Capítulo 10 "Casa"

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— Edson —

Ele deixou bem claro algumas coisas nessa frase, uma eu era bem-vindo naquela casa, duas ele queria me interrogar mais, e três o sofá, acho que se explica por si só. Mas eu não iria pedir para dormir com Emmye. Muito menos pretendia ficar ali, só que eu não achava uma má ideia dormir ali, afinal poderia a ver mais cedo.

Quando eu percebi o que estava acontecendo, eu já estava sentado em uma cadeira na mesa redonda que eles tinham como de jantar, nunca entendi algumas coisas, mas naquele momento, em meio ao meu desconforto, eu entendi o que estava me deixando ainda mais apreensivo. Eu estava com vergonha da minha própria riqueza, afinal, ok, eu sempre fui muito, muito rico mesmo, por causa dos meus pais. Não que ser rico fosse uma vergonha, mas demonstrar isso eu sentia que era. Emmye sabia o quão rico minha família era, e ainda é, mas eu tinha medo de constrangê-la justamente por causa disso.

Enfim, respirei fundo e tentei manter uma conversa amigável e estável. Mas tristemente, o pai dela se sentou com a gente para comer e não saiu dali, não fez perguntas tão constrangedoras, mas eu não aguentava mais aquelas perguntas. Eu queria me esconder, a única coisa que me mantinha ali era ficar observando a beleza de Emmye, e adorava quando ela resolvia que era uma boa hora para falar alguma coisa.

Eu fiquei lá até que meus bocejos foram impossíveis de disfarçar.

— Acho que está na hora de encerrarmos nossa conversa — o pai dela disse, nunca pensei que ficaria tão feliz em acabar uma confraternização como essa, ainda mais com alguém de extrema importância para mim. Mas eu estava acabado, ainda que fosse cedo, a viagem tinha sido longa. — Fique à vontade para dormir aqui na sala, nossa casa está à sua disposição.

— Muito obrigado pela oferta, mas receio que devo recusar, não quero atrapalhar o dia a dia de vocês, e não quero abusar da hospitalidade.

— Se você assim deseja, meu rapaz, tudo bem, não se esqueça de passar aqui amanhã. Emmye leve o rapaz até a porta.

O pai dela subiu as escadas, finalmente nos deixando sozinhos.

— Você fez bem em recusar, dormir nesse sofá é pedir para acordar com dor nas costas, e ele só estava tentando parecer educado, quando queria ser grosseiro.

— Mesmo assim, foi tentador, poder ver você logo cedo me agradou muito, mas achei melhor não abusar da sorte. Acabei de conhecer o seu pai.

— Eu fico feliz que você tenha conseguido sobreviver ao interrogatório dele.

— Foi realmente extensivo, quase achei que ele passaria a noite inteira nesse interrogatório — eu dei um risinho.

— Isso era muito possível de acontecer, ainda bem que você começou a bocejar, nem eu consigo cortar meu pai facilmente.

Fomos caminhando devagar até a porta, então ela me parou, puxou minha mão para ela e eu deixei sem problemas. Mas ela só fez isso para me parar.

— Ainda não acredito que você veio até aqui. É tão longe.

— A distância é um mero obstáculo a se percorrer quando me vejo perto de você.

Estávamos na porta, então eu toquei sua bochecha, ela sempre foi tão linda, eu não conseguia ver mais nada além dela, eu entendi naquele momento que podia aparecer na minha frente a mulher mais bonita do mundo e eu a acharia feia, porque para mim eu já tinha encontrado a mais bonita do mundo e era aquela bem ali na minha frente. Ela fechou os olhos com meu toque em sua bochecha, então cedi, fui perdendo altura e, quando percebi, meus lábios encostaram nos dela. Meus olhos completamente fechados. Quando soltamos do beijo, eu disse:

Mil Estrelas de DistânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora