Entre Grades e Sentimentos: Caminhos Traçados

Capítulo 1

Odeio escrever com todas as minhas forças, mas acabei criando essa fanfic em um momento de surto.

Então leiam antes que minha consciência me mande apagar 🌈

Nunca em toda sua vida havia sequer passado na cabeça de Macarena que um dia poderia acabar em um lugar como aquele, nem em um milhão de anos, piores pesadelos ou pensamentos mais obscuros. As noites em Cruz Del Sur eram horríveis para todos, esse era um fato inegável por qualquer pessoa sã que conhecesse minimamente aquele lugar considerado tão desprezível a ponto de ser odiado pelos dois extremos, mas conseguia ser ainda pior aos olhos de uma novata.

As detentas tinham que lidar com os constantes riscos de serem mortas por uma desconhecida enquanto dormiam, o que tornava praticamente impossível a tarefa de alguém ali conseguir descansar de verdade ou ter mais de 30 minutos de sono ininterruptos. Até mesmo relaxar era uma tarefa impossível, os carcereiros também conviviam com o medo de serem atacados caso uma rebelião se desencadeasse, então abusavam da força como método de prevenção, o que só acabava por gerar ainda mais raiva.

Macarena sabia que apesar de estar em uma prisão, a forma como todas eram tratadas poderia facilmente ser considerada desumana se parasse para pensar que apesar de algumas terem cometido crimes, muitos desses sendo até evitados de comentar por serem considerados realmente hediondos pelas próprias detentas, se tratavam de seres humanos.

Seu pai trabalhara grande parte da vida como policial, mas apesar de sempre estar mergulhado em alguma investigação, fazia questão de nunca deixar de estar presente na vida de Macarena e lhe passar seus ensinamentos. Não tinha do que reclamar, vivera toda sua vida cercada de carinho e familiares amorosos, sem perceber que aos poucos estava entrando cada vez mais na bolhinha em que foi colocada, principalmente por seu pai, que ao seu ver era como um verdadeiro super herói, tornando ainda mais fácil seguir fielmente tudo o que dizia sem nem mesmo questionar.

"Não xingue, não machuque ninguém, não roube, não consuma drogas ou álcool."

A voz dele ainda ecoava em sua cabeça como se estivesse ali na sua frente nesse momento, até podia vê-lo sentado em sua poltrona, uniforme aberto e o rosto cansado após um longo dia de trabalho, o que fazia com que seu peito apertasse ainda mais.

Esse era um mundo totalmente novo, no qual havia aprendido rapidamente a odiar com todas as suas forças ainda existentes. Passava longas e dolorosas noites em claro se questionando a que ponto as pessoas chegaram de lhe dizerem com tanta certeza que merecia estar ali, a largando pra afundar naquele lugar, mesmo que repetisse diversas vezes que era inocente.

Envolveu as próprias pernas em um abraço apertado, mais uma vez estava chorando em silêncio sentada no canto de sua cama, aquilo havia se tornado uma rotina dolorosa desde que chegou à prisão. A cruel saudade que sentia de seus familiares apertava mais a cada minuto que passava, sendo somada ao medo constante de todas as outras mulheres ao seu redor, o que só fazia com que aos poucos se isolasse de qualquer tentativa mínima de contato.

Soledad, a detenta mais gentil que conhecera em seu primeiro dia, adentrou a cela da usual forma engraçada que sempre andava, esboçando um fraco sorriso. Macarena havia conversado poucas outras vezes com a mulher, era a única por quem não se sentia ameaçada, então não se importou em lhe confidenciar o quanto aquele lugar a fazia sentir que não iria aguentar sequer mais uma semana.

‐ Tudo bem, querida? - Parou próxima a cama, esperando pacientemente por uma resposta.

- As coisas estão indo... - Limpou rapidamente as lágrimas, erguendo a cabeça pra encarar o olhar amável da mais velha. - É que a vida aqui é bem diferente.