Não posso negar, ainda sinto borboletas ao te ver, mas sua paixão não é saudável, e gosto de fugir do que não faz bem para a saúde, exceto hambúrguer. -Ela conversava novamente com a foto dele-
Pôs Mallu Magalhães o mais alto possível na tevê e dançou de olhos fechados, abraçando o vento e aos berros cantou do fundo da alma: "nem vem tirar meu riso frouxo com algum conselho que hoje eu passei batom vermelho. Eu tenho tido a alegria como um dom, e em cada canto eu vejo o lado bom." E não é que o seu Cazuza, sim, o Chico dela estava fazendo-a tão bem? Ela estava linda, radiante. Cheirosa como sempre, mas exalando um ar de alegria. Distribuía sorrisos e procurava poesia nos sorrisos alheios.
Como ela amava ler! Amava observar cada detalhe da correria do dia a dia, e vez ou outra debater sobre política, pois ela achava que era saudável, aliás, política em sua concepção era o que estabelecia leis para melhoria do nosso modo de vida, o problema era que ultimamente a tal da "democracia" não caminhava pelas ruas do seu Brasil. Ah! O Brasil, ela o amava. As praias do Rio, o céu do Nordeste, as comidas da Bahia, a música do seu país então... Nada a confortava mais que um bom samba antigo, e um livro interessante, que a fizesse viajar no balanço da rede, como um astronauta no espaço.
Helô saiu de casa às 17h da tarde e foi de bicicleta comprar algumas coisas no mercado (ela queria comer um baita prato de brigadeiro de panela). Estava escurecendo e um garoto, de aparentemente 10 anos estava sentado no meio fio, com frio, e ela se compadeceu e pôs seu casaco sobre os ombros do menino e perguntou o seu nome, então ele respondeu:
-me chamo Fernando, mas os meninos da rua, me chamam de Nando. -Nando? Reis? Rsrs, ela pensou..-
-Que nome lindo! Mas por onde anda a sua mãe?
-Tia, -ele disse quase parando- não tenho mãe. -Ela pôs sua mão em seu rosto para dizer que sentia muito e percebeu que Nando estava queimando de febre e naquele momento mandou que ele se sentasse na garupa da bicicleta e levou o menino tão doce ao hospital.
Foi diagnosticado: garganta inflamada. Helô pegou um dinheiro que tinha guardado em sua casa e pagou os remédios que o hospital não proporcionava.
Saindo dali, ela sabia que ele precisava de cuidados, mas como o colocaria em sua casa sem ao menos o conhecer? Sinceramente, pouco a importava ele levar algo dela, já tinha tomado seu coração e sem hesitar ela disse: você precisa comer. Vamos para a minha casa? Cuidarei de você e te agasalharei.
Nando caiu em prantos e a abraçou tão forte. Então ela segurou-o colado ao seu coração, e sussurrou "estranho seria se eu não me apaixonasse por você". Ah! Nando havia balançado suas estruturas, como sempre, Helô não resistiu a um belo olhar.
Eles foram para a casa de Helô e comeram muito chocolate e dormiram no sofá, no meio de um desenho estranho que passava.
Ela estava louca para contar seu dia incrível, talvez o melhor de sua vida, para seu misterioso amor. Dizer a ele que enquanto ele viajava e não pôde encantar sua semana com suas lindas palavras, ela havia encontrado um Nando Reis por acaso na rua, e que ele era pura poesia.
Então mandou uma mensagem para o celular dele, mesmo sabendo que ele não veria tão cedo, que dizia: "meu bem, estou louca para te contar o que me aconteceu essa semana. Espero que esteja bem, e aguardo ansiosa pela sua volta. Precisamos concluir nossas teorias Cósmicas. Um beijo enorme da sua Lohê."
Enquanto a mensagem perambulava pelo local em que ela fica hospedada antes de chegar ao seu destino, tinha um rapaz sentado na cama cantando aos berros a gravação de Relicário, cantada por Nando e Cássia Eller: "O que você está dizendo? Um relicário imenso deste amor." E pensando em sua Lohê.
Mais uma coincidência desse universo louco: ele sentia a falta do som da risada dela, e ela dos olhos mais incríveis que já tinha visto. Ambos estavam dando trela ao tal amor, um amor saudável, com dieta de ciúme, ego e brigas.
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O Misterioso Acolhedor de Alma
RomanceEra chegada a tarde. Uma tarde quente, como todas costumavam ser, para Helô! Ela havia saído cedo para espairecer, esquecer uma dor antiga, mas cada vez que olhava o mundo, Vicente vinha à sua mente. Helô era culta, e um pouco inconformada com as "...