Álcool era o que Ian precisava naquele momento, um pouco de coragem líquida ajudaria a tomar decisões difíceis. Ao mesmo tempo que ele estava morrendo de curiosidade para experimentar em como seria a sensação de estar com um homem, mais especificamente com Dante, ele também tinha medo daquele mundo desconhecido, medo de se entregar e acabar se machucando, tudo se resumia a apenas medo, afinal ele era um covarde.
Definitivamente beber ajudaria a deixá-lo mais desinibido, talvez até o libertaria da sua crônica falta de coragem, por isso antes de juntar-se à Natasha na pista de dança, Ian foi pro bar e tomou duas doses de tequila, no momento em que o líquido desceu rasgando sua garganta ele sentiu seu corpo esquentar, suas tensões diminuírem e sua mente ficar mais clara. Antes o mundo ao seu redor parecia fechado, como se ele tivesse uma visão limitada, mas agora ele não se restringia a olhar para baixo, o jovem rapaz se permitiu ficar de cabeça erguida e olhar as pessoas de frente e dessa forma o mundo parecia totalmente diferente.
"O poder do álcool é incrível!"
Em poucos minutos Ian já trocava olhares com vários homens na Boaquete, Natasha ria e dizia que ele era natural na arte da Piranhagem e que só estava precisando de um empurrãozinho, e o jovem rapaz ria de volta olhando com desejo para uma pessoa no bar. Ele já havia experimentado o beijo de Mike, foi breve, porém o suficiente para fazê-lo desejar por mais, por isso inconscientemente seu olhar o buscava e tudo que recebia de volta era indiferença.
— Se ele quer tanto que eu transe, porque ele não resolve isso ele mesmo? — murmurou Ian indo em direção ao bar em busca de outra tequila e de um pouco de atenção de Mike.
Apesar de ser um dia de semana o local estava cheio e isso seria um problema pro Ian sóbrio, já pro Ian bêbado era só uma desculpa para se esfregar naqueles corpos suados enquanto provocava quem estava no caminho até o seu destino.
— Você parece estar se divertindo — disse Mike observando Ian beber mais duas doses de tequila — Não sabia que você tinha resistência a álcool tão boa.
— E não tenho — Ian passou o dedo pelo rosto de Mike e se aproximou — você me disse pra arrumar alguém pra apagar o meu fogo então eu estou inflamando-o primeiro.
— Vá com calma, garoto — alertou Mike segurando o braço de Ian, mas era possível ver a faísca de desejo em seu olhar — eu não vou poder te proteger se você ficar inconsciente e te levarem pra algum lugar desconhecido.
— Então você deveria me parar agora, não acha? — Ian queria beijá-lo, queria seguir o conselho do próprio Mike e deixar que ele o fodesse no banheiro, ele precisava saber como era senti-lo dentro dele.
— Você não faz o meu tipo — rosnou Mike afastando Ian — Agora volte a sua caçada antes que eu desista de vez de te ajudar.
Por algum motivo aquelas palavras pareceram dilacerar Ian de uma forma inesperada, seus olhos arderam e na tentativa de engolir o choro eminente, o jovem rapaz engoliu mais duas doses de tequila, que diferente das primeiras não o animou, apenas o deixou ainda mais angustiado.
Como várias pessoas naquele bar pareciam olhá-lo com desejo, no entanto nenhuma de fato havia dado espaço a ele para se envolver? Por que Mike que claramente o olhou com desejo o rejeitaria assim? Seria por causa da sua lealdade ao Rei do Inferno? Seria por causa da Natasha? Não importava o motivo o sentimento de ser rejeitado era horrível.
Os pensamentos começaram a ficar desconexos, a luz brilhante ficou mais intensa, as batidas das músicas ficaram mais alta e o desejo só crescia dentro de Ian, tudo que ele queria era ao menos beijar alguém e foi o que ele fez.
Dançando no meio da pista ele foi de encontro a várias bocas, sem pedir licença ou permissão, ele apenas olhava para sua vítima e se o olhar se mantivesse firme o jovem rapaz colaria seus lábios no da pessoa, deixaria que a língua alheia o invadisse e que suas mãos o tocassem.
A noite foi passando e Ian já havia perdido a conta de quantos beijos foram trocados, ele já não sabia de quem eram as mãos desconhecidas que o tocaram, entre os homens e mulheres da Boaquete ele pertencia a todos e a nenhum deles, não importava mais quem fosse, ele queria apenas esquecer aquela sensação ruim da rejeição e se sentir bem.
Entre amassos e mais doses de tequilas, Ian sentia que estava cada vez mais perto do seu objetivo final. Natasha parecia bem satisfeita e até Mike sorria discretamente ao ver o jovem rapaz se divertindo tanto, nem parecia aquele Coelho Assustado de sempre, era incrível como uma pessoa podia ter tantas vertentes.
