𝗯𝗮𝗱 𝗸𝗶𝘁𝘁𝘆, 𝗁𝖾𝖾𝗃𝖺𝗄𝖾 [hiatus]

Track 6: Distração

Now playing: blind – ROLE MODEL

J A E Y U N

— Eu juro que posso explicar. — Heeseung estava parado na porta principal após a mesma ser aberta por um Ni-ki ainda sonolento.

A cena por fora seria cômica se não fosse trágica.
Mamãe com um pote de morangos e uma bisnaga com requeijão nas mãos na porta da cozinha, Sunoo parado no meio da sala com a boca em um perfeito círculo, e eu confuso demais encarando um Heeseung com um buquê nas mãos e uma sacola abarrotada de coisas.

— A gente pode conversar? — O Lee deu de ombros, envergonhado por toda a atenção.

— Vem aqui. — O ajudei com as flores e as comidas e o puxei pelo braço até meu quarto.

— Então…

— Então? — O incentivei a continuar depois de trancar a porta.

— Eu não estava te evitando.

— É claro que não estava — Soltei um riso anasalado.

— Talvez eu estivesse mas essa semana eu fiquei lotado de trabalho e quando percebia já tinha caído de sono no balcão da cozinha com a tela do meu celular no seu contato. Eu queria que fosse diferente, Jaeyun, mas não foi. Eu fiz merda, aquilo foi meloso e brega. Nós somos só amigos e agora você deve estar com raiva de mim, porque foi estranho. E adivinha? Eu te entendo, eu te entendo mesmo. Eu agi por impulso, me desculpa, Jake.

Os únicos neurônios existentes se esforçaram bastante para acompanhar a linha de raciocínio do mais velho enquanto ele atropelava as palavras da forma mais desesperada possível.

Aquilo foi sincero e eu não sabia como lidar com a preocupação de outra pessoa desse jeito.

— Eu…

Por um momento todas as sensações de primeira paixonite e as mil fantasias que despertaram minha imaginação durante todo o colegial voltaram como um susto.

— Tudo bem, somos amigos de qualquer forma.

E como um susto, foram embora em um instante.

— O quê? — Heeseung franziu as sobrancelhas.

— As flores são bonitas, obrigada. — Olhei para o buquê na escrivaninha do quarto. — Você já tomou café? Pode se servir na cozinha, ninguém comeu ainda. — Me levantei da cama e destranquei a porta.

Eu sempre fugi dos meus próprios problemas como uma criança com medo do escuro.

— Jaeyun…

— Vem, Hee — Sai do quarto deixando a porta aberta.

Eu desconversei e guardei pra mim. De novo.

☆

— Vai ter uma festa na sexta-feira, você deveria ir. — Sunoo se sentou ao meu lado no sofá.

Eu fui arranhado por todos os gatos hoje e levei uma mordida de um pinscher durante o expediente. Meus neurônios fritaram o dia todo pensando em como eu pude ser tão indiferente com Heeseung hoje de manhã.
Mamãe foi embora cedo, junto com Ni-ki e o Lee.
Sunoo parece ter notado a careta estressada de Shim Jaeyun nesse começo de semana.

— Eu preciso trabalhar, tá doido?

— Jake, você tem muitos funcionários, eu ainda não sei o porquê você insiste em trabalhar na clínica.

— Você sabe que eu gosto de ocupar a cabeça.

— Você não gosta de enfrentar seus conflitos internos. Isso é um pouco preocupante, não acha? Você precisa relaxar.