" Você parece sozinho... Eu posso te consolar?"

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Eu estava diante daquele infindo vazio, as vozes, as vozes da minha cabeça eram as únicas que eu escutava, pessoas rindo, não, falando, conversando, xingando, não, lutando... Aquilo rodeava e rebeverava nas paredes do meu crânio, batendo, estalando, agoniando, céus, como é agonizante.

Tão tortuoso e agonizante quanto a dor que sentia no meu braço, já estava deitado naquela posição a muito tempo, apontando para o nada, com a cabeça repousada no meu braço, seriam días? Noites? Meses? Anos? ... Séculos.... Pensar nisto me assusta, quando eu posso pensar, creio, que se quer consigo raciocinar primeiro, aquelas vozes ficavam piores, vinham não sei de onde, mas aumentavam, a cada dia aumentavam, cresciam, gritavam, riam, brincavam, não, brigavam, xingavam, rodeando o vazio, reverberando pelas paredes do meu crânio, batendo, batendo, batendo, deus, deuses! Alguém! Só faça isto parar!

Meu olho dói, já não enxergo mais direito do meu olho direito, este era o único que funcionava, o meu esquerdo já estava parcialmente derretido, parcialmente ferido, por minha culpa, na verdade, toda aquela situação era minha culpa, aquele vazio era a consequência de não escutar conselhos, claro, era um conselho tolo, não haveria cobaia que aceitasse aquela locura, não havia monstro que se submetesse a tamanho sacrifício, mas eu resolvi por a mim, eu resolvi tomar aquele último frasco, mas como.... Como diabos eu vim parar aqui? Já não me lembro de mais nada, se quer lembro meu nome, já foi sans? Já foi? Ahm... O que estava falando? Pensando eu @ch0....

- hic! Hic!

Um soluço....

- Ah! Hic!

O que? Ele continua é... Diferente....

- Wahh

Aquele choro é diferente dessas vozes misteriosas, é mais d0c3... Não... É mais sofrida, alguém está encoberto de dor... Será que sou eu?

Toquei em meu rosto tateando minhss órbitas, não sem lágrimas, também, como poderia eu chorar? Faminto e com sede, se quer tenho forças para me levantar.

- Waahhhh!

Aquele grito desesperado não pode ser meu... Aqueles engasgos não saíram de minha garganta.... Espera....

Eu movi meu crânio na direção de minha palma tentando vizualizar a frente, tentando mexer meus dedos, tentei abrir a minha palma, afim de tentar tirar meus dedos da minha visão, assim depois de muito esforço consegui abrir minha mão, vendo muito lá na frente um ponto branco, não, cinza, se mexendo em meio aquele enorme vazio, mas ele estava longe, muito longe.

"Tem alguém aqui?", pensei olhando para o ponto cinza que parecia ter se encolhido abafando aqueles soluços doloridos... Espera... Tem Alguém! Tem alguém aqui!

- H-H- Coff! H-H3y!- Falei tapando a boca em seguida ao escutar minha voz estranha, travada, rouca... O que é aquilo? O que estava-

-Pourquoi personne ne m'écoute ?!

Que? O que aquele ser acabou de falar? Não, espere, eu conheço isto, é outra língua, mas não é inglês, espere... Eu lembro eu tenho que lembrar, não, eu tenho que levantar.

Com toda a força que acumulei durante duas sem se mover, girei meu corpo para o lado, soltando um arfar sofrido, tateei o chão, arrastando com os dedos os meus braços até minha cintura, eu respirei fundo, trêmulo, aquilo poderia ser uma tarefa simples, mas após tanto tempo naquela posição sentia que cada parte do meu corpo pesasse como uma máquina de lavar... Como se cada osso da minha clavícula, úmero, rádio até as falanges, tudo pesasse, e minha caixa torácica seria o mais pesado, carregando o maior fardo que havia naquele vazio, minha alma.

- Je ne peux pas, je ne peux plus, j'aimerais juste pouvoir entendre ! Je veux juste... Je....

Com esforço me levantei, o ser cinza estava chorando e se lamentando em... Francês.... Não entendo muito desta língua, nunca entendi na verdade, mas sabia alguns verbos e o básico, je, eu, ne seria não? Porcoi... Ou pourcoi seria por que? Bem, ele estava triste, isto não precisava de tradução.

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⏰ Última atualização: Dec 22, 2023 ⏰

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Originários do Void.- A errorink fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora