PREFÁCIO DO LIVRO FLOR CIGANA

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FOLHEAR FLOR CIGANA, ler e reler as crônicas deste segundo

livro de Lucinha é como folhear um álbum de fotografias que

registrou, no tempo - numa cronologia infalível - os momentos,

as alegrias, as dificuldades, os lugares, as pessoas, os detalhes

(todos, que compõem a vida da autora, junto da sua família

e apartada dela, junto dos seus amigos e apartada deles), em

tantos lugares: Urucuia, Fazenda Jacaré, São Romão, Paracatu,

Brasília e Montes Claros. Esta princesa maltrapilha que, apesar

de tudo, ainda conquista, pelos seus encantos próprios, o sol, a

cultura, a esquisitice.

Flor Cigana é um livro de crônicas, na sua composição física.

Mas bem que poderia ser um romance, na apreciação geral, pois

em nenhum momento a autora interrompe de forma radical o

fio da narrativa ou abandona a linha mestra que ela desenvolve.

Os personagens principais que povoam cada crônica são sempre

os mesmos, implícita ou explicitamente. Seu Chiquinho do

Urucuia está presente o tempo todo. Ele é sempre o motivo ou o

motivador das alegrias, dos medos, das birras e dos sucessos da

menina, da moça, da senhora Maria Lúcia. Como um fantasma

bom ou mau, brigão ou carinhoso, ele povoou a infância, a adolescência

e a maturidade da autora; ditando normas, caçoando,

adulando, fazendo política. Prolongando este efeito de Electra

que certamente só será exorcizado por meio de Flor Cigana, que

o desmitifica e o transforma num agradável personagem tão comum

nos sertões de Minas. Um coronel.

Os mesmos detalhes como "pescar piabas na vereda" ou "ser

anônima nas ruas sem esquinas de Brasília"; as mesmas andan-

ças por lugares, casas de parentes e caminhos que construíram

a vida de Lucinha, também foram os que inspiraram as crônicas

deste livro. Nele, sem medo de errar, estão as pessoas que ela

gostou ou gosta em sua vida (pai, mãe, irmãos, tios, colegas de

escola, Júnior, Fábio, e o que vem por aí). Sem ficção. Descritos

com o carinho e a veia literária da escritora.

E para nós, escritores matutos destas Gerais, fica a satisfação

de saber que Lucinha, mesmo tendo uma vida cigana não

perdeu suas raízes. Não desgrudou da família. Não esqueceu os

amigos e as coisas simples do sertão.

Afinal, como já disseram: "Ela saiu do Urucuia, mas o Urucuia

ainda não saiu dela".

Ildeu Braúna - Julho de 1993.

*******************Braúna publicou, conjuntamente com a autora, em 1985, o livro de estreia de ambos, numa publicação conjunta. Livro de poesias intitulado A DUAS MÃOS, embora cada um fosse criador exclusivo dos seus poemas.

Cada um teve suas páginas iniciais, ficha catalográfica, página de autógrafo e prefácio.

A autora pensa que criou o primeiro livro em "valete". O livro tinha começo em ambas as capas e se encontravam de costas no meio, ficando um de cabeça para baixo, como num aperto de mão, que acabou sendo a imagem da capa.

Meu amigo fez a grande viagem em 2015, aos 62 anos. Deixou grande legado. Destaco os livros Catrumano e Cururuaçu. Também as lindas canções Lenda do íris e Tocador de boi, cujas letras se encontram no livro A DUAS MÃOS. ******

Você conhece algum livro em "Valete" , publicado antes de 1985?

FELIZ ANO NOVO!!  MUITAS BÊNÇÃOS !!!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 03 ⏰

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