Carmilla's daugther - HAILEE & YOU

Capítulo 1 - Vovó.

S/n Alucard - POV

Era quase noite quando eu procurava pela minha próxima vítima. O vento fresco do fim de tarde se transformando aos poucos em um ar gélido, parecia querer denunciar minha presença naquele lugar. Mas mesmo bagunçando meu cabelo de forma mais feroz, e trazendo um grão de areia aos meus olhos, eu não importava, gostava de senti-lo pelo meu rosto. Afinal, diferente de parte dos vampiros, eu poderia sentir, para além do vento, as transformações do dia para noite em minha pele. A luz do sol há anos já não me assustava mais, o único horário ainda mortal para mim, e para todos nós, era 12:00 am. Pois se existimos mais fortes a meia noite, então tudo que é oposto ao que somos, existe em seu ápice ao meio dia.

Não gostava de caçar nesse período, os pecadores eram mais visíveis a noite. Porém, fazia muito tempo em que não me alimentava de alma inocente, e quando isso acontecia, poderia me tornar involuntariamente perigosa. Precisava, de tempos em tempos, evitar que isso acontecesse. Mas eu não fazia uma escolha aleatória, não se preocupe, as minhas vítimas sempre eram idosos aparentemente solitários. Eles acabavam não fazendo muita falta, e como já tinham vivido muito, eu estava acelerando as coisas apenas. No momento em questão, quando estava procurando por alguém que se encaixasse nesse quesito, por obra do destino ou azar, alguém veio elogiar-me.

- Seu cabelo é tão lindo, minha querida - Disse uma senhorinha gorducha quando passei por um banco.

- A senhora é muito simpática! Aliás, pelo menos meu cabelo está bonito, já que minha pele está tão ressecada. - Alarmar indiretamente para uma idosa sozinha, que você está precisando de conselhos é o mesmo que por vermelho em frente a um touro: eles correm para você.

- Chegue um pouco mais perto para que eu possa te ver - Então, sentei-me ao seu lado, sabendo que estava no caminho do que eu queria.

- Está usando maquiagem? - Balanço minha cabeça em afirmação, mas não estava usando. - Por isso não vejo tanto o ressecamento então, mas eu sei de um creme tiro e queda pra isso.

Ficamos cerca de 15 minutos falando sobre sua juventude e como odiavam protetor solar e amavam torrar no sol. Agia como se não soubesse de sua época até melhor que ela mesma. Afinal, eu não tinha pressa, e muito menos impaciência.

- Bom, eu preciso ir agora mocinha. Mas não se esqueça do creme que te falei. - Ela disse se levantando com a rapidez que a idade permitia.

- Espero me lembrar quando chegar em casa, já que não tenho nada pra anotar aqui. - Sorrio pra ela de forma pidona

- Sabe, a minha casa não é tão longe, se quiser me acompanhar posso te dar um pote sobrando que tenho lá. - Bingo, eu tinha pego ela.

Andávamos calmamente em ruas de classe média do bairro. O sol estava para ir embora, e refletindo um pouco, aquele era um bom dia para morrer. Quando chegássemos lá, e ela me convidasse para entrar, faria de tudo para que fosse rápido e indolor, pois uma morte rápida era o que essa senhora merecia.

- Ah eu moro aqui há pouco tempo, me mudei pra ficar mais perto dos netinhos. Eles são quatro: o Pedrinho, a Martina - Eu estava me preparando para pedir fotos das crianças e angariar mais sua confiança, porém, quase paralisei quando senti um cheiro muito forte de podre. Sim, carne podre. Era extremamente desconfortável, e repugnante, mas infelizmente um odor muito conhecido por mim, pois se tratava de uma pessoa recém transformada em vampiro.

- Querida? Está tudo bem? De repente ficou tão calada - Droga.

- Um dos nomes me lembrou um parente meu há muito tempo falecido.

- Sinto muito linda, a saudade de quem se foi é horrível. Eu nem tenho medo de morrer, mas sim de como vou deixar meu filho. Ele é muito sensível, e o pai já se foi. - Peguei em sua mão e esbocei meu melhor sorriso de coitada. - Mas vamos encerrar o assunto, certo? Você está sendo tão boazinha comigo, não quero te ver triste. Aliás, minha casa é aquela amarela.