O pastor dissertava sobre alguma parábola bíblica. Senti meus dedos suando em contato com a mão de Jorge, que costuma passar todos os cultos a segurando firmemente, como se dissesse que não me deixaria fugir. Olho para ele e nossos olhos se cruzam, ele sorri e sussurra um "eu te amo". Não posso deixar de sorrir e imaginar o quão sortuda eu sou.
Jorge é bonito de uma forma não esnobe, de um jeito que parece que nem ele mesmo sabe o quão belo é. O namoro se iniciou um pouco depois que meus pais passaram a frequentar à igreja como forma de salvar o casamento. Jorge não pestanejou e começou a nos acompanhar em todos os cultos, mas as palavras do pastor pareciam fazer mais sentido para ele do que para mim.
Continuo sentindo o suor salpicar a palma da minha mão e instantaneamente lembro dos meus dedos ao redor do braço de Carla. Enquanto a voz do pastor ecoa na minha mente, meus pensamentos são abduzidos para a sensação da pele pálida e macia de Carla em meus dedos, a pele de quem provavelmente não pegava sol há semanas. Instintivamente, me questiono se o resto do seu corpo também seria tão macio. Meus pensamentos migram para as faixas brancas em seus pulsos, como deveria estar aquela parte da sua pele? Como Carla trocou a pele macia dos seus pulsos por cortes profundos que a levaram ao hospital, e de lá para uma clínica psiquiátrica?
Por um segundo, quis voltar no tempo e ter dito a Maitê o quão errada ela estava por falar daquela forma com Carla. Quis dizer que Maitê deveria ir e continua ouvindo Carla dizer como o curso de Teatro a ajudaria a viver outras vidas. Quis viver eu também outra vida.
- Está tudo bem? - as palavras de Jorge me tiram do transe.
- Oi. Sim. Por quê? - pergunto assustada.
- Suas mãos não param de suar. - Jorge fala baixinho ao mesmo tempo em que o pastor encerra o culto. - Vamos? Quero te levar em casa.
No caminho, conto ao meu namorado como foi a tarde. Escondendo, contudo, que por alguma razão segurei Carla e fiquei sem palavras ao olhar para ela. Jorge concorda que Maitê foi sem noção, mas antes de me deixar na porta de casa diz. - Promete que vai tomar cuidado com essa amizade? Não quero que você acabe entrando nas loucuras dessa Carla.
"Loucuras dessa Carla." Será que é isso que falariam de mim caso meus pais não tivessem solucionados seus problemas conjugais? Caso eu tivesse sucumbido à depressão e cortado meus pulsos por não suportar a ideia de ver minha família destruída? Instantaneamente solto a mão de Jorge. Ele percebe minha reação e conserta.
- Não quis dizer loucura. Quis dizer problemas. - mas meu olhar furioso faz ele entender que não funcionou. - Lis, amor, não quis ser insensível.
Jorge me puxa para perto e me beija. Seus lábios são quentes e sua língua molhada invade minha boca. Suas mãos percorrem meu corpo de forma lenta e milimétrica, uma em minha nuca, segurando meus cabelos de forma apertada, a outra em minha cintura, quase que pedindo permissão para descer um pouco mais e tocar em lugares que seus dedos nunca chegaram.
Me aconchego mais, o puxo um pouco mais para perto. Minha respiração acelera conforme sua língua desbrava minha boca. Seus dedos descem alguns centímetros e tocam a parte de cima do meu bumbum, que nesse momento já estava empinado. Jorge aperta sua mão em minha nuca, puxando meus cabelos de uma forma boa, ao mesmo tempo em que aperta sua mão em minha bunda, fazendo com que suba em mim um calor inesperado. Colo ainda mais nossos corpos e sinto que seu pênis está ereto, sem pensar, direciono minha mão e o toco carinhosamente.
Nesse momento, Jorge descola nossos lábios e sussurra. - Não podemos fazer isso ainda. Desculpa.
Nossos corpos se separam e imediatamente sinto falta de sua língua quente e molhada em minha boca, bem como dos seus dedos emaranhados em meus cabelos.
- Claro que nós podemos. - digo contrariada.
- Você sabe que não é certo, Lis. Mas se você quiser casar comigo...
Ele solta as palavras proibidas.
As crenças religiosas fazem Jorge crer que a intimidade sexual é algo reservado para o matrimonio, no entanto, nunca quis me casar com 17 anos. Me despeço de Jorge com um abraço frio e entro.
Já em minha cama, rememoro os eventos da noite e volto ao momento em que pus minha mão no órgão ereto de Jorge. Sinto toda a dureza novamente e imagino que estamos sozinhos em um quarto. Minha mão desce para minha vagina que está quente e começa a fazer movimentos leves.
"Jorge - seu pênis duro - sua mão em minha bunda - nossa respiração pesada - sua língua molhada" continuo mexendo meus dedos em busca de um orgasmo. " Jorge - seu pênis - meus dedos ao redor do braço de Carla - a pele macia - o gloss nos lábios". Meus pensamentos voam e eu perco totalmente o controle sobre eles, me imagino tocando a nuca de Carla, será que é tão macia quando seu braço? me vejo encostando meus lábios nos seus, sentindo o sabor do gloss, a doçura em sua saliva " Carla - doçura - macia ". Imagino seu cheiro, sua pele, seu toque, imediatamente meu corpo treme como nunca e eu atinjo o ápice do prazer, me permito a soltar um gemido baixinho.
Não foi necessário mais que alguns segundos para a culpa cair de forma pesada em meus ombros. Como permiti que meus pensamentos migrassem do meu namorado para uma menina qualquer? Sinto o peso semelhante ao da traição e escondo meu rosto envergonhado sob o lençol, tentando me esconder de mim mesma. Assim, adormeço sem mesmo perceber.
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Minha Melhor Amiga - Romance Sáfico
RomanceAté um amor errado é válido? Elis nunca pôde reclamar da vida que leva. Sua família é um pouco religiosa de mais, mas os pais sempre a amaram incondicionalmente e fazem de tudo para ver sua felicidade. O namorado a ama, disso ela não tem dúvidas. Su...