Dentro do castelo, tudo era muito escuro e cheirava a cereja silvestres, não um cheiro doce e contagiante, mas um cheiro podre e amargo, tanto quanto fél.
A mulher se virou para os dois irmãos que olhavam em volta encantados.
- Vocês querem comer primeiro? Ou preferem se ajeitarem em um dos quartos? Se preferirem comer, a cozinha fica naquela direção - disse apontando para um corredor comprido e escuro -, agora se preferirem se deitar, os quartos ficam lá em cima - apontou para as escadas -, subam e descansem, mas não esqueçam de fechar as janelas, elas não podem ficar abertas.
- Não vai nos levar no quarto?
- Não, é melhor se eu não souber onde vocês vão ficar.Sua voz foi seca e assustadora, ela lhes deu as costas e sumiu pela escuridão enquanto uma raio despencava do céu, fazendo Winifred se assustar e agarrar o braço do irmão.
Eles subiram, lado a lado e entraram em quartos aleatórios, cada um deles era diferente em si, com decorações diferentes, cortinas e camas diferentes, pinturas diferentes, tudo. Estavam curiosos para explorar o lugar, mas a lembrança de Vespera lhes assombrou a mente e entraram em um quarto mais simples, onde haviam duas camas, lado a lado.
Depois de arrumarem tudo, desceram até a cozinha. Se perderam no caminho, mas conseguiram chegar. E lá a mesa estava farta, com pães e queijos, vinhos, frutas, bolos, doces, tudo o que gostavam de comer mas não comiam porque era caro.
Se esbaldaram e comeram até o estômago doer. Quando já estavam satisfeitos, a comida simplesmente evaporou do tampo da mesa de carvalho escuro. Aquilo os deixou assustados e surpresos.
Mas um sono terrível lhes acometeu e subiram para o quarto.Winifred acordou muito tempo depois com a chuva ainda caindo. Cambaleante, andou até a janela, abriu a janela e viu Vespera do lado de fora, o quarto ficava muito no alto, mas com toda a certeza era ela, com os cabelos excêntricos molhados pela chuva que caia.
Ela dançava sozinha, olhando para o grande muro verde do labirinto, estava na entrada dele e parecia muito feliz. Uma vontade imensa de descer e entrar no arbusto verde percorreu Winifred, mas Wade pegou em seu braço e disse:
- Esqueceu-se que as janelas devem ficar fechadas? Ela nos deu pouso e comida mas não confio nela. Volte a dormir Winnie.A garota engoliu em seco, deu uma ultima olhada para fora, mas Vespera não estava mais lá.
Um raio iluminou o quarto e Vespera estava na porta, encharcada e com um olhar faminto no rosto.
- Querem brincar comigo?
Ela sorriu.Do lado de fora, na chuva, os três olhavam para o labirinto verde e asqueroso. Eles estavam de pijamas e estavam ensopados. A chuva parecia ter amenizado mas os raios e trovões ainda continuavam e preenchiam o ar com sons assustadores que ecoavam pela colina.
Winifred e Wade respiraram fundo antes de entrar no labirinto, que tinha o chão recoberto por folhas, lesmas e sapos, grilos e formigas. Eles deram uma última olhava para Vespera parada na entrada.
-Tomem cuidado, as paredes gostam de brincar.
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contos da meia noite
Mystery / ThrillerUma série de contos, não de terror, mas que fazer a mente voar alto. Nem sempre a realidade vem a calhar. Vocês acham que real e sobrenatural estão conectados? Não são histórias longas, para que sejam lidas com fluidez e compreensão, algumas até p...