Mentiras - VegasPete

14 - Dor

Algumas vezes tememos o "desconhecido" por vários fatores, sendo trauma o maior deles. O receio de tentar de novo te faz hesitar, o medo de se decepcionar ou se machucar te faz se acovardar, mas o que realmente te impede de avançar é voce mesmo contra si.

Não tema insistir em tentar, tema não se permitir renascer quando o Sol está em todas as suas manhãs te mostrando que apesar de uma madrugada tenebrosa e fria em meio a chuva e trovões, ele resurge brilhante ou nublado e ainda assim, renasce.

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ALERTA DE GATILHO PARA TENTATIVA DE SUICIDIO

--- Há Três Anos Atrás ---

Há alguns meses atrás minha mãe retornou para minha vida. Eu achei que nunca mais a veria de novo.

No exato momento em que abri minha porta e a vi de pé senti meu coração explodir. Foram tantas emoções inexplicáveis, porém tão sentidas...

Embora eu tenha perdido contato com ela aos meus seis anos, quando fui levado para o orfanato, após aquela tragédia, tal qual, não me lembro muito bem, mas sei que foi onde tudo mudou eu nunca esqueceria seu rosto, pois é como olhar a mim mesmo.

Mamãe me contou sobre sua doença e eu prometi que estaria ao seu lado sempre. Também me disse que eu assumiria seus gastos como forma de no mínino quitar o sofrimento que lhe causei quando matei seu filho Venice, meu irmão gêmio.

Lutei muito para conciliar minha faculdade de arquitetura, trabalhos e seu tratamento.

Agora estou aqui, andando sobre essas ruas me sentindo tão perdido e imerso em meus sentimentos. Acabei de ser expulso da sala onde mamãe está internada a pedido da mesma.

Ela foi cruel em cada palavra e eu não a culpo. De repente é como se o mundo se calasse apenas dando voz aos meus pensamentos.

Vejo pessoas andando seguindo seus caminhos, uns tristes, outros com raiva e alguns até mesmo sorrindo. Foi quando o vi.

Ele estava cercado por seguranças acenando para algumas pessoas que tiravam foto dele.

Seu sorriso era como um imã atraindo meus olhos para sua boca delineada e rosa com seus dentes brancos e alinhados, perfeitamente escupida. As covinhas perfeitamente alinhadas.

Sua alegria tão convidativa quanto sua beleza. Estou vendo um anjo... Ele brilha como um.

Sua vida me fez perceber que a minha já não estava aqui dentro, talvez pelo peso da culpa, do medo, da raiva por não lembrar, pela angústia de sentir o que não consigo decifrar, o vazio do abandono e a dor de ser renegado. Por que ainda vivo, afinal se eu tirei a vida de alguém que eu amava, também posso tirar a minha, certo?...

O sentimento sufocante por cogitar essa ideia me fez tomar coragem para realiza-la.

Passei por ele e por todos que junto dele estavam, fechei os olhos, mas antes conferindo o semáforo no verde, caminhei até a faixa de pedestres torcendo que algum daqueles veículos que corriam apressadamente, pudessem me jogar para o outro lado da vida. Diretamente para a morte.

A cada passo dado minha mente me faz sentir zonzo. O som do mundo voltou e ao mesmo tempo paralisou.

Eu não aguento mais.

Ouvi as buzinas dos carros e o som do vento rápido soprando em minha pele. Senti mãos quentes envolvendo meu corpo me um aperto me fazendo colidir com o chão.