49. Um revelação perturbadora.

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Tobias Bernstorff

Entro no carro atordoado, antes de dar arranque, bato violentamente o votante, até sentir as mãos doendo. Inspiro profundamente o peito me doendo ainda mais. As imagens de Harrison pelado na cama de Nihara e ela saindo do banho, atormentam-me como uma ferida aberta que não consigo ignorar. Minhas emoções são como um furacão descontrolado, me levando para lugares sombrios que eu não quero visitar.

    Como ela pôde fazer isso comigo? Meu questionamento, surgi juntamente com as lágrimas que rolam em meu rosto como correnteza. Como pode o nosso amor ter sido reduzido a pó em míseros segundos de prazer? Ela pediu que não machucasse o seu coração, quando é ela quem foi, uma vadia mentirosa,  destroçando o meu coração da pior forma, um dia antes do ano terminar. 

    Maldita, maldita, maldita. Bato o volante novamente, antes de sair pela estrada afora. Dirijo sem rumo por algum tempo, tentando processar a onda de emoções que tomou conta de mim. 

    Por favor, que isso seja um pesadelo, do qual acordarei a qualquer momento. Eu não posso ficar sem ela, eu não quero ficar sem ela. Nihara por que fez isso comigo?

    Finalmente, paro o carro em num lugar isolado, onde as luzes da cidade são apenas pontos distantes no horizonte. Desligo o motor, desço do veículo, e grito, me deixando levar novamente pelas lágrimas, uma mistura de mágoa e raiva, e as horas passando lentamente.

    Estou sentado no chão, com as costas apoiadas no carro, as luzes da cidade além são o único ponto de luz desse lugar. Limpo o rosto, retiro o cabelo da testa e tento me recompor, mesmo sem forças para tal. Num impulso, retiro meu telefone do casaco, que está jogado no chão perto de mim, e ligo para a Nihara, desligando no segundo toque.

O que estou fazendo? Pare de ser idiota homem. Se ela te ama, como diz, é ela quem ligará. Solto o ar que prendia há segundos, e volto a ligar deste vez para o meu amigo Harry.

***

    — Tob, tem certeza do que está me dizendo? — Harry pergunta, com um tom de voz incrédulo e preocupado. Ele se juntou a mim no chão de terra, sem se importar em sujar suas roupas, querendo entender o que aconteceu.

    Jogo a pedrinha com a qual brincava longe, perdido no atormento que me aflige. 

    — Tenho, sim, eu vi com os meus próprios olhos. Infelizmente ela fez isso comigo.

Harry franzi a testa, tentando compreender a situação, ele ainda duvida que Nihara possa ter feito isso comigo.

    — Não sei, Tob, é difícil de acreditar que ela faria algo assim. Essa mulher te ama, não tenho dúvidas disso.

    — Ele estava dormindo pelado na cama dela, Harry! Enquanto ela tomava banho, como explicas isso. — argumento, com rispidez. Afinal, ele está aqui para me dar apoio não para defendê-la.

    — Tudo bem, calma. Só estou tentando perceber melhor o que levaria ela a fazer isso. Tobias, você ao menos deixou-a explicar?

Olho para ele sem conseguir disfarçar a irritação, apesar de entender que ele quer apenas ajudar, e me fazer analisar melhor a situação.

    — Ela disse que o encontrou ferido, quase desacordado no elevador, e teve de ajudá-lo. Realmente, vi os machucados no seu rosto. Mas isso não explica como os dois terminaram me traindo.

    Harry encara-me intensamente, tanto que posso observar claramente o azul carregado dos seus olhos mesmo com pouco luz aqui.

    — Tobias Müller Bernstorff — diz com firmeza —, se ele estava ou está ferido, você acha mesmo que, após cuidar dos ferimentos dele, os dois decidiram ignorar, ou melhor, ela, ignorou o estado dele, para fazer algo tão imprudente? Se ela tão fogosa, como você diz, tenho certeza de que você o encontraria quase morto.

NÃO POSSO TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora