Capítulo 3 - Desconhecido

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— Já lhe disse, eu quero ficar sozinha, isso não é pedir muito. Por uma vez na vida você poderia não ser intrometida e fazer o que eu peço?

Pediu à mulher cansada das visitas periódicas da melhor amiga, que insistia em ficar o maior tempo ao seu lado, apesar dos inúmeros pedidos para ficar só, —excluindo o dia de sua pequena crise de alguns dias—havia estado em sua maior parte do tempo dormindo por conta dos remédios ou em silêncio.

— Isso é novo, jamais na minha vida fui comparado a uma mulher. Sinto lhe informar que não sou a Yvy—Disse o homem.

Há muito já não se viam, nem sabia precisar o quanto, mas pelas informações de Young ele via que realmente a amiga de infância não estava nada bem, lhe parecia estar em um estado deplorável — algo muito distante a garota por quem um dia havia nutrido uma paixão infantil e unilateral.

— Então, você é a minha nova babá? Não ficou satisfeito em mandar a Yvy para me vigiar, então veio ver por conta própria? Acredito que ela não tenha feito um bom relatório ao meu respeito para fazer você se deslocar até aqui, Noan. Pensei que teria mais responsabilidades sendo o novo diretor do hospital, não sabia que te sobrava tanto tempo disponível assim para visitas particulares.

— Sempre reservo meu tempo aos amigos, Hope.

Disse ameno, procurando o olhar da jovem mulher, não encontrando sequer uma sombra de quem ela havia sido um dia.

— Olha, se veio me dar alguma lição de moral, ou tentar uma intervenção, eu dispenso.

— Não, na verdade, eu vim aqui para te ver, eu sinto sua falta.

— Como pode ver, estou ótima, não há nada para se preocupar. Agradeço a visita, mas se puder eu gostaria de ficar sozinha, e já que aqui é seu hospital eu creio que não precise te dizer onde é a saída, certo? Eu estou cansada, a droga do soro e dos remédios me deixam enjoada, gostaria de dormir um pouco e seria enormemente grata se me deixasse fazer isso.

— Eu disse que viria vê-la, mas claro não vim informalmente somente, mas em cunho profissional também. O que aconteceu recentemente é inadmissível e por isso...

— Veio me dar minha carta de demissão?

— Não, eu vim te dar uma opção. Eu preciso da sua ajuda, na verdade, em um caso.

Ela não pode evitar rir, balançando a cabeça. Um riso engasgado, com a voz rouca e fraca.

— Olha, eu não sei se você sabe, mas meio que eu não sou mais elegível a consultas como meu bom colega de RH disse: "está terminantemente afastada dos seus deveres correlacionados a qualquer operação, e relação adjunta a equipe médica do Equal Health Solutions", então meu caro não poderei te prestar nenhuma ajuda. Eu tenho certeza que tem uma lista abastada de médicos a sua disposição, que poderão te auxiliar em qualquer assunto que for e que se sentirão extremamente satisfeitos em ajudá-lo para ganhar pontos com o chefe.

— Hope, eu não traria a luz esse problema se não, fosse algo tão grave assim, eu preciso realmente de sua ajuda.

— E o que seu pai tem a dizer sobre isso? Ele mesmo foi um dos que atestou e assinou o meu afastamento, tenho plena convicção que ele jamais concordaria, e nisso temos um ponto em comum.

— Nós conversamos, na verdade, e ele acha que pode ser algo de mútua ajuda. Hope tem de ser razoável, é um caso delicado em que uma vida está em risco, se aceitar irá ser como um suporte, não precisará consultar nenhum paciente, será mais hábil na pesquisa do caso e o acompanhamento somente.

— Eu não sou uma enfermeira, babá ou pesquisadora e nem me importo realmente. Peça a outra pessoa.

— Eu posso, e possivelmente seria melhor, mas caso eu faça, bom, por conta do estado que chegou aqui, creio que eu e o Rh chegamos a um acordo que para não chegarmos a um resultado pior temos que buscar uma solução para o seu caso.

Desabrochar do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora