Quando Lara perdeu seu caderno de anotações pessoais, ela não fazia ideia de onde foi parar. E muito menos nas mãos de quem foi parar.
Ela descobriu dois dias depois.
E foram esses dois dias que fizeram a vida dela mudar para sempre.
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Quando...
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Cá estamos nós no meio do almoço mensal em família. Era sempre assim, dessa vez tem a Laura junto e esse almoço é mais para comemorar as nossas convocações e a chegada de mais um novo membro pra família.
Pois agora eu não sou só o Ramon.
Eu sou o Titio Rá.
Miguel estava radiante, eu nunca havia visto ele tão feliz assim. Ele seria pai e daria continuidade as tradições da mamãe. E eu estava ansioso pra ser tio, é engraçado como eu posso sentir tanto amor por alguém que eu nem conheço ainda e nem meu é.
Miguel chama a atenção de todos nós que estávamos terminando de almoçar e se coloca em pé, segurando a taça de champanhe em mãos enquanto Laura segura uma taça de água.
—Eu queria agradecer todos por virem aqui hoje, esse almoço foi feito para comemorarmos a nossa convocação e o nosso futuro hepta e também, o fato de eu ter entrado para o time dos pais. – ele sorri orgulhoso. — Eu não faço ideia de como começar essa nova etapa da minha vida, mas uma coisa que eu sei é que eu preciso de reforços. Preciso de pessoas que eu ame tanto quanto amo a mim, a minha esposa e ao meu bebê. Preciso de pessoas que amem ao meu bebê, a minha esposa e a mim como amam a si mesmos. Preciso de pessoas que eu possa confiar a vida do meu bebê, de pessoas que fariam qualquer coisa por ele.
—Ou ela. – Laura diz.
—Ou ela. – Miguel confirma. — É por isso que desde que Laura anunciou a gravidez, eu venho pensando nos padrinhos. É claro que todos já devem ter uma ideia de quem eu escolhi, mas eu preciso explicar o porquê. Eu tive a sorte de ter ganho dois irmãos mais novos que tornaram a minha vida mais agitada e turbulenta. Eu tive a sorte de não me sentir mais sozinho depois que eles chegaram. Tive a sorte de ganhar dois melhores amigos e automaticamente, os padrinhos do meu bebê. – ele retira duas caixas da sacola preta que havia colocado em cima do banco em que estava sentado.
Bia se levantoue eu fiz o mesmo, abracei Miguel com força sentindo meu nariz arder pelas lágrimas crescendo no canto interno dos meus olhos. —Eu te amo, big brother. – digo baixinho chamando ele da mesma forma que chamava quando eu era criança e ele ri, um riso com tom de emoção.
—Te amo, little brother. – ele diz me apertando ainda mais.
Laura está sorrindo pra gente quando eu solto Miguel. —Vem aqui, mãe da minha sobrinha. – digo a ela, que ri.
—Viu? Tem mais um pro meu time. – Laura diz depois que eu a abraço com delicadeza, eu sei que não é fácil assim, mas Deus que me livre apertar demais e perder a noção da minha força e acabar machucando o bebê.
Abro a caixa e sinto meus olhos marejarem, a caixa tinha uma pulseirinha de ouro já gravada "padrinho". —Depois que soubermos o sexo, gravamos o nome do bebê.
—Ai, eu vou usar pra sempre. – Beatriz diz animada me abraçando. —Fala alguma coisa bocó.
—Não consigo, se eu falar eu vou chorar. – digo e faço todos rirem. — Obrigado por confiarem em mim pra essa função. Prometo que nunca vão se arrepender.
