Assim como prometido, Saiko ligou de novo depois. Não era o "depois" que S/N estava acostumada, de algumas horas ou de alguns minutos. O "depois" dele, dessa vez, durou dois dias inteiros.
A primeira coisa que ela fez quando clicou em aceitar a ligação foi perguntar "qual foi a merda que o Greg fez?" mas ele não entendeu.
"Como assim? O Greg não fez nada, não. Hoje tá tranquilo, o bichinho."
"Ué, Saiko, e a mensagem que você tinha mandado, cabeça?" S/N soltou uma risadinha leve enquanto seus pés ficavam brincando com as rodinhas de sua cadeira gamer. Adorava apontar os erros bobos que ele cometia, mas ele não deu muita bola, diferente de como acontecia durante todas as outras vezes.
O click do mouse de Saiko quebrava seu silêncio por ele. Após uns segundos ele suspirou, desanimado.
"Ah é. Não foi nada demais, relaxa."
"Ah. Tá bom."
Silêncio. Mais uma vez, tudo que ela ouvia era o click do mouse e o clack do teclado. De tanta coisa que ela queria dizer para ele, acabou sem saber por onde começar. S/N esperou que Saiko perguntasse, como sempre fazia quando ela ficava quieta de repente, se o gato tinha comido a língua dela, mas ele também não quis abrir a boca, por algum motivo.
"É..." ela se forçou a falar. O som saía estranho da garganta dela; muito artificial, incerto. Ela teve dificuldade em reconhecer sua própria voz ao continuar: "quer jogar roblox?"
"Roblox?" Saiko dá uma risada de deboche, e simples assim, uma faísca de familiaridade renova todas as energias de S/N.
"Roblox, porra. Jogo de alfa. Bora na tycoon da casa da Barbie, é massa."
Com um sorriso audível, ele não gastou nenhum sequer segundo para aceitar a proposta e abrir o aplicativo do jogo.
"Tá bom, mas depois você tem que jogar um de terror comigo."
"Não sei por quê você ainda insiste em jogo de terror se você odeia eles, Saiko, mas beleza."
Duas horas depois, ele teve que ir. A tycoon da casa da Barbie fez a cabeça dele doer de tão rosa tudo era, e por mais que S/N fizesse piada com ele por só sair da call por culpa de um joguinho do roblox, a única coisa que ele fez em resposta é dar um riso sem graça, antes de sair.
Um dia depois, S/N ligou. Saiko não atendeu. Estranho, considerando que ele estava online no Discord, mas tudo bem. Talvez estivesse gravando alguma coisa. O resto da tarde passou. A noite chegou. Nada.
As semanas foram passando nesse mesmo ritmo. Às vezes ele ligava, às vezes não... geralmente não, mas de vez em quando ela recebia algumas ligações curtas dele. Sempre que o sol se punha e a lua subia ao céu, uma sensação esquisita tomava o âmago de S/N. A sensação de que algo estava faltando. Era impossível ficar parada ao seu PC quando ficava mais tarde. Ela precisava se levantar e ir para outro lugar da casa. Recentemente, o quartinho dela tinha ficado muito cheio de lembranças.
Foi em uma dessas noites solitárias que ela recebeu a notícia de seus pais, ao passear desatenta pela cozinha, de que as férias seriam gastas em Fortaleza, Ceará, naquele ano. E quando seriam essas tais férias? Semana que vem.
Incerta, ela voltou ao seu computador e começou a digitar uma mensagem para ele, mas não conseguiu enviar.
S/N: vou pra fortaleza semana q vem ein
Com a amizade dos dois não passando mais de uma memória recente, ela não conseguiu evitar de pensar "e daí? Vou para a cidade dele semana que vem, mas e daí? Não é como se ele fosse ficar feliz com isso. A gente mal se fala mais," e apagou o texto.
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one shots • saikomene x leitor
Fanfiction‼️Qualquer sugestão ou pedido para alguma one shot, só mandar que eu faço (dependendo do que for também, né?).‼️ O desenho da capa é meu. Se qualquer um mencionado nessa fanfic ler ela eu apago e depois mudo de nome, país e identidade. Boa leitura. ...