Anastásia Steele
Que dia fora o de ontem...
Um dia de lembranças, um dia que me criou expectativas, e me trouxe dúvidas. Me permitir chorar mais uma vez, depois de certo tempo, ao me deixar levar pelas memórias foi uma surpresa, na verdade, uma surpresa previsível, algo esperado ao mesmo tempo. Confuso, não? Eu era uma confusão, como sempre. Podia ter amadurecido, mudado um pouco a aparência, meu jeito de pensar e lidar com as coisas, mas a essência, aquela confusão, aquela indecisão, aquele interrogatório ambulante, questões que eu tinha quando Christian estava envolvido, continuavam em mim.
Ou seja, fora uma surpresa, pois achei que estava no comando de minhas ações e
sentimentos, mas me enganei. O que não me deixou boquiaberta foi o motivo da falta de controle, o qual é o mesmo de cinco anos atrás, certo moreno de olhos prateados. Ele tentou, novamente, como fez anteriormente dias antes. Não o culpava por isso, por insistir, por não me deixar em plena paz como pedi, afinal de contas, o conheço muito bem e seus olhos transbordam honestidade quando toca naquele delicado assunto, aquele que parece o ferir bastante.Mas acabo não cedendo, pois a compreensão que tenho por ele, no fundo do meu coração, não é maior do que as minhas feridas, não supera e não me faz esquecer os anos que sofri. Complicado, era essa a palavra que definia bem meus sentimentos por ele no momento. É claro que eu sabia que o meu amor por Christian, aquele enorme dentro do meu peito, não havia mudado, não havia saído daqui por nenhum segundo, mesmo depois de ser maltratado, esfolado e gastado. Amor esse sim gasta, principalmente com o tempo. Ouvi a campanhia e logo fui atender, achando que talvez fosse Leila ou Kate, mas acabei errando o palpite.
Era ele. Achei que ele não daria as caras tão cedo, pois nos vimos ontem mesmo, porém parece que não há limites. Ou vergonha na cara. Estava ele ali, escorado na beira da porta, comum pequena flor amarela na mão, a qual parecia ter visto por aí e pego na hora, olhando no meu rosto, bem nos meus olhos.
— Christian! — Exclamei seu nome soltando uma lufada de ar. Ana, não entregue-se, seja dura... Não amoleça, pensei comigo mesmo como um mantra. — O que... O que você está fazendo aqui? — Meu tom de voz não saiu frio como eu desejava e meu semblante provavelmente estava admirável e não de dar medo. Ele sorriu e estendeu uma flor dando de ombros, como um gesto simples, e eu, por algum motivo que desconheço, automaticamente aceitei, retribuindo o riso caloroso e receptivo.
— Além de vir te ver? — Perguntou arqueando assombrancelhas. Revirei os olhos quando senti minhas bochechas pegarem fogo. Deus, achei que isso não acontecia comigo, achei que não corava mais. Eu já devia me acostumar com o fato de Christian trazer tudo à tona, fazer todo o impossível de hoje acontecer como se fosse a coisa mais natural de outrora.
— Fiz uma promessa e estou aqui para cumprí-la. Quero provar que aprendi a manter minha palavra e também a realizá-la.
Aquilo mexeu comigo, mexeu com algo no meu interior. Com isso, suspirei com alembrança, os flashes que vieram á minha cabeça do dia do meu aniversário me deixaram tonta. Continuei olhando-o até que ouvi uma vozinha fina e animada. Certa pessoinha vinha correndo da cozinha até nós.
— Você veio! Você veio! Você veio!
Ágatha vibrou com apresença dele e, ao chegar no impulso perto da porta, abraçou a perna esquerda do homem com força. Meu peito doeu, mas ao mesmo tempo um alívio me tomou. Desde ontem, desde a idéia louca de contar tudo à Ágatha, fazê-la feliz e dar à ela um pai ter surgido, meus conceitos haviam sofrido uma mudança. Achei que ele iria ferí-la, como me feriu, mas olhando-o assim, sorrindo bobo, com o rosto franzido e vermelho pela emoção, não me parecia capaz de realizar o ato. E eu só havia visto o sorriso de minha filha aumentar desde que ela o conheceu. Eu estava reconsiderando? Estava. Eu era louca por isso? Talvez. Os dois juntos me deixavam molenga e era quase impossível resistir ao vê-los juntos na minha frente. Apesar de tudo, não posso negar que visualizei essa imagem, que desejei essa união, esse carinho de pai e filha, por muito tempo.
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Sempre foi Você
RomanceAnastásia Steele e Christian Grey passaram a ser vizinhos há pouco tempo, estudam na mesma escola e fazem o último ano da escola juntos. Eles tem uma certa implicância e "ódio" um pelo outro desde que se conheceram, mas isso muda com o passar do te...