Um Namorado Para O Papai

Mudança De Visual

Eu tô vendo você começar a ler sem votar na estrelinha hein.  ⭐

Boa leitura

Meu pai queria que eu cortasse o cabelo o mais rápido possível, achando que era isso que me tornava gay ou fazia as pessoas, principalmente homens, me verem dessa forma, mas por conta do corte no alto da minha testa, minha mãe o convenceu a esperar um pouco. Porque quem é que fosse cortar meu cabelo perguntados sobre aquele corte e o outro no meu rosto.

Ainda assim ele não estava nenhum pouco satisfeito com isso, se pudesse ele mesmo cortaria meu cabelo com uma faca cega da cozinha, foi o que ele disse aos berros para minha mãe. Desde então ele evita olhar para mim, nem mesmo ficar no mesmo ambiente que eu, enquanto minha mãe continua dizendo que preciso rezar mais e pedir para que Deus faça uma mudança na minha vida, para que me torne um homem. Eu apenas concordo e digo que estou fazendo isso, que estou me esforçando o máximo que eu posso, que o que aconteceu nunca mais vai acontecer de novo. Assim ela fica tranquila, mas eu acho que até mesmo ela sabe que eu estou mentindo, mas ela não se importa, porque talvez eu tenha que mentir pelo resto da minha vida, então ao menos tenho que aprender a ser convincente.

Busquei evitar um confronto direto com eles, porque sabia que não daria em nada, pois como diz os dez mandamentos, devo honra-los para ter uma vida eterna no céu. Não que eu me importasse com isso, mas eles se importavam e queriam garantir a minha vida eterna no céu, por isso nunca me ouviam em casa, eu deveria apenas concordar com tudo o que dissessem. Se eu discordasse do que minha mãe dizia, tentasse explicar que eu não havia escolhido ser assim mas sim que havia nascido dessa forma, as coisas iram piorar muito. Não duvido nada que ela queira me levar a um psicólogo ou me interne em alguma clínica de conversão sexual; um outro nome que inventaram para tortura. Morro de medo disso, e sofro por aqueles que passam e que tem que passar por algo assim.

-Gustavo o que aconteceu com você? -Clara perguntou assustada assim que olhou para a minha cara, isso porque nem dava para ver o corte da minha testa escondido por debaixo dos meus cachos.

Mas ainda assim, quando viu o corte na minha bochecha, ela foi logo procurando por outro ferimento, levantando o meu cabelo e encontrando o segundo.

-Eu só cai. Tropecei. Sabe que eu sou um pouco desengonçado.

-Assim como eu sei que você é um péssimo mentiroso. O que é estranho para alguém que consegue inventar uma história inteira sobre magia.

-É sério Clara. Tá tudo bem. -Disse virando o rosto e dando as costas para ela.

Quando me virei ela segurou no meu pulso e me obrigou a olhar para trás de novo.

-Se você der as costas para mim e não contar o que aconteceu. Pode esquecer a nossa amizade, porque significa que não confia em mim.

Suspirei fundo. Mas não podia contar naquele momento porque as aulas logo começariam, o sinal para que fossemos para sala de aula já havia tocado. Então disse que contaria a verdade para ela no intervalo e foi o que fiz. Sem esconder nenhum detalhe, antes teria dificuldade de fazer isso, mas ela já tinha lido o meu diário e tudo o que tinha escrito nele, então pela primeira vez consegui contar para ela a história pessoalmente, tanto o que tinha acontecido quando sobre os medos que tinha dos dois.

-O que? Os pais deviam proteger e apoiar os filhos. Não machucar eles. -Clara disse completamente indignada. Foi aí que percebi que a criação dela tinha sido completamente diferente da minha.

-Mas as vezes não é o que acontece. Agora só estou esperando sarrar mais um pouco para poder cortar o cabelo.

-Mas o seu cabelo é tão lindo. Não tem ninguém na escola com um cabelo cacheado assim. Isso é tão injusto.