Capítulo 54

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RAFAEL.

Eu estava perdido. Devastado.

Dois dias sem nenhuma novidade sobre Madu e eu não sabia o que fazer. Minha cabeça estava explodindo e tudo me estressava.

Não está sendo como a última vez que eu consegui localizar ela com Rei. Dessa vez está quase impossível achar a minha mulher.

E eu precisava saber se ela estava bem. Precisava saber se eles machucaram ela.

Cauê e Felipe não saiam de perto de mim por medo de eu fazer besteira, não sei o que eles pensavam, eu não tinha nada pra fazer.

Ester sentia as dores de parto e se recusava a ir pro hospital porque queria que Madu estivesse junto. Felipe passava o dia cuidando dela e de noite vinha pra cá, também estava pilhado e preocupado.

Eu estava ficando na minha casa no morro, o apartamento ficou destruído e sem condições de ficar lá. E também por insistência dos dois que disseram que aqui eles poderiam me ajudar mais que lá.

Dei um último trago no cigarro entre meus dedos e soprei a fumaça pra fora vendo ela se perder pelo ar. Porra, ela faz falta demais aqui.

A porta da frente abriu e Cauê passou por ela com algumas sacolas.

- Trouxe comida pra ti. Tem dois dias que tu não come. - ele colocou uma marmita na minha frente e eu neguei com a cabeça. - Ah, vai pra puta que pariu, Rafael. Se Madu precisar de ti, tu não vai nem conseguir sair do morro se não estiver alimentado, vai desmaiar na primeira esquina.

Ele se afastou e eu suspirei passando a mão pelo cabelo. No fundo eu sabia que ele tinha razão, mas eu não sentia fome nenhuma, não sentia nada. Só ódio.

Peguei a marmita e o talher que ele deixou ali e forcei a comida pra baixo, quando vi já tinha comido tudo e ele voltou rindo satisfeito.

- Muito bem. Pensa na tua mulher e teu filho. - ele falou e me ofereceu a mão pra levantar.

- Valeu. - foi o máximo que consegui falar.

Meu celular tocou e eu corri pra atender, olhei a tela que mostrava um número desconhecido, Cauê me olhou e eu atendi colocando no viva voz.

- Alô. - falei esperando ouvir alguém.

- Rafael... - era a voz desesperada e fraca de Madu.

- Linda, me diz onde você tá, eu vou aí.

- Eu não sei, eu não sei onde eu tô. Mas por favor, vem logo. - ela falou e a adrenalina tomou conta de mim.

- Eu vou te achar e...

- Não tão cedo. - era Rei.

- Porra de novo? - falei ficando puto.

- De novo, Rafael. E dessa vez eu vou conseguir o que eu quero. - ele disse e ouvi o grito de Maria Eduarda. - Tá ouvindo? Essa é só a amostra do que eu posso fazer se você não chegar aqui em uma hora. Vou mandar a localização por mensagem e espero que você venha sozinho.

- Se você encostar nela, eu não vou pensar duas vezes antes de meter a bala na tua cabeça seu filho da puta. - eu disse e ele desligou na minha cara.

- Não tá normal isso, Rafa. Muito fácil. Nada é fácil pro conselho. - ele disse e eu assenti.

- Sendo fácil ou não, eu preciso tirar a minha mulher de lá. Separa uma equipe pra ir comigo, vou fazer uma ligação.

- Beleza. - sem contestar ele saiu e eu liguei pra Tony.

Ele com certeza me ajudaria nessas horas.

- Oi. - ele atendeu no segundo toque.

- Irmão, sou eu Rafael.

- E aí parceiro, como estão as coisas? - ele perguntou e eu suspirei.

- Péssimas. O conselho levou minha mulher, Rei tá metido também. - falei e ele estalou a língua no céu da boca.

- Tô sabendo, Rafa, no mundo do crime as notícias correm soltas. Mas já sabe o que vai fazer? - ele perguntou e eu concordei.

