Desolação

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Ethan, um mercenário residente em São Paulo no ano de 2077, encontra-se imerso em uma existência desoladora. Diariamente, recebe compensação para perseguir e eliminar criminosos, testemunhando as profundas disparidades sociais que permeiam sua realidade. Em um mundo onde as classes sociais são ostensivamente marcadas, sua vida é caracterizada pela miséria. Sua única forma de escape reside na efêmera busca de prazer em prostíbulos após suas missões. Contudo, a exaustão dessa rotina e a desolação que permeia seu coração tornam-se inescapáveis. Atormentado por pensamentos intrusivos, Ethan é assolado pela solidão, uma figura invisível para o mundo que o cerca.

Em uma determinada ocasião, foi incumbido a Ethan o encargo de perseguir um criminoso em um ermo e isolado recanto. Informaram-lhe que este se ocultava em algum ponto de um território desértico e inóspito, distante das civilizações, em um local abandonado e inabitável. A jornada se estendeu ao longo de um dia inteiro, e Ethan, desprovido de pistas claras, debatia-se na incerteza de onde iniciar sua busca. Enquanto pilotava sua motocicleta em busca do fugitivo, avistou um homem de estatura elevada, cabelos longos e uma prótese substituindo o braço perdido. Este exibia cicatrizes marcantes, uma sulcando-lhe a testa e outras adornando sua bochecha e sobrancelha.

Ethan se aproxima do homem com uma postura elegante e indaga sobre seu nome, surpreendendo o desconhecido que não esperava companhia naqueles arredores.
- Pode-se afirmar que estou seguindo seus passos? - Inquire o homem com uma expressão séria. Ethan, não predisposto naquele momento, nega com desinteresse, fingindo desconhecer a identidade do indivíduo.
- Então, não é uma perseguição? Meu nome é Samuel. Está desorientado? - Pergunta com um toque de gentileza e um sorriso sincero. Ethan, então, mente habilmente.
- Sim, estou perdido. Apenas desejava que me apontasse a direção do Cristo Redentor!
- Você está perdido pra um caralho, pois, lamento informar, eu também não sei. Peço desculpas; só consigo afirmar que, provavelmente, está seguindo na direção oposta. - Responde com uma expressão surpresa e curiosidade. Ethan percebe, então, que o combustível de sua motocicleta está escasso, ficando indeciso sobre o próximo passo. Samuel, atento à situação, prontamente se oferece para abrigá-lo durante a noite.

Ao se deparar com o modesto barraco de Samuel, Ethan reconhece a estreiteza e sujeira, reminiscentes de seu apartamento em São Paulo, embora ali houvesse menos tumulto e poluição. Samuel, oferecendo uma sopa enlatada como gesto hospitaleiro, compartilha um vislumbre de sua solidão recente.
- Há pouco tempo, vim parar aqui. É tudo que tenho. Minhas noites são solitárias, então fico feliz com a companhia, mesmo que seja por um único dia. Mantenho-me isolado de tudo nesse lugar. - Ethan, tocado pelas palavras de Samuel, redescobre um sentimento humano perdido nas vicissitudes da vida. Sente a vontade de abrir-se naquele ambiente acolhedor.
- Na cidade grande, mesmo entre multidões, me sinto isolado. Pareço uma máquina a serviço de outros. Tudo que desejo é perder minha invisibilidade. - Samuel, ouvindo essas palavras melancólicas, ri brevemente, e então um silêncio envolve-os, percebendo que o anoitecer chegou.

Ethan aguardou a entrega de combustível ao longo da noite, sem ter certeza do momento exato em que ocorreria. Ao deitar-se no chão, ele contemplou serenamente as estrelas, apreciando o céu noturno como nunca antes, pois raramente dispunha de tempo para tal. Percebeu que sua existência estava aos poucos consumindo sua humanidade e ansiava por uma vida distante das influências que corroíam sua alma. Samuel se aproximou e deitou-se ao lado de Ethan no solo arenoso.
- Nossas vidas individuais parecem tão ínfimas diante dos bilhões que coexistem. Prefiro viver em consonância com minhas convicções do que levar uma existência vazia e destituída de sentido... - Expressou Samuel, quase adormecendo. Suas palavras tocaram Ethan profundamente, levando-o às lágrimas.
- Desculpe, Samuel. - Ethan murmurou, ciente de que suas palavras não alcançariam os ouvidos já entregues ao sono.

No dia seguinte, Samuel revirava algumas caixas em seu barraco e depara-se com um videogame antigo. Empolgado, ele chama por Ethan, convidando-o para participar de uma sessão de jogos. Ethan, surpreendentemente, revela nunca ter experimentado tal entretenimento em toda sua vida. Samuel prontamente se oferece para ensiná-lo.
- Neste jogo, sua missão é derrotar todas essas criaturas usando esta espada. É um estilo conhecido como Hack and Slash; joguei vários desses na minha infância. - Explicou Samuel. Ethan, sem muita familiaridade com o tema, concentrou-se mais na cadência da voz do que no significado das palavras proferidas. Acreditando que Ethan havia captado a explicação básica, Samuel entrega o controle em suas mãos.
Sem saber ao certo o que fazer, Ethan tenta se adaptar ao sistema de jogo, e ambos passam a tarde imersos na diversão. Samuel irradiava felicidade por ter uma companhia, enquanto Ethan experimentava a alegria de se sentir um pouco livre das amarras de seu trabalho.

Ao raiar de um novo dia, Samuel informa a Ethan que os mantimentos se esgotaram, indicando a necessidade de buscar alimentos em um mercado abandonado nas proximidades. Ethan prontamente se oferece para acompanhá-lo, e Samuel expressa gratidão pela companhia. Durante o percurso, Ethan sugere uma corrida, provocando risos de Samuel, que, confiante em sua altura de 1,95 metros, desafia Ethan, alegando que suas pernas longas garantiriam uma vitória certa. O desafio é aceito, e ambos correm a toda velocidade, culminando na vitória de Samuel e na irritação de Ethan.
O mercado, desprovido de teto e impregnado por odores desagradáveis, revela-se um local desolador, repleto de alimentos deteriorados. Apenas algumas opções enlatadas encontram-se dentro do prazo de validade. Samuel explica que não reside nas proximidades devido às condições insalubres do local. Após um breve descanso, retornam apenas ao anoitecer, quando uma chuva se inicia. Refugiam-se dentro do barraco precário, compartilhando um colchão velho para passar a noite.

Na quietude da madrugada, Ethan é despertado pelos trovões, seus olhos fixos no teto. Ao seu lado, Samuel, adormecido, casualmente posiciona o braço sobre Ethan, cuja nuca sente o calor da respiração de Samuel. Inquieto durante o sono, Samuel se aproxima mais, seu peitoral pressionando as costas de Ethan. Uma tensão palpável preenche o ar, enquanto Ethan, intrigado e excitado, experimenta uma proximidade incomum entre homens. Uma chama ardente se acende em Ethan, um desejo inconsciente de uma conexão intensa com Samuel, ao mesmo tempo em que teme a inevitabilidade de um confronto futuro. Com ousadia, Ethan vira-se, enfrenta Samuel, abraçando-o com fervor. Seu dedo traça os lábios de Samuel, e eles sucumbem juntos ao calor da paixão, entregando-se a um momento eletrizante.

Continua...

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⏰ Última atualização: Jan 04 ⏰

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