A pista começou a esvaziar, as pessoas estavam começando a ir embora e Ian precisava agir rapidamente, era agora ou nunca, a próxima boca que ele beijasse seria a deixa para arrastar sua vítima para o banheiro.
O homem que se aproximou tinha um beijo gostoso e um cheiro leve de tabaco, que fez com que Ian lembrasse de Dante e por isso se entregasse mais facilmente, o próprio rapaz tomou iniciativa e arrastou sua vítima para o banheiro, arrancando um sorriso de satisfação do seu acompanhante.
Dentro de uma cabine no banheiro Ian foi prensado contra a porta, ele sentia a respiração quente do homem atrás de si que mordia sua nuca enquanto apertava levemente o seu pescoço e o volume batendo em suas costas cresceu rápido.
O barulho do cinto batendo na parede da cabine fez com que Ian ficasse nervoso, ele não precisou olhar para trás para saber que o homem já estava a ponto de penetrá-lo a qualquer momento, as calças do jovem rapaz foram tiradas junto com a cueca, deixando-o exposto rápido demais.
O medo voltou, aquilo que o álcool havia lhe impulsionado a fazer não parecia mais uma boa ideia, parecia algo ruim e perigoso.
"Álcool é uma desgraça."
— Você... Você pode ir devagar? É a primeira vez que faço isso... — Ian estava tomado pelo desejo, mas nem o álcool foi capaz de mascarar o seu pavor, eles não tinham trocado uma única palavra até então, tudo que ia sabia sobre aquele homem era que ele beijava bem e que seu cheiro lembrava o de Dante, será que aquilo era suficiente para que transassem naquela noite?
— Então é esse o seu joguinho, hein? — questionou o homem — Então eu vou entrar na brincadeira e fingir que esse cuzinho é mesmo virgem.
— N-não é jogo... É-é verdade — gaguejou Ian — Eu nunca... Eu nunca...
— Não precisa esse teatrinho, — disse o homem roçando seu pau entre as nádegas de Ian e apertando o pescoço do rapaz — eu vi você a noite toda se esfregando em todo tipo de gente e você quer mesmo que eu acredite que não deu pra mais ninguém? Não precisa mentir pra mim, tá? A gente brinca como você quiser.
O corpo de Ian tremia, toda a vontade de fazer algo com aquele cara foi embora, a magia de alguma forma tinha se quebrado e ele estava a um passo de fazer algo que certamente se arrependeria depois.
— E-eu não quero mais fazer isso! — Ian se debateu tentando se soltar — Me solta!
— Você me trouxe até aqui, você estava até agora implorando por isso, então nós vamos até o final, o seu cuzinho está implorando pelo meu pau — O homem deu um tapa na bunda de Ian sem nunca soltar o seu pescoço ou diminuir o peso sobre o corpo do rapaz, era impossível sair daquela posição em um espaço tão apertado.
— Ian?! — a voz de Natasha soou no banheiro. — Você está aqui?
Ian tentou responder, mas a sua boca foi bloqueada por uma grande mão.
— Shii, se você fizer barulho vamos ser pegos.
Não tinha como gritar, mas Ian não ia se entregar tão facilmente, ele já havia se arrependido de ter se metido em tal situação, agora com Natasha tão perto era sua chance de se livrar daquele cara, com toda força que tinha o jovem começou a se debater fazendo bastante barulho.
— Ian?! Tá tudo bem aí? — chamou Natasha novamente.
— Não tem nenhum Ian aqui, só estamos nos divertindo, já vamos sair — gritou o homem tentando afastar Natasha.
O desespero aumentou dentro de Ian, se Natasha acreditasse no homem ele perderia a sua chance de sair daquela situação, ele precisava mostrar que estava ali. Com toda a força que conseguiu ele mordeu a mão do homem que o soltou.
— Ah seu filho da puta! — xingou o homem dando um soco na costela de Ian.
Ian gritou de dor, mas aquilo não era nada perto do que já havia passado e sua mente ainda estava focada na fuga.
— Natasha me tira daqui! — gritou o jovem se debatendo mais.
Nada mais precisou ser dito, a porta quase caiu em cima dos dois com um poderoso chute da Natasha.
— Solte ele e saia, antes que eu te proíba de pisar na Boaquete novamente! — exclamou Natasha segurando a porta quebrada e dando passagem ao homem.
Furioso, o homem fechou a calça e saiu xingando.
Ian caiu de joelhos no chão, sua pele nua tocava o ladrilho frio e sujo, mas ele não parecia se incomodar, as lágrimas que caíam de seus olhos eram a sua única preocupação no momento.
