Procrastinar

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Início das aulas da tarde. Estudantes e professores se organizavam para dar começo a mais uma série de palestras. Esta semana foi preenchida por horários de revisões devido à aproximação das provas. Por ser o primeiro período de avaliações do ano, havia tensões e expectativas espalhadas pela atmosfera da escola, principalmente para o terceiro ano. Apenas esses dois últimos fatores citados são o suficiente para um aluno do último ano escolar dar o seu máximo nos cursos e garantir-se nas matérias. Porém, para Nagi, ambos tópicos contribuem para a sua onda de desânimo, ocasionando em um sentimento preguiçoso.

Seishiro Nagi, adolescente à flor da idade. Típico jovem que está alheio a quaisquer tipos de assuntos importantes ou que possuem certos níveis de seriedade. O garoto sabia que o seu comportamento poderia comprometê-lo futuramente, mas como as coisas sempre desenrolavam no final com o seu jeitinho improvisado, não via problemas em procrastinar as coisas.

O pedagogo de matemática atravessou a porta da sala e cumprimentou os alunos. Nagi definitivamente não estava com saco para assistir uma aula tão trabalhosa. Ele sentiu os olhos pesarem e cogitou em debruçar-se sobre a banca para cochilar, contudo, voltou atrás ao receber um olhar feio do seu namorado, que está sentado na banca ao lado. Reo conhece a peça que Seishiro é, portanto, acostumou-se com a mania procrastinadora do menino. Além do mais, Mikage pegava com constância no pé do rapaz, incentivando-o a largar sua cultura de empurrar tudo com a barriga até o último segundo. No momento, o menino de cabelos grisalhos concordava com o companheiro e afirmava que mudaria suas atitudes. No outro dia, Nagi gazeava aulas para jogar em seu game boy no banheiro ou dormia durante elas.

Passou-se um bom tempo desde que o docente abriu a classe e começou a utilizar o quadro negro. Diversas equações e outras coisas monstruosas construídas por números, letras e símbolos gregos estranhos foram construindo a base do assunto. A mente de Nagi não acompanhou nada disso. Seus olhos ardiam só de ver aquilo. De praxe, sentiu-se entediado. Sequer notou quando a voz grave do palestrante ficara tão abafada e a sala, silenciosa. As pálpebras de Seishiro queriam se fechar sozinhas, e o garoto não fizera nada para contestar. Rendeu-se ao sono até ser acordado subitamente por uma colisão no topo da sua cabeça. Ele imaginou ser o docente irritado com o seu rolo de papel, acordando Nagi com uma leve batida na nuca por adormecer durante a aula mais uma vez. Instintivamente, levantou-se da cadeira e exclamou a primeira coisa vinculada à exatas que veio à sua mente.

O vexame que o garoto passou na frente de toda a sala não teve precedentes. Ele dormira por duas aulas inteiras, sequer percebeu que desmaiou desta forma. O professor de história resmungou sobre o ocorrido por quase todo o restante do horário de aula. Ao seu lado, a risada baixa de Reo o denunciava da responsabilidade da situação. Nagi não poderia sentir raiva do namorado, pois nem direito para isso ele tem e reconhece isso.

O fim de semana rapidamente chegou. Uma pilha de atividades e revisões trazidas da escola estava espalhada pelo quarto bagunçado do Seishiro. Durante mais uma conversa que tivera com Reo, o herdeiro da corporação Mikage tentou orientá-lo mais uma vez, aconselhando a estudar pelo menos no final de semana para sair-se bem nas provas. Mas a nova atualização de League of Legends estava tão interessante que o garoto decidiu deixar os estudos para depois. No sábado, ele aproveitou a maior parte do seu dia para subir de elo. Enquanto no domingo, um dia antes das avaliações, Nagi cansou-se devido à maratona de ranqueadas no dia anterior e deu preferência à sua cama, prorrogando seus afazeres novamente.

— Parece que saiu o ranking dos resultados das provas. – Comentou Reo. – Vamos lá ver.

Nagi assentiu, bocejando. É quarta-feira. Ele não entedia a agitação por trás de um dia tão tedioso que marca a metade da semana. O corredor estava mais lotado que o costume devido ao placar gigantesco que puseram na parede. Junto a Reo, Nagi juntou-se aos alunos curiosos e observou o topo da lista.

— Caramba, Reo, você é incrível. Ficou em primeiro lugar. – Elogiou, satisfeito pelo companheiro.

Em contradição a uma reação esperada de uma pessoa que ficara no topo da escola, Reo possuia uma feição estranha no rosto. O garoto de cabelos arroxeados espreitou os olhos, como se quisesse enxergar algo a longa distância e arqueou uma sobrancelha.

— Não. Você que é incrível por ter ficado em segundo. – Suspirou.

Nagi agiu indiferente mesmo com as altas pontuações nas matérias. Afinal, ele sempre dava um jeito no final para esses tipos de coisas. Mesmo que a sua solução seja esperar até o último segundo para agir e prosseguir retardando os seus compromissos.











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