Capítulo 6

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A casa não era grande mais parecia bem aconchegante. Havia um belo jardim, com vários tipos de flores dos dois lados, perto da cerca com os vizinhos, e a grama era verdinha e bem aparada. As paredes parecem que já foram pintadas de branco um dia, mas agora eu não tenho tanta certeza: uma planta crescia pelos muros, subindo quase até as janelas do segundo andar e enfeitando tudo de verde.

Desliguei o carro e andei pelo caminho de pedras que levava à porta da frente.

Bati.

Uma mulher por volta dos cinquenta anos abriu a porta. Tinha olhos azuis, mas não tão claros quanto os de Louis, pele pálida e um cabelo grisalho preso em um coque frouxo. Mesmo assim, ela continuava sendo bonita.

- Olá? - Ela disse, com uma interrogação na voz.

Gaguejei:

- B-Bom dia. É... Bem, Louis disse que eu podia passar aqui hoje, por causa de um trabalh...

Fui cortado por um gritinho fino que descia a escada no interior da casa. Uma menininha surgiu correndo, rindo e gritando. Parecia uma bonequinha: também cabelos pretos, olhos cor de mel e perninhas gorduchas sob um vestido floral. Devia ter cinco ou seis anos.

Ela correu até a mãe e se escondeu entre suas pernas, espionando e sorrindo.

E então ele apareceu.

Usava uma máscara do Hulk e estava sem camisa, apenas com a mesma calça rasgada de sempre e

- BUUUUUÚ! - Gritou pulando os três últimos degraus da escada e caindo com um som forte no chão, os pés descalços virados para fora e os braços abertos. A menininha gritou e a mulher pareceu ficar vermelha de vergonha.

E então o rapaz parou e perdeu a pose de monstro que fazia de repente. Empurrou a máscara para cima e exibiu o rosto.

- O que você está fazendo aqui? - Louis resmungou, mas dava para ver que ele estava com vergonha: seu rosto estava vermelho.

- Você disse que eu podia...

- Por favor, entre. - Disse a mulher, afastando-se para me deixar entrar.

A sala era pequena e tinha só um sofá branco, uma televisão grande e uma mesinha se centro com flores em um vaso. Tudo era limpo, perfumado e organizado.

- Mãe, vou para o quarto. Não deixe Félicité ficar batendo na porta, ok? - Louis falou e depois fez um sinal com a cabeça para que eu o seguisse.

Subimos a escada e entramos na primeira porta.

O quarto não era nada como eu esperava!

As paredes tinham a cor original preta, mas estavam completamente cobertas por desenhos de todos os tipos. Uma árvore cheia de galhos secos e frutas esquisitas cobria uma parede como um todo e centenas de fotos pareciam estar penduradas em seus "galhos", presas por finos fios. A cama era de solteiro e muitos desenhos em papel estavam colados em cima da cabeceira. No teto, constelações perfeitas estavam desenhadas, dando impressão que você estava a céu aberto.

Ao lado direito da cama estava uma escrivaninha pequena e ao lado dela, ainda mais a direita, havia uma janela de vidro. Um armário de duas portas estava na outra parede, ao lado de algumas prateleiras repletas de livros.

Me perdi observando tudo.

Louis pegou uma camisa e vestiu, logo depois de jogar a máscara no chão, e virou-se para mim:

- Enfim, bem-vindo. Pode sentar, se quiser.

Eu estava nervoso. Meu estômago embrulhou.

- Quando cheguei, pesquisei algumas coisas e tive uma ideia muito boa. - falei. - É claro que eu não poderia fazer isso sozinho, mas depois de ver seus desenhos, essa ideia surgiu.

- Meus desenhos? Com biologia?

Assenti.

E então contei resumidamente o que pretendia. Claro, ainda faltavam muitos detalhes, mas aquilo podiámos resolver ao longo do tempo.

-x-

Nós não estávamos apenas rindo, estávamos morrendo. Minha barriga doía e eu não conseguia respirar direito.

- Eu... tenho... outro! - Disse Louis, agarrando o travesseiro e tentando falar em meio às risadas e ver seu esforço me fez rir ainda mais. Rolei no chão até fazer uma bolinha, com todos os meus músculos doloridos.

- Arquipotauro! - Ele finalmente falou e depois rolou para o lado, saindo do meu campo de visão. De repente, escutei um POF barulhento e soube que ele tinha caído da cama. Ergui o corpo ainda sem força e o vi vermelho de tanto rir, jogado do outro lado da cama, no chão.

Pesquisamos por algumas boas horas os detalhes da minha ideia e percebemos que ela era totalmente viável. Infelizmente, acabamos lendo muitos nomes bizarros no meio do caminho. Nessa onda, começamos a rir e criar outros nomes, que poderiam ser usados um dia para classificar uma nova doença encontrada ou um dinossauro até então desconhecido. Eu tinha que admitir que Louis era bem mais criativo que eu. Aquele era o resultado disso: dois homens jogado no chão e sem força para levantar.

Deitei ao seu lado, parando de rir aos poucos e tentando controlar a respiração.

- Você é muito mais divertido do que aparenta nessas roupas pretas! - Comentei, não sei bem o porquê.

Ele sorriu e me olhou.

- Cuidado, eu ainda posso morder o seu pescoço. Essa cama é só enfeite! Eu durmo na árvore lá fora, de cabeça para baixo.

Comecei a rir de novo e ele me seguiu. O quarto estava escuro e consegui ver todas as estrelas pintadas no teto, brilhando fortemente.

Ele viu meu olhar de interrogação e explicou:

- Elas brilham no escuro. A tinta foi bem cara, mas realmente valeu a pena.

Olhando aquilo tudo, tão maravilhoso. Sim, vale a pena.

Sorri, encantado e então o olhei.

Louis estava relaxado, os braços sob a cabeça e as pernas esticadas. O cabelo estava um ninho e os olhos pareciam mais escuros que o normal. A pele estava pálida e os músculos visíveis: um peitoral magro, porém bem definido, com linhas fortes, os ossos do quadril eram bem evidentes.

Ele é lindo.

Pisquei os olhos quando ele se virou para mim.

Por que eu estava pensando isso?

Mas antes que eu pudesse fazer mais perguntas desconexas, meu telefone tocou.

Meu corpo se tensionou. Eu não precisava pegar o aparelho para saber o porquê dele estar tocando.

- Merda! Merda! Merda! - Fiquei em pé com um pulo e olhei o relógio digital do quarto.

19:16.

- O que foi? - Perguntou Louis, alarmado. Suas mão agarraram a camisa que tinha sido jogada na cabeceira da cama pouco tempo antes.

- Meu jogo! - Gritei. Peguei minha jaqueta do chão e abri a porta. Desci as escadas correndo com Louis me seguindo.

Félicité estava sentada assistindo um programa infantil e a Sr. Tomlinson estava na cozinha, cantarolando baixinho enquanto fazia o jantar.

Olhei para Louis.

- Vem comigo.

Ao mesmo tempo, Fizzy gritou do sofá:

- LouLou, assiste desenho comigo!

Ele revezou o olhar entre nós dois e depois gritou para a mãe:

- Mãe, to saindo. Não sei de que horas volto! - Abraçou a irmãzinha e sussurrou alguma coisa para ela. Fizzy assentiu, sorrindo.

Sem querer, abri um enorme sorriso. Ele iria assistir meu jogo... Que por sinal começava em meia hora.

Segurei o braço dele e saimos juntos da casa, correndo em direção à minha picape.

Acelerei tão forte que o barulho ecoou em toda a vizinhança.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora