Cômodos à beira mar 1

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Astoria estava sentada atrás do balcão, foleando um velho caderno de desenhos que pertencera ao seu pai. Ele fora um ótimo desenhista, pinturas de quadros e esboços que se confundiam facilmente com obras finalizadas. Ele se fora muito cedo, junto com a mãe de Astoria. Por muito tempo a jovem se manteve em silêncio e luto, mas viver daquele jeito não era para ela. Assumiu a hospedagem do pai, à beira mar, e consolidou ali uma vida feliz e calma, como gostava.
Naquela suave manhã não esperava por ninguém quando a porta estremeceu com batidas pesadas. Relutou em se levantar da cadeira e se dirigir a porta. A porta ainda estremecia com batidas quando foi aberta, relevando um pálido rapaz a sua frente. Ele parecia desnutrido ao mesmo tempo que parecia forte e pungente. Astoria deu passagem ao rapaz que juntou duas malas e entrou. O dia estava quente e ele usava roupas pretas e pesadas.
- Eu gostaria de fazer o check-in.
- Claro, por aqui. - Astoria se dirigiu ao balcão e ele a acompanhou. Abrindo uma das muitas gavetas, a mulher tirou um caderno puido e o abriu quase na metade. Juntando um tinteiro ao lado olhou o rapaz que estava estudando cada movimento seu.
- Seu nome, querido.
- Alexandre Solace.
- Quanto tempo pretende ficar?
- Um mês talvez.
Astoria anotava com precisão e caligrafia digna de rainha. Os olhos frios de Alexandre não deixavam as mãos da mulher que já começa a se sentir incomodada.
- Tudo bem - disse se virando- deixe me ver...- ela olhava uma placa de pregos onde mais de dez chaves estavam penduradas. Ela olhou e pensou uns instantes, por fim pegou a chave de número oito. Com um sorriso amigável no rosto ela saiu de trás do balcão e pediu para o rapaz a acompanhar. Eles subiram as escadas em espiral até um corredor bem iluminado. Enquanto andavam Astoria disse:
- Bem, talvez você se pergunte por que não peguei a primeira chave. Bem, meu pai acreditava no significado das cores, já eu acredito nas cores da áurea ou cores que as pessoas exalam. No entanto não são todas as pessoas que exalam cores assim. E você, meu caro Alexandre - Astoria abriu a porta e empurrou Alexandre para dentro - Você é azul celestial. Espero que goste daqui. O café da manhã é às oito horas, mas se quiser posso te trazer algo para comer.
- Não obrigado. Eu agradeço muito mas não estou com fome.
- Tudo bem, o almoço sai ao meio dia. Três horas temos chá da tarde e às dezenove horas jantar seguido de sobremesa. Fique à vontade para andar por aí. Com licença.
Astoria sorriu, fechou a porta atrás de si e voltou para seu posto deixando Alexandre sozinho.

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