado em Kim. Ele é parecido com Kinn, o nome é quase a mesma coisa. Mas nunca tinha o visto na casa da família, isso o deixava mais curioso.

Porschay limpou suas lágrimas, que por um tempo insistiram em cair ainda.

...

Aos poucos abri meu olho, achei que estava no céu, mas... No céu tem tv no teto?!

Que porra de lugar é esse que tem tv no teto?!

"Cha!" Escutei a voz de Kinn e com dificuldade, tentei me virar, mas senti uma dor horrível. "Cuidado, amor. Eu vou chamar os médicos." Achei que ele sairia da sala, mas apenas apertou um botão. "Tá doendo muito?"

"Óbvio, Kinn!" Minha garganta estava seca. "Me da um pouco de água, por favor." Ele rapidamente me deu um copo de água. Eu bebi, mas a cada cole eu sentia dor. "Por que dói tanto?" 

"Era pra estar melhor, pelo menos um pouco... Você ficou em coma por dois dias, amor."  Kinn falou, sem tentar demostrar nervosismo ao me escutar gemendo de dor de uma forma nada prazerosa. Sua perna tremendo, os dedos sendo estralados, não dava pra esconder aquilo para tentar me deixar menos preocupado.

Antes de falar mais alguma coisa, o médico chegou.

Passou longos minutos vendo meu estado, depois de terminar, levou Anakinn pra fora e mais longos minutos se foram.

Estressado e preocupado comigo, gritei por Kinn, e ele rapidamente entrou no quarto.

"Amor, você vai ter que tomar mais cuidado de agora em diante. Foi por pouco que você sobreviveu! Foi um pouco a baixo do seu abdômen, Cha. Tive que doar sangue para você. Tivemos a sorte de termos o mesmo tipo sanguíneo." Então eu sobrevivi por que Anakinn doou sangue pra mim? Isso é... Isso é complicado de aceitar.

"Só sobrevivi por sua ajuda?" Kinn me deu um sorriso, não um cheio de alegria, mas um sorriso.

"Você sobreviveu porque é forte, Cha. Não lembra da sua tatuagem? Você tem uma fênix! Você não ia cedo assim..." Anakinn se sentou perto de mim na cama.

"Obrigado, Kinn. Se não fosse você eu ia... Eu ia estar morto. Fui contras as regras, sai sem avisar a ninguém. Pete completamente bêbado nunca ia me achar lá... Talvez me achasse, mas já sem vida. Você se preocupou, mesmo comigo te tratando mal, mesmo comigo desligando na sua cara."

"Você tem seus motivos, Cha. Não tiro sua razão em ser grosso comigo, eu realmente mereci. Mas você sabe, que não importa onde, nem como nossa relação esteja, eu sempre vou me procurar e sempre vou estar lá, pra tudo que precisar. Eu te amo, Porsche."

Ele se aproximou, um pouco devagar e me beijou.

Enquanto o beijava, me senti no céu, mas fui jogado pra o inferno rapidamente, tendo lembranças dos momentos horríveis que passei por conta de Kinn. Todo meu sofrimento, as lágrimas, as noites sozinho me perdido nos meus pensamentos que sempre tinham Kinn no meio. Toda a comparação. Tudo, tudo veio como uma onda, uma das mais fortes.

Afastei Kinn, e ele me olhou com aquele olhar confuso.

"Eu não posso, eu..." Não tinha palavras, não sei se quero, mas óbvio que eu quero! Eu quero tanto que chega doer, doer saber que eu o quero, mas tenho medo, medo de passar tudo de novo! Medo de sofrer sozinho enquanto ele está feliz, com um novo alguém.

"Cha, por favor..." Ditou baixo, mantendo o contato visual, me deixando constrangido e sem saber o que fazer.

"Mas se acontecer tudo de novo, Kinn?! Porra, você imaginou como eu me senti?! Como eu fiquei confuso quando você surtava de ciúmes por causa de Vegas, mas ainda ficava com Tawan. Merda, Anakinn! Eu..." Infelizmente, comecei a chorar, mostrando novamente o quanto sou sentimental e péssimo em segurar lágrimas. "Eu cai em um buraco, e não consegui sair! Eu ainda estou nele, infelizmente estou..."

Kinn chegou perto de novo, limpando minhas lágrimas e me abraçando fortemente, eu retribuí o abraço.

"Eu sei, eu sei o que te fiz passar e eu me culpo muito por isso, mas por favor, Cha, me da so mais uma chance. Por favor!"

Me mostre o que é amar.Onde histórias criam vida. Descubra agora