A PRESENÇA do rei durante as refeições é pouco frequente, mas sabíamos que quando ele comia conosco, teria algum aviso de casamento saindo de sua boca pra uma de suas filhas.
Duas de minhas sete irmãs já se casaram com nobres de outros reinos. Ele tem uma tendência a colecionar favores de reinos vizinhos, se livrando de suas próprias filhas.
— Você se casará com o Duque Castenschio. – Meu pai diz simplesmente, enquanto colocava uma colher de sopa na boca.
Aparentemente ele está acostumado a vender suas filhas.
Dei muito duro para engolir o mingal quando notei os olhos de todos na mesa centrados em mim.
— Renese? – O rei, meu pai, havia repetido meu nome diversas vezes, mas meu olhar estava preso em meu prato de mingal.
Minha irmã ao meu lado riu baixinho, um sorriso malicioso.
Eu sabia que isso iria acontecer, mas não tão rápido!
Por que estou sentada em uma cadeira chique, ornamentada com ouro, prata ou qualquer mineral que seja? Eu não sei.
Depois de encontrar mais um romance na internet em um site duvidoso, peguei no sono em meu quarto gelado e miserável.
E então acabei acordando em um quarto luxuoso.
"O que diabos? Eu fui sequestrada?!"
Disse enquanto me levantava da cama, sofrendo para caminhar sem tropeçar em minha camisola.
Segurei o espelho, apertando as extremidades em puro desespero.
Observei o rosto bonito, digno daquele quarto enorme e bem decorado. Loira, de olhos azuis e pálida como se nunca tivesse saído de casa.
Me perguntei se não era um sonho milhares de vezes antes de uma empregada invadir meu quarto e apertar minhas costelas com o espartilho, me colocando em um vestido rosado, repleto de babados, logo em seguida.
Agora, eu estou aqui, sentada como se pertencesse à essa família. Eu morri? Só isso? E tomei a alma de outra mulher medieval com um destino cruel de ser vendida a um homem ainda mais cruel?
De acordo com o livro, o Duque Castenschio é conhecido como um herói de guerra.
Por mais brilhante que esse título fosse dado a ele pelo imperador de sua nação, era conhecido por todos como um psicopata, assim como toda a sua família.
Sua família herdou os olhos vermelhos-carmesin durante gerações, e esse ar destruidor de todos os homens e mulheres dessa família assustou os aristocratas por anos.
O livro é repleto de tragédia, o que me fez continuar a leitura tão arduamente.
Sou atraída por histórias de "amores proibidos" ou "eles com certeza poderiam ficar juntos, mas estavam quebrados demais para isso".
A protagonista, completamente louca pela tortura que havia sofrido pelo seu irmão durante todos esses anos morando neste castelo, sentiu que após ser casada com um homem de reputação quase nula, conhecido por ser um bárbaro, não se viu sem escolhas a não ser criar uma barreira em si própria contra ele.
O que isso quer dizer? A protagonista, Renese, sempre pertubava os empregados, que não eram bons com ela, a família do Duque que morava no castelo não escapava de suas maldades, que retribuíam os ataques.
E por fim, o Duque. Lendo a história, percebi que Renese não havia ocupado espaço em seu coração para ser amada, visto que não havia deixado espaço para ser atacada novamente.
É uma história repleta de tragédia, como disse, os dois acabaram se aproximando, mas Renese não havia confiado 100% nele.
E após uma briga em família durante uma festa, ela incendeia o castelo, matando os aristocratas convidados, sendo a família os únicos sobreviventes deste incêndio.
Qual é desse final? É horrível. Ele com certeza poderia ter feito tudo por ela, mas Renese nunca o conheceu verdadeiramente.
Pelo menos eu acho, como vou saber que a escritora o escreveu pra ser apenas um aristocrata viciado em guerras e que realmente é um psicopata? Assim como toda a sua família?
Bem, o final é meio... ruim. Então vai ser fácil evitá-lo.
Mas não posso descartar o fato de que não conheço bem a família do Duque. Eles não foram bem aprofundados pela autora.
Estou correndo perigo?
Enfim, por agora, posso tentar o caminho mais fácil? Negociar com meu pai para acabar com esse casamento arranjado?
— Pai... – Digo fracamente.
— Não estou querendo ouvir objeções, Renese. Então espero que sua próxima resposta seja "sim" ou "claro".
Levantei os meus olhos do mingal e encarei diretamente para o meu pai.
Tentei abrir a boca para argumentar, mas meu irmão, assentado em uma cadeira ao meu lado, pisou delicadamente sobre meu pé, e então senti o aperto incrivelmente doloroso sob meus dedos.
Olhei para o meu irmão, que estava com uma expressão assustadora.
Senti como se estivesse algo rasgando na pele do meu pé, por mais protegidos pelo couro do meu sapato.
Contive um gemido de dor.
Eu estava suando, são os sentimentos da protagonista ou são os meus? Está realmente um clima denso aqui.
Engoli as palavras que eu teria dito naquele momento, até então balbuciar com dificuldade um:
— Claro, papai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
How to Survive My Cruel Husband's Family
Romance⚠️ 𝗔𝘁𝗲𝗻𝗰̧𝗮̃𝗼! 𝗦𝗲 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗲́ 𝘀𝗲𝗻𝘀𝗶́𝘃𝗲𝗹 𝗮 𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗼𝘂 𝗮𝗯𝘂𝘀𝗼 𝗳𝗶́𝘀𝗶𝗰𝗼, 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗺𝗲𝗻𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗻𝗮̃𝗼 𝗹𝗲𝗶𝗮 𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗼𝗯𝗿𝗮. - 𝗧𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼: Como sobreviver à família do meu marido cruel! - 𝗚𝗲̂𝗻𝗲...