único

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Assim que Hilda fechou a porta, ela se virou para ele e riu, era o sorriso mais lindo que ele já tinha visto. Malthus não se conteve e sorriu, apenas vendo ela rindo.

- Eles são um pouco enxeridos, mas ninguém vai entrar aqui. Isso eu te prometo. - Ela falou se sentando na frente dele. Hilda colocou os cotovelos em cima da mesinha e apoiou a cabeça nas mãos olhando para ele.

Malthus abaixou a cabeça sentindo as bochechas esquentarem com o olhar dela sobre ele.

- Qual sua cor favorita? - Ela perguntou.

Ele olhou ao redor antes de encontrar os olhos dela e responder.

- É verde. Me lembra as montanhas perto de casa. - Ele respondeu. - Eu também gosto muito de branco, mas por quê você quer saber?

- Acho que nunca conversamos direito sem começar a brigar. - Hilda disse pensativa. - Mas eu quero saber tudo sobre você.

- Eu também quero saber sobre você. - Malthus admitiu baixinho.

Tão baixo que ela nem ouviu. Hilda se sentou na ponta do banco e agarrou a mão do santo, ele a encarou observando o azul de seus olhos se transformar em algo reluzente, quase como um diamante, brilhando em sinceridade.

- Santo, eu quero que você se abra comigo. De verdade. - A voz dela quase falhou, ele percebeu. - Eu quero te conhecer, parte ruim ou boa. Eu prometo, não, eu te juro que nenhuma palavra vai sair de minha boca para ninguém. - Malthus sentia o coração bater mais rápido a cada palavra que saia da boca dela, as palmas das mãos começaram a suar em nervosismo, seus olhos quase marejaram ao ver o quão verdadeira Hilda estava sendo nesse momento. - Você só tem que se permitir.

Ele queria se permitir, Deus sabe como ele queria. Já havia pecado tanto, já se afastara tanto de seu caminho e tudo por ela. Qual seria o problema de deixá-la lhe conhecer? Ele já sabia um pouco de sua história por Roberto, qual seria o mal de contar um pouco da sua?

- Eu também quero te conhecer, Hilda. - Ele falou, também com sinceridade, como ela. Ele sabia que ela não falaria nada, ele já testemunhou a palavra de Hilda Furacão em ação. - Qual a sua cor favorita?

O rosto dela se iluminou de felicidade, como se ganhasse algo de inestimável valor que iria guardar para sempre. Malthus queria que ela ficasse assim sempre, queria que fosse feliz até o fim dos dias, queria ser quem fizesse ela feliz até o fim dos dias e, por um momento, ele se deixou imaginar que seria assim.

Ele pediu perdão a Deus em sua mente e em seu coração, mas enquanto ele estivesse ali dentro com ela, sua Hilda Furacão, ele se permitiria.

- Eu amo azul claro. Como a cor dos céus.

- Azul é lindo. - Ele concordou. - Mas eu prefiro o azul de seus olhos. - Ela corou. Corou! Malthus sentiu como se estivesse no paraíso. - Me diga algo sobre você. - Ele pediu.

- Se você ouve o programa do Emecê, deve saber uma ou duas coisas sobre mim. - Ela deu de ombros contente.

- Me diga algo que ninguém sabe sobre você, então.

Isso a fez parar para pensar. Ainda segurando a mão dele, Hilda se levantou e se sentou ao lado de Malthus.

- Quando eu era mais nova, menti para os meus pais uma vez e vim disfarçada no baile de máscaras de carnaval aqui na zona boêmia com uma amiga. - Ela contou com um sorriso nostálgico. - Nos divertimos muito naquele dia. Você já pulou carnaval alguma vez, santo?

- Algumas vezes quando era criança. O dono do bar sempre se vestia de baiana e fazia uma passeata pelas ruas, todo mundo participava, quando chegávamos perto da igreja o padre tocava o sino e Íamos pra casa, mas sempre animados. - Ele olhou para ela, ela estava sorrindo pra ele.

Entre Quatro ParedesOnde histórias criam vida. Descubra agora