"Você me atraí como um ímã"

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  Ele era lindo. Divinamente belo, se me permite dizer.

  Seus olhos azuis me cativam, eram como um oceano. As vezes calmo e pacífico, outras revoltadas e tempestuosas.

  Seus cabelos tão brancos quanto uma nuvem, mais macios que um algodão. Eles caíam excepcionalmente bem nele, moldando seu rosto fino.

  Sua personalidade então? Nem se fala! Ele tinha mudanças constantes, mas o que se destacava era sua personalidade arrogante e orgulhosa.

  Sua raiva era algo estranhamente atraente aos olhos do moreno – eram como chamas, aparentemente calmo a primeira vista, mas todos sabem que iriam se queimar até os ossos se o desafiar demais.

  Gojo Satoru era a perdição.

  Na visão do albino, seu parceiro não era nada mais do que tranquilo. Um colírio para seus olhos.

  Ele era como um tronco de uma árvore, sábio e casca grossa. Suas íris remetiam ao chocolate favorito de Satoru.

  Ele era delicioso, claro, mas sempre o acalmava, independentemente da situação. Assim como um chocolate, o melhor e mais doce chocolate.

  Seus fios eram longos e negros, assim como a escuridão; para alguns, frio e angustiante, para outros, como uma salvação – aconchegante e caloroso, como um abraço de um conhecido próximo.

  Seu temperamento calmo sempre relaxava o detentor dos Seis Olhos, ele era seu calmante, seu companheiro em suas aventuras e palhaçadas, seu lençol nas noites frias.

  Mas também, ele podia ser cruel. Tão cruel que faria seu interior se revirar, gelando sua espinha e trazendo arrepios desagradáveis ao corpo.

  Apesar disso, ele era lindo, lindo como sangue na neve.

  Geto Suguru era o pecado.

  E juntos eles são a ruína. Uma perfeita e maravilhosa tragédia.

  Os dois se completavam, era por isso que se davam tão bem, por esse motivo nunca se soltavam.

  Sua junção era como uma casa pegando fogo. Um é o lar do outro, e como qualquer coisa em chamas, lentamente tudo se perde.

  No dia 24 de dezembro de 2017, Geto entra em óbito.

  Satoru perde sua metade; seu amor.

  Se Gojo Satoru é realmente o mais forte, então por que não pôde salvar seu amigo? Por que não poderia salva-lo? Por que conseguiu salvar tantas pessoas e ele não?

  Seu interior se contorcia em angústia, uma grande tristeza que se amontoou em um nó e nunca se desfez.

  Gojo constantemente se lembrava do passado com seu melhor amigo; das vezes que zombavam da pobre Utahime, gastavam o cartão de Satoru no shopping, jogavam juntos, comiam juntos...

  Eles eram grudados. Faziam tudo em conjunto. Não havia nada que eles não sabiam um do outro, até seus estranhos e mais íntimos pensamentos eles tinham conhecimento.

  Geto sentia falta de Satoru, não poderia negar.

  Desde que abandonou a Escola Técnica de Jujutsu, seu amante não saia de seus pensamentos. Mesmo ao longe, Satoru continuava ao dominar.

  E então, no dia dos namorados, um ano após se separarem, foi deixado uma caixa de chocolates em sua porta – os mesmos chocolates caros que Gojo dizia lembrar seus olhos. Coincidência?

  O ser de enorme ego não fez questão de esconder que era um presente dele; o grande cartão amoroso com seu nome escrito em baixo era a prova disso.

  O feiticeiro mexia de uma forma inimaginável com Geto, era formidável seu efeito sobre Suguru.

  Oh, garotinho bom, por que vive a provoca-lo?

  Sempre enviando cartinhas provocantes e fofas para o usuário de maldições. Isso o enlouquecia completamente e Satoru sabia disso, sabia muito bem.

  Ambos ficaram na troca de bilhetes por anos e, derrepente, Suguru se vai.

  Entretanto, uma coisa ele não poderia reclamar, ele viu o amor de sua vida antes de partir.

  E nossa, como Satoru estava explendido naquele dia! Suguru conseguiu contemplar o que mais amava naquele fim de tarde; seus olhos azuis calmos e pacíficos como o céu, reluzindo na luz do sol – uma cena perfeita.

  E então, ele se foi. Uma morte rápida.

  Da noite para o dia, a luz perde sua escuridão.

  O vazio preenchia o coração do feiticeiro. Ele perdeu o seu primeiro e único amigo.

  Satoru nunca foi bom em se conectar com as pessoas, Geto era a prova disso. Ele era a única pessoa que Satoru tinha.

  E derrepente, sua vida se esvai.

  Fingir se tornou um costume, atuar era fácil, mas fazer a dor desaparecer era impossível.

  Ele sentia falta dos encontros que fazia às escondidas com seu caso. O de olhos claros amava esses momentos. Esses pequenos e simples momentos.

  Cada pequeno segundo ao lado de seu ex-colega era o paraíso na terra para o grisalho, a presença aconchegante de seu concubino era de tirar o fôlego.

  Era fascinante como a pele um pouco bronzeada de Suguru se iluminava tão bem a luz do sol.

  Todos esses pequenos envolvimentos acabavam em brigas inofensivas, mas essa era a relação deles afinal. E Satoru amava.

  Parecia que sua mente iria enlouquecer a cada vez que aqueles lábios convidativos sorriam, a cada vez que aquela voz profunda e açucarada se fazia presente, quando suas orbes chocolates reviravam em sarcasmo...

  Ah, garotinho mau, por que tem que ser tão fascinante? Sua crueldade o deixava louco.

  Gojo Satoru não acreditava em reencarnação, muito menos era religioso.

  Mas quando seu lar se foi, ele rezou e implorou para que qualquer Deus que existisse que o juntasse novamente a sua paixão, pois não poderia viver sem aquele ser que dava ar aos seus pulmões.

  Geto Suguru era tudo para Gojo Satoru. Ele era sua luz, seu anestésico, seu doce, sua droga, seu vício.

  E então, um ano após a partida de seu companheiro, de forma tão derrepente, um último suspiro – gélido e solitário escapa dos lábios ressecados quando seu corpo é brutalmente partido ao meio.

  Ele sentiu a dor imensa o invadir, seus órgãos se dividindo e vazando de seu interior, se tornando uma poça sangrenta no chão sujo e podre.

  Sua última lembrança e última visão, foram apenas e unicamente Suguru; ele invadia seus pensamentos desde que se conheceram, e em sua morte não seria diferente.

  E em seus últimos minutos de consciência, ele só pode pedir para que, quem quer os juntou nessa vida, seja piedoso o suficiente de suas almas e os junte mais uma vez na próxima.

Maybe In Another LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora