Limpar a casa depois de uma festa dessa não vai ser fácil, uma hora da manhã e a maioria dos convidados já foram embora até os vizinhos já chamaram a polícia uma vez por causa do som alto, falei pra Sol convidá-los, mas ela é teimosa.
Engraçado como os bêbados atropelam as palavras e gargalham por qualquer baboseira, porém eu sou um tipo diferente deles, agora pouco eu observava o gelo derretendo no meu whisky. Droga, preciso levantar do sofá e buscar mais bebida.
- Bernardo, chama um taxi para o Henrique e a Cristine a Alana pode dormir aqui?!
- Chamo e pode sim, acho que vou desligar a música. - Assim o pessoal se toca e vai pra casa.
- Está bem, vou falar com a Alana que ela pode ficar.
Antes de executar o que eu mesmo sugeri cheguei a geladeira e enchi meu copo, um braço molhado envolve meu pescoço, um cheiro até que agradável de álcool misturado com vômito.
- Essa foi a melhor festa de todas, Bernardo meu amigo agora tenho que ir senão a Isa vai me matar!
- Obrigado Diego e espero que ela não te mate, você não vai dirigir bêbado não é?
- Marlon vai me levar, sabe que ele não bebe. Inclusive ele já está me esperando no carro, bom até mais!
- Não bebe? - Pensei. - Até.
Depois que todos saíram Sol e eu subimos para o quarto decidindo deixar a limpeza pra depois. O quarto aconchegante quase me fez deitar de roupa, com certeza eu morreria se tentasse. Será que a Isa já matou o Diego? Por qual motivo Marlon saiu sem se despedir? Bom, vou tomar banho e dormir.
O banho quente me fez viajar para um lugar lindo onde o verde predomina e o vento é fresco, as árvores dançam e minha casa já está limpa, não custa sonhar. Sequei o rosto em frente ao espelho e percebi que minha barba estava grande e com aspecto de suja, sei que a Sol gosta, mas tem um limite pra tudo. Depois de zerar a barba vesti um short e fui deitar. Cadê essa mulher, ela não entrou comigo? Não vou atrás dela mesmo, vou esperá-la aqui!
A cama me abraçou de uma forma, quando percebi acordei com o despertador tocando nove e quarenta e cinco da manhã. A primeira coisa que veio a minha mente foi o nível de sujeira que estava a casa. Desci procurando alguma forma de vida alienígena ou algum roedor que decidiu fazer alguma visita durante a noite, para a minha surpresa a casa estava limpa e cheirosa, impecavelmente arrumada um milagre havia acontecido, então me dirigi a cozinha de onde vinha um cheiro maravilhoso e som de risos.
Tinha esquecido que Alana dormiu aqui, as duas estavam sentadas a mesa tomando café. Desejei bom dia as duas, debrucei e beijei Sol depois fiz um comentário elogiando sua reluzente beleza.
- Porque as duas estão com esse sorriso no rosto?
- Como assim? - Perguntou Sol.
Por um instante pensei no que ia falar, porém um sorriso se fez em meu rosto depois de analisar bem aquela expressão na boca delas. Pensei em safadeza, de qualquer forma não disse nada apenas peguei minha xícara de café, meu pão e sentei com elas.
- Amor sabia que Alana está namorando? O nome dele é Charlie.
- E por acaso posso saber o motivo pelo qual não o conheci na festa? - Meu sorriso no rosto entregava a inocência na pergunta.
Geleia de maçã? Qual a ocasião especial? Será que a Sol está gravida? Ela só coloca geleia de maçã quando tem algo tendencioso. Não posso me perder nos meu pensamentos agora, Alana está falando e eu não estou prestando a devida atenção.
- ... e é por isso que estamos animados. - Concluiu Alana, não sei o que.
- Que bom amiga! Estou torcendo por vocês. Amor eu disse a Alana que estamos de férias e ela nos convidou para irmos ao Brasil com eles passear, Charlie vai para uma reunião de trabalho, mas depois vai ser liberado e podemos conhecer o lugar.
- Temos dinheiro pra isso? - Parece divertido gastar dinheiro e passear com um cara desconhecido, mas Sol parece nem pensar nisso.
- Vamos ficar dois dias a empresa vai dar a estadia, nós vamos tirar uma casquinha disso assim temos só que bancar as passagens e o que vamos fazer lá.
- O que o Charlie acha disso Alana?
- Concordou e está animado, amanha de manhã ele vai passar aqui pra nos buscar, o avião sai às dez.
- Tudo bem, vamos para o Brasil! - Agora entendi a geleia de maçã. - A propósito, estou agradecido por ter ajudado a arrumar a casa Alana.
- De nada, eu que agradeço por me deixar dormir aqui. - Sorriu.
Sol e eu usamos alguns códigos silenciosos, como a geleia que estava na mesa, a de maçã significava algo especial e a de uva que tem um problemão pra ser resolvido, outros nem sempre são códigos, mas levamos em consideração.
Depois de tomar café lavei a louça e as duas foram pra sala tricotar, entre o almoço e a janta fiz algumas coisa, lavei o carro, arrumei meus livros, aparei a grama, organizei meu guarda roupas, quase entrei no quarto de hóspedes, mas achei que seria invasão de privacidade uma vez que ele esteja ocupado.
Ajudei as meninas a preparem o jantar e fui tomar um banho, quando desci peguei a Alana falando algo no ouvido da Sol e ela sorrindo, com aquele mesmo sorriso no rosto. Elas tentaram disfarça e eu para não deixá-las talvez, constrangidas fiz um piada dando que não percebi nada.
Depois do jantar Sol perguntou se Alana podia dormir aqui de novo, com o argumento de que Charlie iria passar cedo para nos buscar e pegar as malas da Alana na casa da mãe dela e assim irmos para o aeroporto. Por algum motivo a presença dela com a gente me fazia bem e sem pensar muito concordei.
Fizemos as malas e fomos dormir, logo peguei no sono mas por algum motivo acordei durante a madrugada. Quando estendi o braço para abraçar Alana ela não estava lá. Levantei e fui ao banheiro pensando que ela estaria lá, mas quando abri ela não estava.
Abri a porta do quarto devagar para não fazer barulho e andando na ponta do pé passei pelo quarto de hóspedes que estava com a porta entreaberta, ouvi uns sons vindo de dentro, enquanto chegava mais perto minha visão se ajustou e vi duas pessoas em cima da cama, de repente um gemido. As sombras se mexiam, como me assustei deixei a porta se mover, não muito, mas o suficiente para as sombras se encolherem. Eu tinha duas opções, me entregar ou voltar para meu quarto. Será que é a Sol e a Alana? Com essa dúvida voltei para meu quarto e fui dormir, pelo menos tentar.
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Fetiches Mortais
RomanceA história de um casal muda quando encontram um novo mundo, um lugar sombrio onde tudo é permitido. Nesse mundo é difícil entrar contudo impossível sair, pelo menos com vida. Desejos e luxuria, pecados e tragédia neste relato de uma vida promiscua d...