Foi no terceiro dia que senti o Dante com febre, eu acordei e ele tava junto a mim suando e tremendo, me movi com cuidado, rasguei um pedaço da roupa que eu usava, tentando fazer uma compressa para amenizar a temperatura alta.
Ele acordou depois de um tempo, pálido, mais menos quente, a febre parecia ter dado uma trégua.
— Como está se sentindo?— perguntei assim que senti seus olhos em mim.
Eu estava finalmente dando atenção ao meu ferimento, que agora limpo, parecia bem melhor do que eu esperava.
— Cansado.— ele respondeu simplesmente.
— Você estava com febre quando acordei, acho que a temperatura baixou, mais você tem um hematoma feio na barriga.— disse o analisando.
— Eu me sinto bem, dói um pouco, nada com que se preocupar, só estou cansado. Mia, eu cuido de você ok?— disse me tranquilizando.
Eu o respondi, acreditei em suas palavras, ele parecia melhor, mais mesmo assim insisti que ficasse deitado por algum tempo, enquanto eu procurava alguma coisa, para comer. Era impossível não ter frutas aqui.
Eu encontrei depois de um tempo, algumas bananas, e com o pedaço de metal afiado, uma madeira e um pedaço de vestido eu tinha feito uma lança, bem vagabunda por sinal, mais que me rendeu um peixe. Já era alguma coisa.
Voltei para o abrigo, Dante dormia. Juntei as palhas novamente e recomecei o trabalho do dia anterior. Já era começo da noite, quando consegui fazer a pequena chama surgir.
Dante acordou com meus gritos de felicidade, já que o fogo finalmente se fez firme, assei o peixe como deu, e dei para Dante, que precisava mais que eu. Comi banana, e tomamos, mas alguns goles de água de coco.
Prometi me manter firme e manter o fogo acesso, e assim foi por boa parte da noite, eu cochilava de tempo em tempo, mas acordava e mantinha o fogo aceso. Durante a madrugada, o vento se tornou intenso, e a chuva chegou com tudo, levando embora toda minha animação com o fogo. Ele se apagou tao rápido que nem parecia real.
Eu agi o mais rápido que consegui, peguei alguns dos cocos abertos, e os coloquei pra cima a fim de coletar água. Esperei que desse certo. Chequei Dante uma última vez, a febre tinha voltado. E depois de tudo, desse tempo que passou, eu finalmente chorei, por tudo que tava acontecendo.