Capítulo 1: Herdeira da noite

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Finalmente retornava para casa após uma longa temporada longe, vindo de Neptune, a vila que abrigava o centro de treinamento do reino noturno. Todos os membros da minha família, incluindo eu, haviam passado por intensos treinamentos lá. Como a caçula de três irmãos, estava prestes a completar meu centésimo aniversário, marcando minha entrada oficial na vida adulta. Em comemoração a esse marco significativo, meus pais estavam organizando uma grande festa.

Neptune encontrava-se nas proximidades de Luaria, a sede do reino e o lugar que chamávamos de lar. A distância entre as duas era superável em apenas alguns segundos atravessando um portal, uma habilidade que agora eu dominava completamente. Tomando coragem, criei um portal em questão de segundos e o atravessei, ansiosa para reencontrar minha família e participar das celebrações que estavam por vir.

Ao pensar no meu quarto, instantaneamente me vi lá. Um suspiro de alívio escapou dos meus lábios ao constatar que nada havia mudado desde a última vez que estivera ali. A familiaridade do ambiente trouxe um sorriso ao meu rosto, e, animada, dirigi-me em direção à porta para ver se encontrava alguém. A casa estava impregnada de movimento, com elfos transitando por todos os lados. Seus olhares surpresos eram seguidos por reverências respeitosas, aguardando que eu passasse formalmente pela porta principal da residência.

Com um sorriso nos lábios, percorri animadamente os corredores da ampla mansão até alcançar a sala onde as refeições eram realizadas. O aroma convidativo do almoço pairava no ar, e eu sabia que encontraria minha família reunida lá. A antecipação e alegria pelo reencontro pulsavam em meu peito enquanto me aproximava de minha família.

— Bem que eu senti um cheiro de cavalo molhado. — Meu irmão mais velho, Arche, comentou antes mesmo de eu chegar à sala. Ri e me aproximei da minha família que me esperava.

— Senti saudades também, Arche. — Disse, encarando-o rapidamente, e logo me virei para meus pais que sorriam. — Oi. — Sorri para eles.

— Ainar, que bom ver você, minha querida. Senti saudades. — Minha mãe foi até mim e me abraçou sorridente. — Achei que viria mais tarde. — Falou.

— Eu também. — Confessei, o que de fato era verdade.

— Que bom que voltou para casa, Ainar. — Meu pai sorriu rapidamente e permaneceu sentado em sua cadeira grandiosa. Ele não era a melhor pessoa do mundo em demonstrar sentimentos ou afetos, mas eu entendia por que também era assim.

— Senti saudades, irmãzinha. — Aitne, o segundo irmão mais velho, sorriu para mim.

— É bom estar de volta. — Sorri e me sentei ao lado de Aitne. — Então, como estão as coisas aqui? — Perguntei.

— A mesma coisa de sempre. — Arche disse entediado.

— Nem mesmo uma briguinha entre reinos para animar essa década. — Aitne disse também decepcionado.

— Tudo está em paz como esteve nos últimos cento e cinquenta anos. — Meu pai respondeu calmo.

— O que é ótimo, pois o centésimo aniversário de Ainar está chegando e eu não quero que nada atrapalhe esse momento. — Minha mãe disse animada.

— Então, Ainar, está pronta para enfrentar o seu primeiro desejo animalesco que vai acontecer logo após o seu aniversário? — Aitne perguntou rindo.

Fazia parte da ordem natural da vida que, em algum momento, nós começássemos a desejar outras pessoas de maneira carnal. Sexo, era o que eu queria dizer. Isso acontecia no momento em que adentrássemos a vida adulta, um momento importante na vida de qualquer elfo. A semana que se sucedia ao aniversário centenário de qualquer um poderia nos levar à loucura se não cedêssemos ao desejo de ter alguém.

Reinos: A Jornada de AinarOnde histórias criam vida. Descubra agora