CAPÍTULO TRINTA E UM

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—Malessa—

Abri os olhos.

     Senti o frio da noite tempestuosa, mas eu não estava no celeiro. Estava no meio da floresta. Eu a conhecia como a palma da minha mão, já que toda vez que fecho os olhos, venho para o mesmo lugar. O mesmo momento...

     Vim para presenciar a morte de meu pai mais uma vez. Mas percebo que já aconteceu, o sangue dele já está em minhas mãos. Pingando no chão. Então escuto os rugidos vindo em minha direção. Os passos pesados dos Ferais tentando me alcançar. E dessa vez, não espero pela morte. Eu corro. Ou pelo menos tento, mas não saio do lugar.

     Sinto a presença de um deles atrás de mim no mesmo momento que vejo uma de minhas adagas gêmeas ao lado do meu pé. Então só tenho tempo para pegá-la rapidamente, me virar para trás e atirá-la na direção do pescoço do Feral.

Escuto a lâmina cortando carne e osso tão nitidamente quanto ouço o vento uivar nos meus ouvidos. Mas quando a cabeça dele cai no chão com um estampido baixo, eu vejo que não matei um Feral. Eu acabei de decepar a cabeça de Valerya.

     Quando finalmente sinto que posso me mexer, me aproximo alguns passos do corpo imóvel. Olho para as minhas mãos, e a adaga que joguei a alguns segundos está de volta em uma delas. Noto que estou banhada pelo sangue do meu pai, e agora minha adaga está banhada com o de Valerya.

     Eu quero chorar, gritar e amaldiçoar o mundo. Mas não consigo fazer nada além de ficar olhando a cabeça separada do corpo. Os olhos vítreos e sem vida. A culpa era minha. Eu a matei.

Eu matei. Eu matei. Eu matei. Eu matei.

— Mal...

Ouço o sussurro de uma voz familiar em meio aos gritos silenciosos em minha mente, e quando me viro para trás, não acredito no que os meus olhos pesados vêem.

— Zand?

Meu irmão estava parado me olhando, e não sei dizer se é mais uma peça do mundo dos pesadelos ou se é algo a mais. Ele me olha espantado e preocupado, e sinto meu coração acelerar.

— Eu não faço parte do seu sonho, se é o que está pensando. Pelo menos não do jeito natural. — ele fala baixo, os olhos de vez em quando indo para atrás de mim, para o corpo imóvel lá. — Eu te escutei.

— Como?

Porque além de eu não ter gritado dessa vez, Zand estava longe. Muito longe. Ele viu a confusão no meu olhar, pois disse:

— Nenhum lugar é distante para mim quando se trata de sonhos. — um pequeno sorriso abre caminho no canto da boca dele. — Ou pesadelos.

O entorpecimento some. Então eu corro ao encontro de Zander, que abre os braços para me agarrar em um abraço. Ele suspira aliviado quando o calor real demais nos envolve. Isso é surreal.

Meu irmão se afasta um pouco, e sinto uma das mãos grandes e quentes segurar a lateral da minha cabeça. Sua testa encosta na minha e ficamos assim por uns bons segundos. Fecho os olhos e me permito inspirar o cheiro familiar do meu irmão.

— É bom saber que ainda está inteira. — ele sussurra e passa a mão pelos meus cabelos.

— É bom estar inteira.

Zand me afasta para olhar em meus olhos, sua expressão já me diz tudo.

— Mal, me explique o que aconteceu.

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⏰ Última atualização: 21 hours ago ⏰

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~ɪᴍᴘéʀɪᴏ ᴅᴇ ᴅᴇᴜꜱᴇꜱ ᴇ ᴍᴏɴꜱᴛʀᴏꜱ~Onde histórias criam vida. Descubra agora