Capítulo XVII

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Aquela noite havia marcado Lori de uma forma inimaginável, os olhos bem abertos se negavam a sonhar com o que havia feito, ou quem sabe descobrir que aquilo era de fato um sonho enorme... A pele quente de Toge ainda estava em sua memória e, quando o silencio vinha, os ruídos melodiosos de seu doce choro excitado o levava a loucura do desejo.


Era um ciclo: lembrar de seus membros roçando um no outro, seus lábios marcando aquela pele pálida e depois emitir um grito de vergonha enquanto tentava conter seus ânimos. Lori baforou tantos cigarros quanto seus pulmões poderiam aguentar e mesmo a nicotina não dava conta daquilo.


Olhar seu celular? Jamais! E se alguma mensagem estivesse o aguardando? "Não quero mais te ver" ou "Você é nojento", qualquer coisa poderia ferir o coração solitário de Lori. Ele não deveria ter se envolvido com o platinado, não deveria ter deixado sentimentos fluírem e consumirem seu coração até aquele momento.


E com esses pensamentos, baforou mais um cigarro.




Se passaram dois dias até Fushiguro e Itadori encontrar o adolescente de aparência rebelde perambulando pelas vielas mais esquecidas daquela grande cidade. O cabelo preto, ombros e pernas longas e um cigarro em seus lábios era inconfundível, os olhos afiados se viravam quando qualquer vulto se aproximava e com a dupla de amigos não foi diferente.


— OH! — Itadori falou com um grande sorriso enquanto cumprimentava o maior. Lori encarou os dois antes de apagar seu cigarro.


— Como estão?


— Bem e você? Faz um tempo que não vai na escola, tá com problema?


— Provas— Mentiu encarando Megumi que em silêncio parecia estar suspeitando de algo— E vocês? Seria uma surpresa que vocês precisem fazer provas.


— O Gojo andou fora por causa de algumas missões— E olhando para os dedos, enumerou o que cada amigo de Lori fez— Maki andou treinando bastante e ajudou o Inumaki a aquecer o corpo. Ah, ele já está liberado para fazer novas missões.


— Já? — A surpresa em sua voz foi notória— Isso não é perigoso? Quero dizer, ele ainda deve estar ferido.


— Não podemos ficar desperdiçando tanto tempo acamados, Lori— Desta vez foi a vez de Megumi Fushiguro tomar a atenção do maior, sua face mais sombria poderia levar a mensagem de uma maneira mais séria e verdadeira ao preocupado Lori— E outra, Inumaki é muito mais poderoso que aparenta.


Engolindo seco, emitiu um leve estalar de lábios e sorriu— Eu imagino.


— Vem com a gente! Vamos ir para a escola treinar um pouco— Antes que pudesse negar, foi puxado por Itadori— É bom lutando? A gente pode ensinar, eu também não sabia muito no começo.


— OH PORRA! — Ele conseguiria negar? Apenas reclamou e seguiu como um cão faminto por carinho de seu dono.




O campo era tão grande que Lori pensava quantos zeros haviam sido gastos para formar aquela escola. Maior que a dele, sem dúvidas, mais equipada, claramente e tão bela quanto algumas de riquinhos mimados.


Olhando para não muito longe de onde estava, o campo era ocupado por duas figuras de uniforme preto enquanto um panda assistia sentado na arquibancada junto de Nobara. Caminhando lentamente, suas íris afiadas em tons opostos não se desgrudavam da figura de Inumaki que com certo descuido devido seus ferimentos ainda recentes, treinava luta com Maki.


A mulher brandava uma espada de bambu com agilidade, os movimentos firmes devido as diversas horas gastas em lutas corporais, mas não apenas isso, a velocidade perdia pouca coisa para o platinado dando um cansaço no corpo do garoto. Eles deveriam estar treinando a talvez uns belos dez ou quinze minutos, suor escorria por seus músculos e face enquanto arfavam.


— Você também veio, Lori— O Panda falou quando notou a presença do maior que, fumando, encarava seu parceiro sem desviar.


— O Itadori me puxou— Entre um baforar e outro, respondeu— Eu fui mais obrigado a vir mesmo.


— É coisa do Itadori fazer isso— Nobara sorriu apontando para um canto— Senta aí, pelo visto eles estão só começando.


— Não é muito esforço pra um começo?


— Que nada, a Maki é muito boa— A mulher gabou de sua amiga— E o Inumaki já tá benzão.


Quando a última tragada foi feita, Lori puxou o cigarro de seus lábios e pegando seu maço, buscou em vão um novo cigarro. Estava vazia e o vício parecia o deixar ainda mais inquieto enquanto seus olhos o obrigavam a sugar aquela imagem tão interessante.


Alguns chupões poderiam ser vistos quando movimentos desengonçados deixavam as vestes de seu uniforme longe de seu corpo, como os lábios tatuados e marcados pela malícia que voltou a sua mente como um desejo quase insuportável. Cruzando suas pernas, sentiu o desconforto e desviou o olhar para Maki como se ela fosse retirar todo e qualquer tesão que ele tinha.


Mas ele implorava que o grupo a sua volta não notasse e entendesse errado. Oh céus, ele apenas queria não sonhar acordado com seu amado e agora parecia que estava atolado até o pescoço em uma grande confusão.


— Lori— Itadori chamou fazendo o maior quase gritar— Oh cara, eu só ia perguntar se quer treinar comigo. Eles terminaram.


— Treinar? — Quase gaguejando, falou enquanto olhava para Inumaki levantando do chão mostrando que havia perdido— Pode ser.


Se levantando, deixou sua blusa de frio cinza jogada sobre o mesmo lugar onde até poucos milésimos de segundos estava sentado e, andando até onde a dupla estava, começou a se alongar como fazia quando se metia em alguma briga de rua.


— Como funciona isso? O primeiro que cair perde? Quem levar um soco no rosto? Fala as regras que eu topo.


— O primeiro a cair perde— Anunciou seu adversário antes de correr até Lori preparado para o socar. 


Pecado / Toge InumakiOnde histórias criam vida. Descubra agora