Bônus

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Oi, Abelhinhas

Voltei aqui para agradecer vocês por esse ano maravilhoso e deixar um "presente" de Natal.

Perto de subir o livro na Amazon, consegui escrever um capítulo que entrou como bônus por lá.

Vou deixar aqui até o dia depois do Natal.

Espero que vocês gostem.







Os dedos percorrendo lentamente a pele macia, enquanto ele cochicha algo em seu ouvido, tirando dela aquela reação de timidez e curiosidade que conheço tão bem, me causa um aperto no peito, um bolo ácido na garganta

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Os dedos percorrendo lentamente a pele macia, enquanto ele cochicha algo em seu ouvido, tirando dela aquela reação de timidez e curiosidade que conheço tão bem, me causa um aperto no peito, um bolo ácido na garganta. Tento empurrar essa sensação de volta para onde quer que tenha vindo, engolindo um gole grande da cerveja gelada que agora parece ainda mais amarga.
— Cara, para de encarar eles com esse olhar assassino —Theo comenta ao meu lado bebericando o chopp.
— Eu não sei como você tem o sangue-frio de deixar ela sozinha com aquele cara. Era para eles estarem aqui, perto da gente.
— Minha irmã já é grandinha o suficiente pra não precisar de supervisão. — comenta com um desapego que formiga minha pele. — Além do mais, não sou eu quem vai bancar o empata-foda.
Engasgo e percebo que meu amigo fez de propósito, pela gargalhada que o sacana dá, atraindo os olhares de todos. Inclusive do embuste que tá cercando a minha Nina. Digo, a minha amiga. Ele ergue o copo em nossa direção, eu aceno e Theo ergue o copo dele.
— Mas você tem razão numa coisa, ele é um babaca mesmo.
— Você não acha melhor ir lá mijar na Nina e marcar território? — Julie revira os olhos e sinto meu rosto arder por deixá-la sozinha a maior parte da viagem.
Desde que esse cara se aproximou de Nina, todas as vezes que comentaram sobre a natureza do meu cuidado e cumplicidade com a irmã gêmea do meu melhor amigo ecoa como um lamento.
Eu não posso querer a garotinha delicada e tímida que sempre protegi dessa forma. Ela é quase uma criança.
Hipócrita.
Se Nina fosse realmente uma criança, Theo também seria.
E eles são pouco mais de dois anos mais novos que eu. Apesar do meu amigo fingir que é o mais velho quase sempre.
Nina encontra meus olhos observando e dá um sorriso que é nosso código para me dizer que está bem.
A mesa balança e sinto Julie bater com força em meu ombro quando passa para a área dos sanitários.
— Ela está passando mal? — pergunto a Theo, que se afasta da garota com troca carícias, me encarando como se eu tivesse falado um absurdo.
— Além do cara com quem ela acha que namora, se revirando de ciúmes por outra?
— Não é ciúmes, é cuidado. Você sabe…
— O que eu sei é que você cerca a minha irmã e tá acostumado a ser o mundo dela. Só deixa ela ser uma garota de dezoito anos normal que dá uns amassos.
— Ela… — o olhar do meu amigo me cala.
Estou com ciúmes de Nina. Minha vontade é arrastá-la de volta para a pousada, nos trancar num quarto e fingir que não existe mais nada no mundo.
Entro pela passagem estreita do bar que prometia ser uma das melhores experiências dessa viagem. Jogo água fria no rosto e me encaro no espelho, lembrando do meu pai perguntando:
— Tem certeza que é uma boa ideia, Gabriel?
Não era. Eu sabia que não era, mas quis me enganar.
Quando Julie exigiu vir junto, eu devia ter negado. As piadinhas com a proximidade a Nina, que já estavam me incomodando muito mais que o normal. As discussões e o afastamento ao longo dos dias.
Péssima ideia.
Menti para mim mesmo que seria uma viagem para a galera se entrosar e aproveitarmos juntos. Era uma receita do caos, e eu fui um chef bem dedicado.
— Cara, aquela gostosinha é virgem, né?
Eu vou socar esse desgraçado.
Expiro forte soprando o ar, miro atravessado, enxugo as mãos e caminho para fora.
— Não é porque você não tem coragem pra comer a neguinha que ninguém vai ter.
— Se afasta dela — eu grito e empurro, que esbarra na parede rindo.
— Mas o playboy é um frango mesmo — responde rindo.
Meu único pensamento é tirar Nina daqui. Ele vai machucá-la.
Eu arrancaria meus dois braços antes de permitir isso.
