CAPÍTULO 10 - Barganha

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CATERINE NATALIE CHERNYY

A VIAGEM DE CANOA FOI-SE até onde o rio estava interrompido por uma barragem. Ficamos a margem do rio, olhando para a curva enorme de concreto que assinava entre os penhascos. Havia pessoas no alto da barragem, tão minúsculas que pareciam moscas.

— A Barragem de Hoover. - disse Thalia. — É imensa.

— Duzentos e vinte e um metros de altura. Construída na década de 1930. — disse Percy.

— Trinta e cinco bilhões metros cúbicos de água — Continuo Thalia.

Grover suspirou. Troquei olhares surpresos com Zöe.

— O maior projeto de engenharia dos Estados Unidos.

Fitei eles.

— Como é que vocês sabem disso? — perguntei.

— Annabeth. Ela gostava de arquitetura. — explicou Percy.

— Era louca por monumentos. Como você é por estrelas, Natalie. — Provocou-me Thalia.

— Despejava informações em cima da gente o tempo todo. Uma chatice. — Fungou Grover.

— Também acha uma chatice minhas aulas de astronomia, cara de bode? — perguntei, fingindo-me irritada. Perseu e Grover arregalaram os olhos, apavorados.

Thalia riu, decidindo entrar na provocação.

— Ah, sim, Natalie. Você apontava tanto para as estrelas que acho que estou vendo uma verruga no seu dedo. Se nascer uma no nariz, fica idêntica a uma bruxa.

Dei um leve sorriso e acabei ignorando a conversa de Thalia, Grover e Perseu. A piada ruim de Thalia me remeteu a algo. Bianca fazia piadas muitos ruins com a palavra astronomia e gato ou sobre qualquer assunto que eu gostava. Ela costuma gostar de uma em especial: "Por que as estrelas não fazem miau? Por que astronomia." E a cabeçuda se acabava de rir... Um sorriso triste nasce em meus lábios com a lembrança, meus olhos ardendo em lágrimas outra vez. Um novo medo me consome, e se eu esquecer de como era a voz dela? A risada? A cor dos olhos? E se eu esquecesse Bianca por inteira? Eu não me lembrava direito de Yellena, vai acontecer o mesmo em relação as lembranças que tenho de Bianca? Talvez se tivesse sido eu a entrar em Talo, se eu fosse mais rápida e bloqueasse o golpe dela, Bianca ainda estaria viva e...

— ...Caterine. — Perseu me chamava. Olhei para ele. — Você está aí? Nós vamos ir até lá em cima. Agir como turistas.

Apenas assenti e segui os quatro, meus pensamentos me torturando com muitos "e se's" tentando barganhar um destino diferente com as parcas. Um em que Bianca vive.

Tivemos que andar por quase uma hora antes de encontrar uma passagem que levasse à estrada. Ela surgiu ao lado direito do rio. Então caminhamos em direção a barragem já que estava frio e ventava muito lá no alto. De um lado, um grande lago se estendia, rodeado por montanhas desérticas e áridas. Do outro lado, a represa que despencava no rio a duzentos e vinte e um metros abaixo, despojando a água que estava aos turbilhões nas saídas da barragem.

Thalia caminhava no meio da estrada, longe das beiradas. Notei Grover farejando o vendo, parecendo nervoso. Ele não dizia nada, mas eu sabia que farejava monstros. Troquei um olhar nervoso com Zöe que estava ao meu lado.

— Você acha que eu possa ter...? Enquanto conversávamos. — perguntei num sussurro.

Perseu e Grover pareciam entretidos o suficiente com a própria conversa. Eles não me ouviram.

— Não, vós estáveis muito nervosa, mas não acho que tenha feito de novo inconscientemente. Eu teria sentido ou visto. — Afirmou Zöe, tentando me tranquilizar.

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