Ele queria ser pai, queria muito. Era uma vontade realizada que veio logo após um baque que não sabia se iria suportar, mas ainda sim, ele queria ser pai. Ele gostava de vê-la grávida, gostava das pessoas animadas com a barriga dela e gostava da mãe dela chegando todo dia com um presente novo, gostava do pai dela sendo um avô preocupado e adorava dormir sentindo os chutes da neném – ele sabia e ele sentia que era uma menina.
Já ela também adorava estar grávida, em todos os sentidos era uma sensação única. Estar grávida de uma menina era diferente, ela não era tão calma, era agitada e chutava quando queria atenção. Matheus não era assim, ele era calmo e a deixava dormir nas madrugadas. Se remexeu na cama, uma, duas, três vezes e mesmo assim ela não parava. Se ajeitou na cama, tirou os braços de Antenor da sua cintura e bufou de raiva.
— Meu amor, tá tarde. – ela tocou a barriga levemente. — O que você acha de dormir?
A resposta veio com um chute mais forte, não.
Lúcia desistiu, afastou as cobertas, pegou o roupão e saiu em direção a cozinha. Abriu a geladeira atrás de qualquer coisa que fizesse aquela garota parar de chutar.
— Me diga o que você quer. – ela encarou todos aqueles alimentos na geladeira e pegou o mousse de maracujá. — Um nome? Você precisa de um nome, não é?
A garotinha chutou em resposta.
— Você gosta de Cecília? – nenhum chute, Lúcia sorriu. — Jane, Mariana, Lídia, Elisa?
— Isso é Orgulho e Preconceito. – Antenor lhe deixou um beijo na barriga. — E nenhum desses combina com ela.
— Não é Orgulho e Preconceito porque eu não citei a Catherine. – rebateu sorrindo. — Mas você tem razão, nenhum desses combina com ela. Tenta você.
— Julieta? – encarou Lúcia que negou qualquer chute da menina. — Alana.
— Nada. – ela repousou a mão na barriga de novo. — Minha mãe gosta de Alicia.
Lúcia fez uma careta quando sentiu uma pontada perto da coluna.
— Chutou? – Antenor se levantou, tocando-lhe a barriga e sentindo os chutes da pequena, agachado na altura da barriga da esposa, ele decidiu debater com a pequena. — Você gosta de Alicia?
— Gosta. – A mulher arfou com outra pontada que levou. — Gosta bastante.
…
— Você acha que ela vai ser parecida comigo? – ele deixou um beijo na sua testa antes de se sentar ao seu lado. — Ou vai puxar a beleza da mãe?
— Queria que ela fosse parecida com nós dois. – Lúcia sorriu, alisando a barriga. — Queria que ela tivesse os seus olhos.
— E eu queria que ela tivesse suas covinhas. – ele brincou com as covinhas dela. — Seria encantador.
A campainha ressoou e Antenor atendeu a porta, levou cinco segundos para ela ver seus pais, seu filho e agora, seu irmão entrando.
— Olha só quem veio me visitar! – sorriu, fazendo carinho no rosto do menino. — O que tem nessa sacola?
— Tinta orgânica! – Matheus pegou a sacola da mão de Zé Luís. — Pra pintar sua barriga…
— O que? Não, não, não! – Antenor se meteu. — Vai fazer mal.
— Por isso eles compraram a orgânica. – Lúcia retrucou. — Não faz mal nenhum, pega aquela toalha branca e vocês dois me ajudam a levantar!
Antenor dispensou qualquer outra ajuda para Lúcia, uniu as mãos e a puxou para levantar, em contrapartida ela o abraçou até que seus pais arrumassem o sofá para ela sentar de novo. Chamou Cristina e Sérgio para participarem da farra e levantou a blusa deixando a barriga exposta.