- Eu vou fazer uma loucura e preciso da sua ajuda.

- Porra, conta comigo. Precisa de que? - ele perguntou e eu respirei um pouco mais aliviado porque contar com Tony seria uma preocupação a menos.

- De homens. Preciso de uma equipe de Realengo, os mais fortes que tu tiver e os de mais confiança. Não posso dar um passo errado dessa vez.

- Porra cara, tamo junto então. Vou separar meus melhores pra ti, tua mulher vai sair dessa.

- Vai sim. - falei simples e ele suspirou. - Valeu aí, Tony.

Desliguei o telefone e chegou notificação de um número desconhecido, o mesmo que me ligou há minutos atrás. Rei mandou a localização e era um sobrado, todo acabado, há duas horas de onde eu tava.

E o filho da puta queria que eu chegasse em uma hora lá. Respirei fundo e enviei a localização pra Cauê que estaria comigo nessa missão. Eu iria primeiro, pra chegar sozinho, mas a minha tropa e a de Tony chegariam depois pra massacrar sem dó qualquer um que estivesse envolvido nisso.

- Tamo junto mais nessa? - Cauê falou comigo quando atravessou a porta. Ele passou o fuzil nas costas, duas pistolas na cintura, munição e duas granadas.

- Sempre, parceiro. - eu falei e ele fez toque comigo.

- Já preparei a equipe, só os mais fodas. Sei que tu vai sair primeiro então toma cuidado e não morre, a gente vai chegar lá daqui duas horas.

- Valeu, irmão.

Peguei a chave do carro e saí em direção a minha BMW estacionado em frente a casa. Respirei fundo e pisei no acelerador sem pensar muito, acelerando para a localização no meu gps.

A quase 200km/h cheguei no local e reduzi a velocidade, quase parando. Era um sobrado que parecia abandonado, tinha muito mato em volta. Me perguntei em qual parte do sobrado Madu estava.

Saí do carro analisando ao redor, vi que não tinha ninguém pra fazer a segurança da casa e o único movimento que vi foram dois homens dentro da casa. Mandei mensagem pra Cauê avisando ele sobre o local, passei as localizações exatas de onde os soldados deveriam ficar. Peguei minha pistola, coloquei na parte de trás da calça e um canivete no bolso onde ficaria fácil de pegar e se eles me revistassem e pegar minha arma, ainda vou ter outra opção.

Sem pensar demais eu andei em direção a porta de entrada. Antes de bater com minha mão fechada na porta, ela foi aberta e eu fui puxado pra dentro. Tinham muitos homens, todos eles apontavam armas pra mim e eu me mantive sem expressão, totalmente neutro. Rei surgiu dentre os homens e eu ri debochado por ele usar aquela quantidade de gente pra proteger a si mesmo.

- Bom te ver de novo, Sombra.

A voz dele me enojava, a vontade de voar no pescoço dele era imensa. Mas eu precisava agir com responsabilidade pra ter Madu de volta. Ela e meu filho só dependiam de mim. E eu precisava deles.

- Cadê ela? - perguntei sem dar muitas voltas.

- Não tão rápido, Rafael. Eu sei que você tá armado, você não é tão burro de vir pronto pra morrer.

Peguei minha arma atrás e coloquei na frente do meu corpo, no chão e chutei pra perto dele.

- Antes de qualquer coisa, eu vou acabar com você. E vou acabar com sua mulherzinha. Ela tá sangrando há dias e esperando aquela merdinha sair da barriga dela. - ele falou rindo e eu gelei.

Porra, meu filho.

- Seu filho da puta. - cuspi as palavras e avancei pra cima dele.

Dois homens me seguraram e Rei socou meu estômago me fazendo encolher e em seguida socou meu rosto me fazendo cuspir sangue. Eu estava imobilizado, não conseguia me defender.

- Você acabou com a minha vida, Rafael. E eu tô fazendo questão de acabar com a sua, começando pela sua família assim como você destruiu a minha.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora