Capítulo 1: Entre Universos

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Entre diversos mundos de infinitos universos, existia o meu mundo maravilhoso... Pelo
menos era assim que eu pensava. Talvez fosse melhor permanecer eternamente presa na minha torre encantada, sem precisar encarar o que existia além daquela floresta fria, do oceano imponente ou do deserto que ameaçava me engolir em um mar sem fim.
Consciente de que teria que lutar para escapar e não me tornar como aqueles que
apodreceram em sua própria ganância, a questão era se eu continuaria na ignorância ou se seguiria o destino que me foi escrito.
Em uma manhã, despertei de um pesadelo onde havia pessoas, mas tudo era distorcido,
suas vozes e milhares de cores misturadas. Quando eu era mais jovem, essas vozes
existiam apenas nos meus sonhos, mas com o passar dos anos, elas se tornavam cada vez mais tangíveis.

Até que um dia tudo fez sentido...Estava indo para uma festa organizada pelo meu pai, mas de repente entrei em outro mundo. Havia milhares de flores, o céu azul com nuvens de tamanhos variados, e árvores com folhas esverdeadas. E então meus olhos começaram a doer, pois não estava acostumada a sair do castelo e vislumbrar tal vista.
Percebi que estava cercada apenas pelos cantos dos pássaros, mas decidi procurar
alguém. Ao caminhar, a grama molhada e com lama me forçaram a segurar meus saltos nas mãos. Meu vestido longo arrastava-se no chão, meticulosamente bordado com fios dourados contando histórias de dragões dançantes e flores de ameixeira que adornavam a gola alta, simbolizando força e coragem.

Ao ajustar o vestido e sentir a textura suave da seda acariciar minha pele, percebi que
minha busca por algo relaxante foi interrompida ao retornar subitamente ao meu mundo.

- Aquilo...foi real?Ou estou enlouquecendo?- Pergunto a mim mesma com lágrimas nos
olhos.
- PRINCESA??. - A criada grita, trazendo-me de volta à realidade.
- Por que a senhora está descalça? E o pior, o vestido celestial está molhado e sujo de lama, até mesmo fedido.

Olho para baixo e vejo que realmente foi real... fazendo assim as lágrimas caírem
novamente.

- Ah... princesa, não quis ofendê-la, por favor, não chore.
- Não, não foi sua culpa. - Começo a gritar e rir, abraçando a pobre criada já confusa com toda situação.
- Pobre criança. - ela diz, olhando-me enquanto pulo e salto como uma abelha tentando se conectar com outras abelhas em uma dança.

Corro para ver meu pai, o único que sabia dessas "visões". Ele sempre dizia para não
contar a ninguém, apenas a ele.

- Pai, papai, era real, era real. - Corro desesperadamente para seu quarto, abro a porta abruptamente enquanto ele toca seu violino, até que para ao me ver.
- Filha, o que houve? Você parece tão desorientada. - Ele nota minha sujeira.
- O que aconteceu? Por que está tão suja?- Pergunta ele, com uma voz suave e calma.
- Pai, aqueles lugares eram reais, eu vi e senti, por isso estou tão suja. - Sua expressão de preocupação muda para surpresa, com sobrancelhas levantadas e respiração pesada.
- Filha, meu bem, eu não disse para você esquecer disso? Que era apenas coisa da sua cabeça? - Ele tenta minimizar.
- Não, pai, não é. Olha, estou suja.
- Isso não é nada. Agora vá se limpar, você tem uma festa que começará em breve. - Ele
tenta dissipar minha preocupação.
- Mas pai? Essa sou eu, faz parte de mim. - Imploro.
- Filha, por favor! - Ele interrompe minha tentativa de contar toda a história.
- Pai, você não pode... - Antes que eu termine, ele me interrompe.
- Eu já disse! Chega! Isso é coisa da sua mente, ok? Apenas da sua mente. Então é melhor calar a boca e se arrumar, porque não vou tolerar que seja igual a sua mãe... - Pela primeira vez, ele grita comigo.
- Como assim? Por favor, termine. Igual a minha mãe? Quer dizer que minha mãe também tinha isso? Pai, me diga? - Pergunto angustiada.
- Chega! Você me estressou, é só isso. - Ele decide encerrar a conversa.
- Pai, para de ser mentiroso. Por acaso eu e minha mãe somos bruxas ou algo assim?

Quando menciono "bruxa", meu pai para imediatamente, olhando para mim.

- Sua fedelha desgraçada. - Ele me puxa pelos cabelos, me colocando em seu quarto.
- Eu disse para você se calar, por que você tem que ser igual a aquela mulher? Ah meu
Deus, como pude ter uma filha com aquela desgraçada... - Ele me empurra no chão, me
tranca no quarto e me deixa sozinha no escuro, com lágrimas nos olhos...

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⏰ Última atualização: Jan 03 ⏰

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