Jeon Jeongguk era somente um pai entristecido.
O alfa de já quarenta e um anos era um homem forte; Jeongguk era um dos alfas mais temidos de Busan. Forte, imponente, de aparência imbatível e de presença marcante. Jeongguk com certeza era um alfa raríssimo, daqueles que até os outros alfas se ajoelham aos pés e clamam por piedade. Um homem fechado, e carrancudo, mas dono de uma beleza quase que angelical e fortes músculos, pele branquinha, mesmo que cicatrizes maculassem a tez delicada. E, acima de tudo, um verdadeiro galã, mas muito tenebroso para alguém chegar perto demais… Menos Park Jimin.
O que aquele pequeno ômega de cabelinhos loiros — mas naturalmente castanhos — e rostinho redondo não tinha de altura, ele tinha de braveza, porque se apaixonar por Jeongguk já era uma batalha, e conseguir namorar com ele era mais difícil ainda, mas nada que Jimin não pudesse resolver, na verdade. O homem era assustador, tudo bem. Com um olhar quase — com certeza — assassino, tudo bem. Mas Jeongguk tinha algo dentro dele que ninguém nunca pudera enxergar com clareza… Menos Jimin. Jimin sempre o enxergou magníficamente por inteiro.
De qualquer forma, quando os anúncios de seu casamento — um pouco precoce, ele admitia — chegaram aos ouvidos alheios do povo da cidade, a negação foi quase que instantânea: “como você vai deixar seu anjinho se casar com esse monstro, Jinwoo?! Não vê que ele vai o devorar?!” ou coisas como “você vai se arrepender e sofrer, Jimin, não deixe um alfa assim mandar em você” rolavam de boca em boca, em cinco em cinco minutos. Jeongguk nunca fora inseguro — aquilo era verdade, diferente de todas as atrocidades que falavam sobre ele —, mas pensar que seu anjinho de olhinhos apertados poderia se deixar ir pela cabeça daquele povo lhe deu medo, um medo devastador. Jeongguk costumava dizer que não era uma boa pessoa, mas ele nunca machucaria Jimin. Nunca iria ousar tocar um dedo naquele serzinho pequeno e frágil com o intuito de machucá-lo, e faria picadinho com quem ousasse tocá-lo daquela forma. Àquela noite, ambos brigaram, porque Jeongguk não conseguiria viver com o pensamento de que fizera da vida de Jimin, infeliz, prendendo-o à ele, um alfa tão amargo e estranho. E, naquela mesma noite, Jimin lhe entregou seu bem mais precioso, a fim de sanar todo e qualquer tipo de pensamento ruim que circulasse a cabeça de seu alfa: ele lhe entregou sua pureza. Nada nunca foi tão certo quanto àquela noite.
Se casaram alguns meses depois, e as pessoas — aquelas lá das fofocas mentirosas — esperavam ansiosamente pelo término do casamento tão apaixonado, realizado no jardim da mansão dos pais do ômega, já que a mãe de Jeongguk era uma ômega humilde, assim como o próprio alfa, enquanto seu pai havia abandonado sua mãe quando esta descobrira estar grávida. O Jeon era bastante parecido com a mãe em vários aspectos, seja de aparência a personalidade, mas ambos eram extremamente orgulhosos: e tinham o orgulho de dizer que a falta de uma presença masculina em suas vidas não interferira em nada, principalmente na criação do pequeno alfa carrancudo. Jeongguk tinha mais do que orgulho, tinha admiração, pela mulher quem o pôs no mundo e o criou com todos os esforços redobrados, consequência pelo homem que o abandonou sem sequer ter o conhecido. Jiyoon havia sido a melhor mãe que ele poderia ter e querer e Jeongguk a amava, muito, e queria muitíssimo que suas futuras filhas se parecessem com ela.
Foi quando a primeira filha do casal chegou. Ele só não sabia que seria a primeira de muitas.
Joohyun era a primogênita do casal. Era uma ômega miúda — característica puxada a Jimin — de linda pele de alabastro, longos cabelos negros e olhos grandes, mais negros ainda. Joohyun era o que todos chamavam de “cópia feminina de Jeon Jeongguk”, se considerar a personalidade rabugenta e a áurea pra lá de assustadora e assassina, mesmo com a aparência angelical e quase puramente doce. Joohyun era conhecida por sempre estar com seus inseparáveis óculos fundo de garrafa, chegando até mesmo a ir fantasiada de Harry Potter para uma festa na escola, no segundo ano do ensino médio, e estar sempre com o cabelo preso ou amarrado. Atualmente, sua bela gatinha — apelido a qual Jeongguk deu carinhosamente à ela — estava prestes a se formar em engenharia mecânica. Joohyun possuía vinte e três anos e morava sozinha — mesmo que sua casa fosse do lado da de seus pais, o que permitia que o pai alfa estivesse vinte e quatro horas por dia a vigiando —, mas passava mais tempo na casa dos pais do que na sua. Como ela bem dizia: “economia é tudo”.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Saias e Babados
FanfictionMeninas. Jeon Jeongguk até mesmo pensara estar pagando algum tipo de castigo, porque ter sete meninas dentro de casa não era para qualquer pai. Principalmente para um pai alfa. Um pai ciumento, possessivo, e protetor com suas crias: e crias meninas...