Anastásia
As ruas, as pessoas, as árvores iam passando em vultos aosolhos de Ana na janela do táxi, sua mente vagava, porém com umrumo, com uma decisão prestes a ser coloca da em prática. Ela achou que não chegaria à isso, afinal, quando botou os pés dentrodo avião destinado à Seattle, nem ao menos considerava tal ideia, que era absurda, impossível de acontecer se dependesse de si mesma. Ao que parece as coisas mudam quando você menosespera, pois lá estava ela, indo fazer algo definitivo, algo queafetaria toda sua vida, e principalmente sua filha, a maisimportante de toda essa história.
Após escutar conselhos daspessoas mais próximas, as quais apenas lhe desejavam bem, e consultar a velha amiga, a antiga Ana, a qual não era amarga enem ressentida com o passado, acabou percebendo o que estava fazendo.
Eram tantos ferimentos, tanta mágoa guardada, que a mulher requeria todos os recursos possíveis, tudo que estivesse ao seu alcance para nunca mais passar pelo mesmo tormento novamente. Alguns costumam ter medo de altura, outros de escuro. Algunscostumam ter pavor de aviões, outros de aranhas. E Ana? Eu apenas tinha um único e apavorante medo, o medo de ser machucada novamente. Foram tantas vezes, e se reergueu em todas elas, mas cansou. Seu coração ficou exausto e tão estraçalhado que era quase impossível juntar os pequenos pedacinhos. Era como se o cansaço fosse físico e mental, já não tinha forças para absorver as coisas, para desculpar e ser tão relevante.
A dor começou anos atrás, mas tinha vivido com ela portanto tempo que nesse ponto já havia aceitado isso como umaparte inevitável de si. Por isso, suas dores não poderiam serjulgadas, entretanto, elas eram suas e somente suas. Depois de inúmeros avisos não escutados, ela finalmente entendeu onde estava errando. Ao perceber que aquela pessoa, aquela tão temida pessoa que lhe feriu, estaria com intenções de voltar para suavida, o medo retornou e ela se apavorou, bloqueando qualquer idéia que levaria ao seu encontro. Acreditou que o melhor seria mantê-lo o máximo afastado, especialmente de sua filha, com o objetivo de protegê-la, porém ela queria, no fundo, proteger a si mesma e aumentar as possibilidades de não ser quebrada ao meiomais uma vez.
Mesmo não admitindo, ela conhecia Christian, se ele ainda fosse o mesmo não teria intenção de ferir uma criança, não propositalmente. Só porque ela não teve mais chances com Christian e foi tratada horrivelmente, não quer dizer que o mesmo aconteceria com sua filha. Ágatha merecia e precisava de um pai. Ela o tinha ali, ao lado, com a vontade de recuperar o tempo perdido, então era injusto privá-la disso.
Na noite passada, Ana sentiu a dor na voz da filha e aquilo balançou seu emocional como sempre fazia. "Eusó queria conhecer ele um dia, só um pouquinho", disse ela cabisbaixa, como se já tivesse começando a aceitar o fato de não conhecê-lo, mas ainda tentasse uma vez ou outra convencer a mãe. O jeitinho que ela disse as palavras cau sou um grande e insuportável aperto no peito de Ana, fazendo com que ela reconsiderasse e ficasse na dúvida se realmente estava fazendo o certo por sua menina.
Desceu do carro e pagou o motorista, olhando para o apartamento que esteve no dia anterior. Suspirou fundo e repetiu a si mesma que aquilo era o correto, o justo, o melhor para sua filha. Em sua mente, ela repetia silenciosamente e sem parar que ela não estava fazendo isso por ninguém, nem pelos outros, nem por Christian, nem mesmo por si mesma, ninguém além de Ágatha.
Aoentrar no prédio, o coração começou a bater rapidamente, o quenão foi nenhuma surpresa. Sua passagem foi logo liberada assim que o porteiro a reconheceu de ontem, disse que não era necessário avisar o Sr. Grey, pois ele havia deixado claro que a mulher bonita de cabelos castanhos poderia subir a hora que for. Ana ficou vermelha e assentiu, pegando o elevador e indo em direção ao local. Ao ver o número específico e a porta fechada, suas pernas quase a traíram e ela quase voltou atrás, porém pensou melhor, focou no quanto sua menina ficaria feliz com sua decisão. No quanto ela a agradeceria mais tarde, lá na frente, quando entendesse a situação que passara. Tocou acampainha e esperou.
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Sempre foi Você
RomanceAnastásia Steele e Christian Grey passaram a ser vizinhos há pouco tempo, estudam na mesma escola e fazem o último ano da escola juntos. Eles tem uma certa implicância e "ódio" um pelo outro desde que se conheceram, mas isso muda com o passar do te...