— Nina — me aproximo dela que está distraída digitando no celular. — Vamos embora.
Ela me encara franzindo a sobrancelha e apertando o lábio inferior de um jeito que me acostumei a ver a vida toda. E comecei a achar sexy ultimamente. Eu quase sempre queria me chutar por achar algo nela sexy.
— Parece que vai ter música ao vivo em outro local, vamos para lá — minto descaradamente.
Como vou dizer a ela que meu ciúmes e a sensação constante de que devo protegê-la foram alimentados pelo embuste que tá flertando com ela.
— Gabo, eu… não sei. Talvez seja melhor você e a Ju irem — responde com a voz doce que eu amo tanto ouvir, mas olhando por cima do meu ombro. — E o Henrique já está voltando, talvez queira ir com a gente.
— Ele não — respondo ríspido e o entendimento se reflete na expressão magoada dela.
— Sério, Gabo? Você não pode parar de me tratar como criança? Eu e o Theo nascemos no mesmo dia, lembra? — vira de costas para mim murmurando achando que não consigo ouvir. — Inacreditável.
Eu escuto tudo que ela diz, sempre. Vejo tudo que ela faz. Sinto tudo quando ela está perto. Observo cada reação dela a todo momento.
Eu amo Nina muito mais do que como amiga, como cúmplice, como alguém que cresceu comigo.
E é isso.
Eu e ela crescemos. Eu não sou mais o garoto que liderava a turma nas brincadeiras e ela não é mais, há muito tempo, a irmãzinha do meu melhor amigo.
— Perdeu alguma coisa aqui, playboy? — a voz irritante do tal de Henrique me arrepia num mau presságio.
Nina me olha condescendente, me viro para encarar o mau-caráter que permiti se aproximar dela e congelo. Os olhos vidrados, o nariz levemente avermelhado, a agitação com que ele se movimenta.
Preciso tirar Nina daqui agora. Esse cretino se drogou naquele banheiro. Nem fodendo que vou deixar ele chegar perto dela de novo.
— Vem comigo, Nina — a expressão confusa no rosto dela me preocupa. — Por favor. Eu não vou sem você.
— Mas você vai, sim, playboy. Perdeu sua chance.
— Por favor, Nina. Eu prometo que te compenso depois. — Ignoro essa criatura, meu foco é afastá-la dele.
— Vai compensar como?  O que ela tá procurando você não tem coragem de dar. Ou agora quer comer essa putinha?
O choque no rosto de Nina me machuca. Se eu pudesse, nunca permitiria que ela passasse por isso.
— Só cala essa boca — respondo dando a atenção que ele não merece.
Nina abaixa a cabeça apertando as mãos. Eu sei que ela está quase chorando. Os ombros finos movendo para cima e para baixo, a língua passando pelo lábio inferior preso pelos dentes, a respiração controlada.
— Qual foi? Achou que eu ia brincar de casinha? — o imbecil está alterado pelo que usou no banheiro e gargalha achando que contou a maior piada.
Nina se encolhe no banco e vê-la assim me quebra.
— Só vai embora, cara.
— Eu já gastei muito com essa pu… — ele não termina meu punho fechado encontra a lateral do queixo dele.
Escuto Nina arquejar, ouço a voz de Theo chamando meu nome. Minha atenção está em desviar do revide do tal Henrique.
Ele vem com tudo para cima de mim, eu só desvio. Ele está movido pela raiva e pela substância que usou. Não quero brigar. Poucas vezes briguei assim na vida.
— Tira sua irmã daqui — grito para Theo, que se aproxima e puxa Nina pelos ombros.
O sujeito vem em minha direção, tentando acertar uma cabeçada na altura do meu abdômen. Eu me afasto e ele fica mais cego de raiva quando não me acerta.
— Vou acabar com sua raça, playboy— ele brada se lançando contra mim de novo, sendo respondido pela algazarra dos outros frequentadores do barzinho.
Não sei como ou onde, mas só vejo Henrique cambalear, perdendo o equilíbrio e dançar no ar em direção à quina de um dos balcões.
De repente, ele escorrega desacordado, deixando um rastro de sangue que logo vira uma poça.
— Morreu — alguém grita e eu congelo.
Theo abraça Nina e Julie observa tudo com os olhos arregalados, segurando o braço do meu amigo com as unhas.
Tenho a sensação estranha de que percebo tudo com muito mais detalhes, principalmente, a poça viscosa e vermelha que aumenta no chão.
— Eu acho que matei alguém

— Eu acho que matei alguém

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Um Encontro com o pai do meu alunoOnde histórias criam vida. Descubra agora