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Harry
(O caçador)

Punição

É o medo do desconhecido que assola a maioria de nós. Mesmo Noura, com seu conhecimento e habilidades para desafiar a mente, é afligida pelo terror de não saber o que a espera do outro lado.

Seu corpo treme em meus braços. Sua adrenalina dispara através de seu sistema. Corro meu dedo por seu cabelo, tentando acalmá-la. Ela precisa ficar calma para isso.

— Tenho que acorrentá-la agora, — digo a ela. Ela tenta lutar, mas seus músculos estão cansados. O corpo dela sofreu privações e esgotamentos. Este poderia ser o seu ponto de ruptura, se ela o permitisse.

— Harry, por favor. Eu só quero entrar. Estou desidratada e com fome, suja. Eu sei que não é isso que você quer fazer. Você pode lutar contra a compulsão. Não quer me machucar. — Eu pressiono meus lábios no topo de sua cabeça. — Por favor — ela sussurra.

Balanço minha cabeça enquanto a coloco no chão. Seus pulsos estão sujos e machucados. Círculos vermelho-escuros de sangue seco marcam sua pele sob as algemas. Eu a arrasto em direção a um pinheiro fino e amarro a uma corrente ao redor do tronco. Seus gemidos estão começando a me agitar.

— Você não é uma vítima fraca e infeliz. Sabe por que está aqui. — Ela solta um grito. É um grito de frustração, não de medo. Afasta a franja emaranhada da testa com o ombro.

— Quando eu ficar livre... — ela para a ameaça evidente em seu tom insensível. Eu pego a pá e a encaro.

— Estarei esperando por você. — Empurro a pá na terra. — Não tenho tudo que eu queria aqui — digo a ela enquanto jogo terra para fora do buraco. — Tive que fazer a maioria das coisas mentalmente. Algumas exceções tiveram que ser feitas. Mas eu construí este belo modelo tridimensional para você. Seu próprio quebra-cabeça. Sua própria armadilha, Noura. — Eu olho para ela. Ela está tremendo contra a árvore, joelhos puxados para o peito. — Mal posso esperar para você experimentar isso.

— Você não pode continuar com isso, — diz ela. — Está fazendo desordenadamente. Não está fazendo como suas outras vítimas. Não há câmera. Eu sei quem você é. Onde está o medo, Harry? Onde estão as fotos das minhas vítimas? — Sua voz aumenta de raiva. — Não há nenhuma! Você não pode continuar com isso porque desafia suas crenças e sistema.

Eu paro para olhar para o céu noturno.

— Como eu disse, algumas exceções tiveram que ser feitas. Você tem uma longa trilha de vítimas, Noura. Deixarei você relembrar seus rostos por conta própria.

— Seu filho da puta sádico, não há vítimas!

Quando o buraco está do tamanho perfeito, o sol está começando a aparecer por entre as árvores. Os grilos ficaram quietos. A floresta está parada com a nota nítida da manhã.

Jogo a pá no chão e arrasto a caixa de madeira para a terra recém cavada. O contêiner de envio terá que servir. Não é um caixão, mas será suficiente. Prego mais algumas tábuas nas laterais para cobrir as lacunas, então saio e me ajoelho diante de Noura.

Suas roupas cobertas de sujeira, sua pele estremecendo. Sua cabeça pende e eu coloco minhas mãos em cada lado de seu rosto para levantar seus olhos para mim.

— Você pode acabar com a nossa dor. — eu digo. Esfrego meus polegares em suas bochechas, limpando os rastros de lágrimas secas. — Confesse, Noura. Desabafe. Admita a verdade, receba sua punição e tudo isso acaba.

Seus olhos se concentram em mim. Então ela cospe na minha cara.

— Você não é a porra do meu padre, seu merda!

The Huntsman | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora