A Estranha Rua Pérolas

Prólogo: Morte em Festa

- 1954 -

O casarão Marlowe, erguido com esplendor em meio a um bairro arborizado na Rua Pérolas, ostentava elegância. Suas paredes de pedra imponentes e janelas de vitral encantavam todos que passavam. No espaçoso salão de festas, seus eventos eram glamurosos, com danças, risos e músicas que ecoavam por toda residência.

Em uma noite fresca de verão, o casarão transbordava festejos. Cavalheiros trajavam ternos elegantes de linho, moças de estonteantes vestidos de seda, uma fragrância de champanhe corria livremente pelo ar do salão decorado, drinques e variados quitutes eram servidos pelos garçons às mesas.

Victor Marlowe, o patriarca da casa, desfrutava de sua festa extravagante para celebrar suas bodas de marfim. Conversava com seus colegas de trabalho ao lado de sua linda esposa, Isabelle. Uma jovem moça com a beleza de uma musa grega. Seu rosto parecia ter sido esculpido por querubins, suas bochechas eram róseas e seus lábios pequeninos vermelho rubi.

Victor acariciava uma de suas delicadas mãos, deu um beliscãozinho. Isabelle teve um pequeno sobressalto e olhou para seu marido que sorria maroto, retribuiu o sorriso e se aconchegou em seu ombro. Esperava inquieta que os colegas de seu marido dessem uma longa pausa ou um ponto final naquela conversa para poder...

(satisfazer-se com seu homem.)

Dançar com seu amado ao som da última música da noite quem sabe.

Após a longa e velha conversa, Isabelle despediu-se de Victor com um beijo e o deixou no grande salão de baile. Cruzou o corredor em direção a escadaria, arregaçou o vestido para não se esbarrar e começou a subir os degraus.
Estava indo ao encontro de seus filhos, Emilly e Alexander, estes estavam no quarto. Abriu a porta de e pode ver seus anjinhos brincando alegremente, sorriu para eles.

- Hora de dormir meus anjos, já passa das dez. - Disse docemente.

- Ah, só mais um pouquinho Mamãe. - Disseram Emilly e Alexander em coro, gentilmente puxavam a barra do vestido da mãe. Isabelle sorriu e beijou-os um por um.

- Vamos, está tarde, escovem os dentes e coloquem seus pijamas. - As crianças mesmo relutantes a obedeceram.

Isabelle voltou ao salão apressada, Victor a esperava cordialmente ao pé da escada.

- As crianças já foram pra cama?

- Já, meu amor - Isabelle beijou os lábios do marido.

Victor a envolveu pela cintura com os seus fortes braços. Uma de suas mãos deslizou vagarosamente e beliscou uma das nádegas de Isabelle, a qual no espanto emitiu um pequeno ruído. Isabelle deu uma palmada no braço de Victor e ambos riram discretamente.

Victor estendeu o braço à Isabelle, que entrelaçou ao seu. Unidos, passearam a caminho de volta ao salão de baile para finalizar a noite.

Quando o grande relógio de pêndulo da casa bateu 11 horas, a festa havia encerrado e os convidados já estavam de retirada. O casal em frente a grande porta da casa acenava.

- Agradeço a vinda de vocês Tedd.

- Eu que agradeço a vocês Victor, faz um bom tempo que eu e Molly não saímos para um lugar interessante.

Os cavalheiros gargalharam e apertaram as mãos enquanto as damas, de mãos dadas conversavam num tom mais delicado.

- Foi um prazer ver você de novo Molly.

- Igualmente Belle, faz um tempo em que nós nos vimos

- Precisamos marcar alguns passeios só para nós duas. - Isabelle e Molly riram.