A aterrissagem de Itzal no chão de concreto não foi nada amigável, em primeiro lugar, ele não havia caido naturalmente por falta de atenção ou algo tipo e em segundo lugar, aquela pancada que levou na barriga parecia ter realmente quebrado alguma coisa.
-Vamos! -Gritou uma voz feminina. -Levante-se Itzal! Em um combate de verdade, ficar deitado assim é fatal!
-Mas tá doendo! -Queixou se Itzal, agonizando no chão.
-Em um combate real vai doer 10 vezes mais! -Retrucou a voz enquanto se aproximava rapidamente. -Agora levante-se, moleque!
Itzal teve um tempo de reação minúscula e mesmo com dor, rolou para o lado, evitando levar um golpe fervoroso desferido pela garota que portava uma espada de madeira. Itzal tentou se levantar, mas quando percebeu já era tarde, a ponta amadeirada já estava em seu pescoço.
-Você perdeu. -Disse a garota o encarando com seus olhos brilhantes que pareciam diamantes refletindo a luz ao seu redor. -De novo. -Complementou com um claro tom de decepção.
-Você é forte demais. -Expressou Itzal, com um sorriso envergonhado no rosto. -Acho que a gente pode tentar de novo, não foi tão ruim quanto da última vez, não é?
-Vamos parar por aqui. -Respondeu na mesma hora a garota. -Eu não quero mais te machucar por hoje. -Continuou enquanto se sentava a frente de Itzal se apoiando com a espada de madeira.
-Mas, ainda tá cedo, a gente pode tentar mais um pouquinho, eu acho que tô melhora...
-Itzal, eu não quero mais continuar por hoje. -Interrompeu a menina. -Eu tô cansada e frustrada, a gente tá treinando há mais de um ano e a sua evolução é insignificante. Desculpa, mas você parece sempre dar um passo para frente para dar dois para trás. -Suspirou. -Eu realmente não sei mais o que tentar.
Aquelas palavras doíam e entravam como adagas pelos canais auditivos do garoto. Não era a primeira vez que ele escutou algo similar a isso, mas sempre parecia ser a primeira. Todas às vezes que ele tentava fazer algo acabava assim, com alguém o dispensando por não conseguir lidar com o péssimo aprendiz que era Itzal.
-Desculpa, eu vou tentar melhorar Helena. -Desculpou-se, com dificuldade pois sentia que sua garganta estava se fechando.
Itzal apenas escutou o suspiro de Helena na sua frente, não conseguia olhar para a face da garota, seus olhos ardiam só de tentar e ele realmente não queria chorar naquele momento, não na frente dela.
O garoto estava tenso e de todas as maneiras tentava evitar olhar para a garota, seus olhos corriam pela paisagem onde estavam, uma arena hexagonal antiga, com piso de mármore e com algumas colunas quebradas em suas extremidades que eram dominadas por videiras. Olhar para cima também não o ajudava, o clima não estava agradável, nuvens escuras preenchiam todos os lados do céu, o clima perfeito para um velório. Tudo era uma falha tentativa de evitar olhar a garota em sua frente, pois mesmo de maneira involuntária, Itzal se pegava olhando a garota mais velha sentada em sua frente.
Helena era a irmã mais bonita de Itzal, na opinião do garoto, e tinha uma presença bem marcante. Seus cabelos loiros, longos, crespos e sempre soltos eram lindos e combinavam muito bem com sua pele de cor de ébano, sempre vestida em roupas casuais, como casacos e bermudas, mantendo a cor azul como sua paleta principal. Mas o que mais se destacava na garota eram seus olhos, que pareciam dois diamantes cravejados no rosto da garota, com iris repletas de facetas refletindo diversos tons como uma verdadeira pedra preciosa. Era quase impossível não olhar para ela.
-Não se desculpe, às vezes a culpa é inteiramente minha. Não sou uma boa professora. -Helena tentou confortar o garoto, mesmo Itzal sabendo que era mentira. -Mas a gente já tentou de tudo. Lanças, adagas, machados, martelos, espadas, literalmente todo o arsenal disponível e nenhuma das armas funcionou com com você. Talvez você não nasceu pro combate corpo a corpo, já tentou a longa distância? As vezes a Artemis pode te ajudar com arcos e essas coisas.
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Itzal e as Cachoeiras Celestes
FantasyItzal é um jovem diferente, bem, talvez nem tanto quanto seus irmãos, já que quando se convive com pessoas tão peculiares é bem difícil se sentir diferente, mas simultaneamente ainda é possível, pois o garoto tinha uma "peculiaridade" a mais em rela...