— Vem, vamos sair daqui, eu vou cuidar de você — Natasha aparou Ian para que ele se levantasse e se vestisse.
— Eu... Eu... — Ian tentou explicar como se sentia, mas as palavras não saiam, no lugar delas saiam apenas as lágrimas.
— Não precisa se explicar — disse Natasha abraçando-o — Aquele cara é um babaca, foi culpa minha não te alertar, quando percebi que você tinha sumido com ele vim correndo atrás de você pra saber se tava tudo bem e eu cheguei bem a tempo, certo?
Ian assentiu e retribuiu o abraço, ele foi guiado por Natasha até um escritório pequeno, onde ele sentou-se no sofá e continuou a chorar.
— Vai ficar tudo bem — disse Natasha afagando os cabelos de Ian.
— Eu só queria transar — choramingou Ian frustrado — Mas ele foi rápido demais, ele não acreditou em mim... Eu estava com medo...
— Não precisa ter pressa, tá? — disse Natasha em um tom de voz acolhedor — Sei que Mike insistiu nisso e ele deve ter os motivos dele assim como você tem os seus, mas não precisa ser assim.
— O que eu faço agora? — Ian estava completamente perdido, ele tinha certeza que arriscaria a própria vida para sentar no Rei do Inferno e que essa sua luxúria estava pondo em risco não só ele como também Lana, Samanta e até mesmo Mike. Em contrapartida, ele não conseguia se entregar para qualquer um, era frustrante.
— Agora você vai pra casa e descansa — Natasha ofereceu um sorriso acolhedor — amanhã eu te ensino como você pode começar a perder o medo, tá bom?
— Você pode me ajudar? — Ian mordeu o lábio inferior com força, depois de toda a humilhação ele ainda estava com tesão.
— Com o que, querido?
— Eu — Ian olhou para Natasha, ela era tão bonita e fazia com que todas as palavras que saíssem de sua boca parecessem tão sensuais, ela havia se oferecido tantas vezes para ajudá-lo, será que ela poderia...
Natasha limpou as lágrimas no rosto de Ian e encostou sua testa na dele.
— Você está muito bêbado e passou por uma situação terrível hoje, melhor ir pra casa e descansar. — respondeu ela como se lesse os pensamentos do rapaz.
— O que vocês dois estão fazendo? — rosnou Mike abrindo a porta de supetão — Quantas vezes eu já te disse, Skyy? Fique longe do garoto!
— Tudo bem! — disse Natasha se levantando — Se você vai agir de forma irracional, eu também irei agir! Eu não toco no rapaz, mas você nunca mais entra na minha Boate!
— O que você...?! — começou Mike.
— Não briguem — interrompeu Ian se colocando entre os dois — Natasha estava só me ajudando, ela está irritada porque acha que foi culpa sua, mas a culpa foi minha, a culpa disso tudo foi minha, então não briguem.
— Você não tem culpa de nada, bebê — disse Natasha abraçando-o — Esse brutamontes que trata você como um cãozinho que tem que ser adestrado e te colocou nessa situação.
Mike revirou os olhos, mas não disse nada.
— Não é isso — tentou explicar Ian — Ele só quer me ajudar e me proteger... Eu que faço tudo errado... Mas obrigado Natasha, você está sendo uma grande amiga.
— Oh, querido, é um prazer ter você aqui na Boaquete.
— Chega dessa melação — disse Mike com os braços cruzados olhando descontente — Vamos embora, Ian.
Com um último abraço forte, Ian se despediu de Natasha, sentido-se acolhido depois de passar por mais uma situação arriscada por causa da sua luxúria. Ele estava totalmente sem forças, teria que deixar para lidar com isso outro dia.
"Eu preciso aprender a lidar com isso sozinho."
Adiamento é quando há suspensão de uma partida de xadrez com a intenção de continuar posteriormente.Nota da Autora
O álcool humilha, o fogo no cu humilha, uma combinação dos dois é uma bomba atômica de humilhação.Gente o Strip Game do Dante tá on!!!!! E vou compartilhar 3 ilustrações dele lá no twitter, já estamos na segunda etapa só faltam mais duas, vai lá conferir! https://twitter.com/autorapitty3200/status/1741806106052067535 (copie o link ou acesse meu perfil pelo link na bio)
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PS: O Pittyverso está com 4 capítulos na frente 😉
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Jogo Perverso
RandomDante é o chefe da Máfia local, um homem tão poderoso que tem toda a cidade sob seus pés, conhecido como o Rei do Inferno, ele é promíscuo e cruel, sempre teve a mulher que queria como queria até que cansasse dela. Um dia tudo mudou quando ele se in...