A claridade entra pela minha janela abruptamente, às vezes as manhãs me fazem sentir como um bebê que acabou de nascer. Minha mãe fez questão de me acordar cedo, enfiou um copo de café na minha mão e falou algumas palavras que eu não entendi, não estava acordada o suficiente para isso. Fui até o banheiro cambaleando de sono, escovei os dentes e prendi meu cabelo que estava horrível!
*BIIIIIIIIPPPP, BIIIIIIIIPPPP*
–SARAH CADÊ VOCÊ???
A voz da minha mãe ecoava pela casa, meu pai estava impaciente no carro buzinando. "Mas que merda tá acontecendo aqui?" Pensei comigo mesma, mas as minhas dúvidas foram sanadas em um instante quando minha mãe disse aos berros que já estávamos de saída para viajar.
–Vem logo! Seu pai já está no carro e a dona Paula já colocou suas coisas no carro!
Dona Paula é a senhora que trabalha aqui em casa, ela me conhece como ninguém! Ela cuida de mim desde que eu tinha meses de vida já que meus pais sempre precisaram trabalhar muito cuidando da empresa. Ela sabe direitinho o meu gosto então nem preciso me preocupar com as roupas que vou usar lá em... onde estamos indo???
Em menos de cinco minutos troquei de roupa e desci até o carro. Meu pai começou a dirigir e eu conectei meu celular no carro para ir escutando e berrando as minhas músicas favoritas. A viagem até que passou rápido, três horas depois já estávamos no nosso destino. Era um lugar muito bonito, não era exatamente um hotel, mas sim um condomínio perto da praia que mais tarde eu iria explorar mas agora eu só queria ficar quietinha descansando antes de sair para almoçar, meus pais já se instalaram em suas respectivas telas para resolver problemas e participar de reuniões enquanto eu me deitei no sofá do apartamento e comecei a ler um livro, o que não durou muito porque logo peguei no sono.
Meu pai me acordou fazendo carinho no meu braço, falando baixinho para não me assustar (totalmente diferente da forma que minha mãe me acordou mais cedo) ele me pediu para escolher um restaurante e foi exatamente o que eu fiz. Nós fomos até lá e a comida era muito gostosa, minha parte favorita foi a sobremesa, uma taça de sorvete de pistache, brownie e brigadeiro.
Quando voltamos vesti um maiô preto com detalhes brancos, coloquei um chapéu de palha e muito protetor solar. O lugar era muito quente e eu muito branca, não queria me queimar e ficar toda dolorida depois. Fui andando até a piscina e me deitei em uma das espreguiçadeiras, tinham poucas pessoas nadando, a maioria eram crianças. Coloquei meus fones de ouvido e...
SWAAAASHNÃO
NÃO
NÃO
Me levantei rapidamente e com muita raiva. ALGUÉM fez o FAVOR de me MOLHAR!!! Eu olhei para a figura embaixo d'água nadando e esperei até que a criatura sem modos colocasse a cabeça para fora.
– Você sabe que é falta de educação pular assim na piscina? Olha o que você fez! Eu me molhei inteira por sua culpa!– disse de braços cruzados em pé na borda da piscina.
– HAHAHAHAHA– o troglodita não parava de rir, eu não estava vendo graça na situação mas parecia que eu tinha dito a coisa mais engraçada do mundo para ele.
– Desculpa, desculpa moça! Na próxima eu tomo mais cuidado pra não deixar a senhora molhada!– ele disse com as bochechas vermelhas depois da gargalhada e foi aí que eu entendi o que se passou pela cabeça dele. Que infantil! Ele claramente não é mais criança com esse projeto de barba no rosto. Me sentei de volta no meu lugar e de vez em quando percebia ele nadando até a borda da piscina na minha frente, olhando pra mim e voltando a nadar em outra direção. Quando ele finalmente saiu da água pude perceber que ele definitivamente não era criança. Parecia cena de comercial de perfume caro, ele saindo jogando o cabelo, o corpo sarado mas não exagerado... já chega não quero saber!
Ele veio andando na minha direção e eu paguei de doida pra não olhar, até que ele parou do meu lado.
– Olha, me desculpa mesmo por mais cedo. Não queria causar uma má impressão... você joga tennis?–
Ele deve tá de brincadeira, né? Mesmo que eu jogasse eu não iria jogar com ele!
– Sim, jogo.– respondi contrariando 100% a minha própria opinião.
– Perfeito! Você vai estar por aqui mais tarde? –
– Acho que sim...–
– Então a gente joga juntos, eu sou o Gabriel– ele disse estendendo a mão na minha direção, eu hesitei mas apertei a mão dele e sorri. Essa é provavelmente a parte em que eu falo o meu nome para ele, mas e se eu falar outro nome? Ele nunca vai descobrir mesmo... é divertido manter um pequeno mistério.
– Meu nome é Bruna!– me segurei para não rir, acho que sou tão infantil quanto meu julgamento sobre ele.
– Beleza, Bruna. Até mais tarde– ele saiu andando e entrou em um dos prédios do condomínio.