Capítulo 2

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Tocou para sair, dei-lhe o meu número e nós marcamos de nos encontrar em minha casa às 17:00.

...

Eram 16:55, quando ouvi a campainha do meu prédio a tocar, deduzi que fosse o Jimin, então fui até à porta, olhei pelo olho mágico e abri-lhe a porta.

- Oiiiii.- digo animado.- Entra.

Dou lhe espaço, e ele entra sem falar nada.

- Bem, vamos fazer o trabalho no meu quarto, pode ser?

- Onde quiseres. Só quero terminar este trabalho logo.

- Ok.

Vamos em direção ao meu quarto e preparamos tudo para começarmos o trabalho.

...

Estávamos quase a terminar o trabalho, quando a barriga do Jimin ronca e ele fica tímido, então digo:

- Deves estar com fome. Vem vamos comer.- digo, levantando-me.

Seguimos em direção à cozinha, e pergunto-lhe:

- O que te apetece comer?

- Qualquer coisa. O que comeres eu como.

- Eu ia comer uma sandes, mas não precisas de comer a mesma coisa.

- Pode ser uma sandes também.

- Hm, tá bem.

Enquanto estou a preparar as nossas sandes, sinto o Jimin a olhar para mim.

- Porque é que estás a olhar?- pergunto.

- Porque é que estás a tentar ser meu amigo? Sabes que não precisas de fazer isso né?

Entrego-lhe a sandes e digo:

- Eu sei, mas eu quero ser teu amigo. Não conheço ninguém da nossa escola e tu pareces ser divertido.

- Vais me achar estranho como os outros.

- Não vou nada. 

- Tu sabes que eu sou...

Ele não termina a frase e começa a ficar nervoso. Mas eu acho que sei o que ele quer dizer.

- Gay?

- S-sim.- diz cabisbaixo. 

- E qual é o problema? Só por seres gay eu não vou deixar de ser teu amigo. Não sou como os outros.

Ele não diz nada, simplesmente olha para mim com os olhos um pouco vermelhos, como se estivesse prestes a chorar.

Levanto-me, vou até ele e dou-lhe um abraço. Ele não retribui o abraço.

- Eu vou te proteger dos outros, ok? Não vou deixar que te façam mal.

Ele começa a chorar e retribui o meu abraço. Ele estava a começar a abrir-se mais para mim.

Ficamos naquela posição durante um tempo, até que ouvimos o seu telemóvel a tocar. 

Ele afastou-se de mim e tirou o telemóvel do bolso. Na tela estava escrito "Pai". 

Ele desligou o telemóvel, meteu-o no bolso e limpou as lágrimas.

- Não vais atender?- pergunto, não queria me meter na vida dele, mas do nada a pergunta saiu-me da boca.

- Não. Vamos acabar o trabalho ok?- diz, parecia que queria mudar de assunto.

- Ok.

...

Terminamos o trabalho e já eram 19:30.

- Acho melhor ir.- diz

- Hm, ok.

Não queria que ele fosse embora. 

- Os teus pais devem estar a chegar e eu não quero incomodar.

- Eu não vivo com os meus pais.- digo, e começo a ficar triste ao tocar nesse assunto.

- Ah.- ele faz uma pausa.- Está tudo bem? Pareces triste. 

- Os meus pais morreram num acidente. Eu vivo com o meu irmão mais novo, ele hoje não tá, foi dormir a casa de uma amigo.

- Desculpa, eu não sabia.

- Não faz mal. Mudando de assunto, agora que somos amigos vais puder vir aqui mais vezes.- sorrio.

- Não disse que eramos amigos.

Fico com uma cara desanimada ele ri-se e diz:

- Estou a brincar. Mas se me magoares como os outros, nunca te vou perdoar.

- Prometo nunca te magoar. Como disse antes, vou te proteger.


O rapaz estranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora